Artigo - A importância do controle de qualidade de sementes
Os técnicos da Epagri/Cepa, responsáveis pelo acompanhamento das principais culturas de Santa Catarina, informam que os fatores climáticos adversos ocorridos nos últimos meses, como excesso de chuvas, variação brusca de temperatura, excesso de umidade e baixo índice de insolação, dificultaram o preparo de solo e plantio e o desenvolvimento das lavouras de verão. Nas culturas de inverno as intempéries interferiram mais na colheita e na qualidade dos produtos.
Os técnicos destacam que este novo levantamento, mais uma vez, não é definitivo, pois nas regiões mais problemáticas há dificuldade de acesso e de comunicação. No dia 1º de dezembro último aconteceu uma reunião envolvendo representantes de órgãos públicos federais e estaduais, dos produtores e das entidades de crédito que definiram que se faça um levantamento pormenorizado das perdas por município, já que as situações são bastante diferenciadas. “Este levantamento deverá estar concluído até o próximo dia 10 de dezembro”, confirma o chefe do Centro de Socioeconomia da Epagri, Airtor Spies.
Segue uma síntese da situação das principais lavouras em desenvolvimento nas diversas regiões produtoras no dia 1º de dezembro de 2008.
Fumo
A região mais atingida pelo excesso de chuvas representa 30% da produção estadual. Até o presente momento constatou-se no estado a perda de 14%.
As microrregiões geográficas mais atingidas foram: Blumenau e Itajaí, com perdas de 30%, seguidas por Joinville, com 25% e Criciúma, com 24%.
O fumo de modo geral não foi comprometido somente pelo excesso de chuvas dos últimos dias. As perdas são cumulativas e decorrentes das insistentes chuvas e também pela falta de luminosidade. Por conta disso, a cultura não se desenvolveu como esperado e sua qualidade está comprometida (fumo muito leve, com poucas folhas). Parte da cultura em desenvolvimento vegetativo, ainda pode ser parcialmente recuperada, com tratos culturais e um reforço na adubação de cobertura.
Banana
De todos os produtos atingidos pelo excesso de chuvas, a banana é que está mais concentrada nessa área atingindo 99% da produção estadual.
Estima-se até o momento que a média estadual de perdas é de 14%.
As microrregiões mais prejudicadas foram: Blumenau e Itajaí, com 20% de perdas, seguidas pelas de Joinville e Tijucas, com 10%.
Os prejuízos foram causados por inundação da lavoura, arrancamento de plantas e impossibilidade de executar tratos culturais (aplicação de defensivos e perdas de fertilizantes).
Cebola
A região mais problemática em relação às chuvas ocorridas é responsável por 29% da produção catarinense de cebola.
A perda estadual média foi de 18%.
As microrregiões mais prejudicadas foram Blumenau, Ituporanga e Rio do Sul,com 25%, Tabuleiro e Tijucas, com 20% e Florianópolis, com 15%.
A parte colhida apresenta problema de qualidade (escurecimento do bulbo), porque a operação de limpeza está dificultada pelo excesso de umidade. Há casos de presença de “capitão” (florescimento no campo)
Arroz
A área mais atingida pelas chuvas concentra 90% da produção estadual de arroz.
Esse levantamento constatou para o estado uma perda média de 12%.
Os problemas nas áreas cultivadas são diferenciados, conforme a região, principalmente, considerando o estágio atual de desenvolvimento da cultura e a precipitação pluviométrica local. Por esses fatores a microrregiões geográficas mais prejudicadas são: Blumenau e Itajaí com 25%, seguidas por Joinville, com 20%.
Uma avaliação mais consistente poderá ser efetuada somente após o escoamento das águas. Cabe destacar que em alguns casos houve perda total da área plantada, e isso concretamente se constitui em prejuízo para o agricultor, mas, ainda existe a possibilidade de replantio das áreas, que em termo de safra reduz a quebra.
Batata
A área mais atingida pelas chuvas representa 23% da produção estadual de batata. As perdas médias do estado até o momento são de 9%. As microrregiões mais atingidas foram: Blumenau, Criciúma, Florianópolis, Tabuleiro, Tijucas e Tubarão, com perdas de 40%.
As perdas ocorridas devem-se à podridão de tubérculos devido ao acúmulo de água no solo. Os prejuízos aconteceram quando parte da produção já estava pronta para ser colhida. O produto que permaneceu no solo pode ter a qualidade afetada.
Mandioca
A região atingida equivale a 51% da produção estadual. Estima-se até o momento que houve uma perda média no estado de 7%. Destacam-se como regiões mais atingidas com 15% de perdas Blumenau, Itajaí, Joinville, Tabuleiro e Tijucas.
As perdas referem-se ao apodrecimento de raízes das lavouras plantadas mais cedo e do cultivo do ano passado, perdas de manivas recém plantadas nas áreas inundadas. Poderão acontecer replantios que podem ser dificultados pela escassez de manivas.
Milho
De modo geral o excesso de chuvas não causou prejuízo significativo à cultura. Nas regiões onde as chuvas foram mais intensas, a cultura é pouco expressiva, a área plantada de milho é de aproximadamente 5% da área cultivada no estado. A estimativa de perda média do estado é de 5%.
A microrregiões geográficas mais prejudicadas foram a de Blumenau, com 40%, a de Itajaí, com 30% e de Florianópolis, com 15%.
Nas regiões onde a milho é mais expressivo a plantio segue normalmente, com exceção da mesorregião Oeste Catarinense onde começa a haver falta de umidade para o plantio. Chuvas ocorridas no dia 02-12 amenizaram momentaneamente esse problema.
Trigo
O trigo não é cultivado na área mais atingida pelo excesso de chuva. O percentual de perdas chega a 5%, tendo estas ocorridas durante o desenvolvimento da cultura de inverno que se encontra em fase de colheita. As perdas ocorreram principalmente nas microrregiões de Canoinhas, Curitibanos e Joaçaba onde atingiram 10%.
A produtividade obtida é maior que a expectativa que se tinha há algumas semanas e o clima estando seco permite que a colheita prossiga sem problemas.
Feijão
As regiões mais atingidas pelas chuvas cultivam 3% da safra estadual.
A perda média estadual foi de 2% que se distribuem nas microrregiões de Blumenau, com perdas de 100%, Criciúma, com 80%, Tubarão e Araranguá, com 70%, Florianópolis e Tabuleiro, com 40%.
Nas microrregiões de Campos de Lages, Curitibanos e Joaçaba o plantio está mais atrasado, o que é característico considerando o cronograma de plantio nestes locais.
As mesorregiões Oeste e Planalto Norte Catarinense, onde o plantio da primeira safra se encontra praticamente concluído, o clima tem se apresentado favorável ao desenvolvimento da lavoura.
Soja
Não há cultivo de soja nas áreas mais atingidas pelas chuvas excessivas.
O plantio segue em ritmo normal para esta época, estando as microrregiões de Joaçaba, Curitibanos e Lages mais atrasadas, como é normal acontecer. A cultura da soja por ser cultivada nas regiões, cujo clima segue normal e também por ter época de plantio mais tardio, não apresenta problema de perdas. Estava havendo falta de umidade para o plantio, mas ocorreram chuvas esparsas no dia 02-12 que diminui o problema no momento.
Olerícolas
A atividade olerícola na região litorânea teve muitos percalços nos últimos meses, em função do excesso de chuvas. Não há dúvida de que é o setor mais prejudicado.
A diversidade de olerícolas é muito grande, assim como, a perecibilidade destes produtos também é muito variável, por isso é difícil de mensurar o volume de perdas e mais difícil ainda é valorá-las.
As folhosas são as mais susceptíveis a adversidades climáticas como excesso de chuvas. Estima-se que nos últimos meses, em torno de 60% do volume estimado para ser produzido no período foi perdido. O volume remanescente também contabiliza prejuízos financeiros significativos, devido à baixa qualidade que apresentam.
A produção de hortaliças de flor, raiz, fruto e tubérculo, também, foi bastante prejudicada, principalmente, devido ao apodrecimento provocado pelo excesso de umidade e aparecimento de doenças. A estimativa aponta para uma perda ao redor de 50% do volume produzido. O restante, neste caso, tem bom potencial de recuperação e estes tipos de produtos apresentam menos problemas de qualidade, porém, isso depende da normalização do clima na região.
Atualmente o mercado local é abastecido com hortigranjeiros catarinenses e complementado com produtos de outros estados. Este abastecimento, nos próximos dois ou três meses, estará prejudicado devido ao precário desenvolvimento das plantas, provocado pelo excesso de chuvas e pela falta de luminosidade. O atraso no plantio, nas regiões afetadas, também, é um fator que acarreta prejuízo ao produtor.
Os preços deverão permanecer altos. As compras de outros estados acarretam custos de transportes. Com o maior número de compradores catarinenses os preços das praças fora do estado, também, estão subindo.
Fonte: Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri – Epagri/Cepa - 48 3239-3900
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura