Projeto DuPont Escola é realizado em Aparecida do Rio Negro-TO
Já se passaram quatro anos da realização contínua do Sistema de Alerta Mosca-das-Frutas. São mais de 1.400 dias monitorando pomares na região de Pelotas. Uma rotina que envolve a visitação todas as segundas, terças e quartas-feiras da semana, independente da estação anual, de técnicos e bolsistas de pesquisa da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas/RS, às unidades de observação de propriedades rurais no interior do município. Eles são responsáveis por fazerem a coleta de dados das armadilhas, instaladas nestas áreas rurais e também a apontarem adoções de manejo à cultura do pessegueiro pelo produtor.
O Sistema de Alerta Mosca-das-Frutas é uma ação que faz parte do projeto Estabelecimento do sistema de alerta da mosca-das-frutas sul-americana Anastrepha fraterculus e da podridão-parda Monilinia fructicola, na cultura do pessegueiro. Uma das culturas mais fortes na Metade Sul do Estado do Rio Grande do Sul, que concentra mais de 95% da produção nacional.
A partir deste mês de setembro, na Embrapa Clima Temperado, todas às quintas-feiras serão retomados os encontros semanais para conhecimento do levantamento do monitoramento e discussão das estratégias a serem lançadas para uso e benefício dos produtores de pessegueiro. Como ponto de partida deste trabalho, aconteceu na sexta-feira, 29 de agosto, o primeiro encontro entre as entidades envolvidas no Monitoramento, das 9h às 11h, na sede da Embrapa. Participaram representantes da indústria (Sindocopel), da pesquisa (Embrapa), extensão rural (Emater/RS) e ensino (UFPel), assim como, associações de produtores e produtores de pessegueiros interessados.
O Sistema de Alerta
É um programa de monitoramento da presença de mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus) nos pomares de pessegueiros da região. Para seu funcionamento são seguidos princípios básicos do manejo integrado de pragas. No caso da mosca-das-frutas são utilizadas técnicas de manejo indicadas pela pesquisa como armadilhas, aplicação de iscas tóxicas ou aplicação de produtos recomendados por cobertura.
Técnicas de Manejo para controle
Durante estes anos de funcionamento do Programa de Monitoramento, segundo o pesquisador Dori Edson Nava, uma das maiores dificuldades é a adoção das técnicas de manejo para controle do inseto pelo produtor: uso de armadilhas, de iscas tóxicas e de aplicação por cobertura.
Armadilhas: são indicadas o uso de armadilhas McPhail, iscadas com proteína hidrolisada, que é um atrativo alimentar. Ao serem atraídas, as moscas são presas nas armadilhas e semanalmente é realizada a avaliação por meio da contagem dos insetos capturados. Durante esta inspeção, também se procede a substituição da proteína. Ao se ter o número de insetos capturados nas armadilhas, o produtor tem duas opções: realizar o controle com a aplicação de isca tóxica ou de aplicação por cobertura. São colocadas cerca de duas armadilhas em cada hectare.
Aplicação de Isca Tóxica: se o produtor capturar, durante o monitoramento feito pelas armadilhas, um número inferior a três moscas por armadilha, então, é realizada a aplicação da isca tóxica na borda do pomar e em 25% da área. A isca tóxica baseia-se na utilização de um atrativo alimentar, misturado com um inseticida. É também aplicada em hospedeiros alternativos e 40 dias antes da colheita, deve-se aplicar no interior do pomar. Para cada planta são utilizadas de 100 a 150 ml de calda, o qual recomenda-se usar um volume de 50 a 70 litros de calda por hectare. A aplicação deve ser semanal, feita com aplicador costal ou tratorizada. Se ocorrem precipitações no período, a isca tóxica deve ser repetida após as chuvas.
Aplicação por cobertura: se o produtor capturar nas armadilhas um número superior a três moscas por armadilha, então recomenda-se a aplicação por cobertura, que é a pulverização com inseticidas recomendados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em toda a área do pomar. Geralmente é feita de maneira tratorizada. Mas, ele deve
continuar ainda, posteriormente, com a aplicação de isca-tóxica.
Inseticidas recomendados
O Sistema de Alerta Mosca-das-Frutas surgiu como uma alternativa para atender aos produtores de pessegueiro, após a retirada de vários produtos da grade de inseticidas liberados para uso nos pomares. Atualmente para controle da mosca-das-frutas é utilizado os seguintes produtos: Decis 25 CE, Imidam 500 PM e Malathion 500 CE Sultox
Instalação de Estações Meteorológicas
O Sistema de Alerta Mosca-das-Frutas vinha ao longo destes quatro anos realizando o monitoramento em unidades de observação em duas localidades na Colônia de Pelotas e uma em Morro Redondo/RS. A estratégia é utilizar o monitoramento também de dados climáticos para que no futuro possa se ter um estudo da relação das condições climáticas e a ocorrência desse inseto. O monitoramento pretende construir um modelo de previsão. Nas estações meteorológicas é possível coletar dados climáticos como temperatura, umidade relativa do ar e do solo e pluviosidade, horas de molhamento foliar, direção e velocidade dos ventos. Estas estações meteorológicas funcionam via sinal de telefone, com dados coletados a cada 15 minutos, e transmitidos a cada hora, para a Central de recebimento, que é o Laboratório de Agrometeorologia da Unidade de pesquisas.
Como vai funcionar em 2014
O Sistema de Alerta Mosca-das-Frutas neste ano vai dar continuidade ao monitoramento às três propriedades com estações meteorológicas e deverá ampliar sua prática de controle em mais seis propriedades rurais, com a instalação das respectivas estações meteorológicas, passando a serem consideradas um total de nove estações oficiais do Sistema de Alerta. Já vinha sendo feito, como observação e registro de dados, nos campos experimentais da Embrapa, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e em duas propriedades rurais de interesse. "Vamos seguir emitindo os boletins informativos e os torpedos via SMS e realizando visitas e assessoria direta aos produtores para que adotem as técnicas de manejo disponíveis para mosca-das-frutas baseadas no Monitoramento e a aplicação de produtos recomendados (inseticidas), especialmente quanto ao uso de iscas tóxicas", comentou Dori.
População de moscas
O monitoramento possibilita que o produtor faça sua escolha de manejo. Dori Edson explica que o Sistema de Alerta é uma alternativa sustentável, pois incentiva à minimização de uso de produtos químicos, e portanto, está atenta a segurança alimentar. O projeto tem acompanhado nestes quatro anos a evolução quanto ao uso de técnicas de manejo e do comportamento da mosca. "Durante dois anos a população permaneceu estável, durante um ano a população de insetos cresceu e sua infestação foi considerada alta. E a tendência para esta safra, 2014-2015, é que se permanecerem as temperaturas altas, a população de moscas tenderá a ser alta, mas é preciso acompanhar as condições climáticas", informou.
A Comunicação com o produtor
O produtor de pessegueiros faz sua escolha de manejo, através da sua observação e cuidado com os pomares, e também, por acompanhar as orientações realizadas por técnicos via instrumentos de comunicação oferecidos pelo Sistema-de-Alerta. Entre esses instrumentos estão os boletins informativos, os torpedos (SMS) e programas de rádio semanais, além de material de divulgação em canais da imprensa regional.
O fluxo da comunicação se dá da seguinte forma: na quinta-feira é feita a reunião do grupo envolvido no Sistema, onde é elaborado o boletim informativo com os dados oficiais da semana; esse boletim é impresso e encaminhado à Emater que faz a distribuição junto aos seus escritórios municipais (Morro Redondo e Canguçu); o mesmo informativo é distribuído eletronicamente junto a parceiros do Programa, imprensa regional e um cadastro de representantes da indústria de conservas e doces local. As informações mais relevantes deste boletim são identificadas e trabalhadas para compor spots de rádio durante a semana e no mesmo dia, são realizadas mensagens via SMS , ou seja, para aparelhos celulares de um cadastro de produtores de pessegueiros estabelecidos num banco de dados da Embrapa. As atividades realizadas pelo Sistema de Alerta que merecem atenção especial são encaminhadas de forma a pautar veículos de comunicação da região.
Dados importantes:
São cerca de 5 mil hectares na região dedicados à cultura do pessegueiro;
Mais de 1,1 mil pequenos produtores;
600 milhões de frutos produzidos;
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