Simpósio promovido pela Embrapa discute usos para tortas de pinhão-manso e mamona

20.06.2012 | 20:59 (UTC -3)
Vivian Chies

“A viabilidade da produção agrícola de oleaginosas para biodiesel está diretamente ligada à rentabilidade da venda dos coprodutos”. A conclusão é do coordenador do Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Tiago Giuliani. Ele ministrará uma palestra sobre estratégias de diversificação de matérias-primas no contexto do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), durante o Simpósio de Destoxificação e Aproveitamento de Tortas de Pinhão-manso e Mamona (SiDAT). Promovido pela Embrapa Agroenergia e a Embrapa Algodão com o apoio do Mapa, o evento acontece em Brasília, nos dias 3 e 4 de julho.

Na apresentação, Giuliani mostrará estimativas realizadas pelo MAPA de participação das oleaginosas na produção de biodiesel num cenário de ampliação da mistura desse combustível ao diesel comum até 2020. Ele também falará sobre os gargalos enfrentados para o desenvolvimento de culturas como mamona e pinhão-manso em comparação com as que hoje predominam na indústria – soja, principalmente.

Nesse sentido, o coordenador do MAPA destaca que o incremento da rentabilidade dos coprodutos dessas oleaginosas é indispensável para a diversificação das fontes de matérias-primas para biodiesel. “A torta resultante do processamento delas representa mais de 50% do resíduo gerado na indústria de dos grãos, mas sua destinação atual está restrita à adubação orgânica”, observa.

Normalmente, as tortas de oleaginosas podem ser utilizadas como ração animal, produto com alto valor agregado, mas as de pinhão-manso e mamona possuem substâncias tóxicas que impedem o seu uso para tal fim. Giuliani explica que, para o MAPA, “é estratégico o debate da comunidade científica a respeito dos principais gargalos que inviabilizam a utilização da torta de mamona e pinhão-manso na ração animal, o acompanhamento dos avanços científicos na destoxificação e a difusão das tecnologias aos pesquisadores, representantes dos setores públicos e privados, estudantes e produtores.

Na mesma sessão em que estará Giuliani, o chefe-geral da Embrapa Algodão, Napoleão Esberard, falará sobre a aplicação da torta da mamona na agricultura e na agroindústria. “A torta da mamona está entre os melhores fertilizantes orgânicos que existem na atualidade. Muito rica em nitrogênio (podendo chegar a 7 % do total) e fósforo, além de elevado teor de fibra (variando entre 25 a 35 % do total), atua como condicionador do solo, melhorando os aspectos físicos e químicos do mesmo”, afirma.

Esberard explica que a ricina, substância tóxica da mamona, não é solúvel no óleo e, portanto, após o esmagamento, é encontrada apenas na torta. Já existem diversos processos para destoxificá-la, tornando possível o emprego na alimentação de aves pequenas e, principalmente, ruminantes, como fonte proteica. “Existem métodos físicos e químicos para retirar a ricina e outras proteínas e substâncias nitrogenadas da torta, como elevada temperatura e pressão, uso de reagentes químicos, etc. Pode ser usada também na indústria como fonte de proteínas, oligossacarídeos e outros produtos”, detalha.

A manhã do primeiro dia do Simpósio também contará com a palestra do pesquisador da Embrapa Agroenergia Bruno Laviola, que apresentará “Estratégias agronômicas para aproveitamento e destoxificação da torta de pinhão-manso”. Por sua vez, o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Francisco Aragão, falará sobre a engenharia genética da mamoneira.

O evento será realizado no auditório da Embrapa Estudos e Capacitação, em Brasília/DF. A programação e informações sobre participação no evento podem ser obtidas no site da Embrapa Agroenergia (

). As inscrições são gratuitas e restam poucas vagas.

Cláudio Bezerra Melo/Embrapa Agroenergia

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