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A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, alertou em entrevista coletiva, em Washington, nos Estados Unidos, para o risco de diminuição de 80 milhões de hectares em terras cultiváveis no Brasil sem a aprovação do novo Código Florestal, em um momento em que o mundo chega aos 7 bilhões de habitantes e renova sua demanda por alimentos.
“O Brasil é o único país do mundo tentando reduzir sua área cultivável na atual conjuntura”, disse a senadora. “Da forma como está, o Código Florestal, que é de 1965, pode provocar a redução da área cultivável de 80 milhões de hectares, que seriam destinados ao replantio de vegetação. Essa área é calculada pelos próprios ambientalistas”, explicou. Isso significaria, em média, uma perda de ao menos US$ 100 bilhões por ano para os produtores do País.
Mais de 61% da cobertura vegetal original do Brasil estão preservados hoje. Na Amazônia, o índice ultrapassa 83% em algumas áreas. “Estamos atentos para corrigir desmatamentos equivocados, como em nascentes de rios, e preservar nosso patrimônio”, disse a presidente da CNA. “Mas é preciso acabar com a ignorância em relação ao Código. Apesar dos riscos, a senadora disse que está otimista em relação à aprovação da nova legislação, que deve ser votada ainda neste mês.
A senadora Kátia Abreu também discutiu, em Washington, a possibilidade de contribuições na área alimentícia de uma parceria Brasil-EUA. Os dois países produzem, juntos, 30% dos grãos e 25% de toda a carne do mundo. E “o Brasil ainda tem uma larga capacidade de ampliar a produção, podendo triplicar sua produção agrícola e dobrar a produção pecuária até 2050, sem desmatar uma única árvore – apenas com inovações tecnológicas”, disse a presidente da CNA.
A idéia é construir uma agenda comum não só para resolver entraves na relação comercial agrícola entre Brasil e EUA, mas também para atuar lado a lado na derrubada de barreiras comerciais internacionais. Nesse contexto, um dos pontos de destaque da entrevista foi a disputa provocada pelos subsídios governamentais norte-americanos aos produtores de algodão e álcool. O assunto foi tratado, ontem, pelo grupo brasileiro, na Câmara dos Representantes.
Aos jornalistas a senadora rejeitou a pressão local contra o pagamento de US$ 147 milhões anuais ao Brasil para pesquisas no setor, um acordo feito como ressarcimento aos prejuízos causados pelos subsídios federais dos EUA. “Queremos o fim dos subsídios e também a continuidade dos pagamentos. É nosso direito”, disse a presidente da CNA.
Mas a senadora Kátia Abreu não eximiu o Brasil de responsabilidade nas disputas. “É preciso mão dupla na melhoria das relações comerciais. Podemos atuar, por exemplo, na abertura do nosso mercado para carne suína e para defensivos agrícolas norte-americanos.” No geral, sua avaliação sobre a propensão dos EUA para cortar subsídios foi positiva. “Quando se visitava os EUA, um ano e meio atrás, esse era um assunto quase proibido. Agora, governo, partidos e Congresso estão a favor do fim dos subsídios. Temos motivos para acreditar: os preços dos alimentos estão bons e temos a crise econômica, que favorece cortes de despesas”, afirmou.
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