Seminários na Unesp avaliam sistemas integrados de produção agrícola

No início de março, um grupo de alunos de graduação e pós-graduação dos cursos de Agronomia e Zootecnia e docentes da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp, câmpus de Botucatu, participaram da primeira Expedição Integração Lavoura-Pecuária e Sistema de Plantio Direto.

O grupo percorreu 3800 quilômetros na região Centro-Oeste visitando propriedades rurais, localizadas nos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, que adotam os sistemas de integração lavoura-pecuária e plantio direto ou integração lavoura-pecuária-floresta.

Após a viagem, agora o momento é de avaliação do trabalho. Diferentemente de visitas técnicas de rotina, a Expedição vai gerar conhecimento sobre os sistemas integrados e identificar problemas ainda não solucionados pela pesquisa acadêmica ou pela prática dos produtores. “Os alunos analisaram a situação de cada propriedade visitada. Os produtores e as entidades envolvidas na iniciativa terão um retorno na forma de um relatório que identifica as principais dificuldades e propõe soluções para cada caso. Não conheço nenhuma iniciativa nesses moldes em outras universidades”, afirmou o professor Ciro Rosolém, do Departamento de Produção Vegetal da FCA e um dos coordenadores da Expedição.

Antes da publicação do relatório, os alunos e docentes que participaram da Expedição vão debater os acertos e as dificuldades de cada propriedade individualmente em Seminários realizados nos dias 30 e 31 de março na Fazenda Experimental Lageado.

Observações

Durante a Expedição, foram identificadas algumas condições dos sistemas integrados lavoura-pecuária, como a utilização de uma variedade maior de espécies cultivadas. “Isso é positivo porque trabalhar com uma espécie só acarreta riscos. No caso da ocorrência de pragas ou doenças o produtor fica sem alternativas”, explicou o professor Rosolém. “O trabalho com novas espécies é uma evolução do sistema”.

Um entrave apontado pelo docente é a dependência do uso de adubo nitrogenado para o sucesso da produção, fator que, apesar de encarecer, não inviabiliza o sistema. “Mesmo com os custos maiores o resultado econômico é vantajoso, afinal a integração nada mais é do que um melhor aproveitamento dos recursos que estão disponíveis. Normalmente, uma propriedade que utilizaria num sistema convencional entre 60 a 80% dos seus recursos, passa a utilizar cerca de 90% a 95% de seus recursos num sistema integrado e o retorno acaba sendo maior que os custos”.

Balanço

Ao avaliar os resultados gerais da Expedição o professor Rosolém não esconde sua satisfação. “Aprendemos muito e tivemos uma boa idéia do que está acontecendo em termos de produção agrícola no Centro-Oeste do país. Os proprietários e consultores nos receberam muito bem e perceberam que também ganharam com a nossa visita”.

Segundo o professor, a cada visita, após responderem as perguntas dos estudantes, os próprios proprietários e funcionários das fazendas também tiravam suas dúvidas com os docentes da Unesp. “Trabalhamos com sistemas agrícolas integrados há mais de dez anos. Nesse contato com os produtores percebemos que estamos respondendo a demandas que, de fato, existem e ficamos a par de outras questões que podemos atender”.

A participação dos alunos também foi elogiada pelo professor Rosolém. “A organização do evento ficou a cargo dos integrantes do Cenagri Jr., empresa junior integrada por alunos da FCA, e foi exemplar na pontualidade e na dinâmica dos trabalhos. Do ponto de vista da formação foi um ganho extraordinário para quem participou. É uma atividade custosa e complexa, mas com um grande retorno em termos de conhecimento”.

Fonte: Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp de Botucatu - FCA / Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais - FEPAF -