CNA defende pagamento de dívidas das indústrias aos pecuaristas

19.03.2009 | 20:59 (UTC -3)

Uma possível ajuda do Governo aos frigoríficos afetados pela crise deve contemplar também os produtores, para garantir que as dívidas das indústrias junto aos pecuaristas, pelo fornecimento de bois para o abate, sejam pagas. A manifestação é da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, que participou (17/3) de audiência pública realizada na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado para discutir a crise nos frigoríficos e os possíveis impactos na pecuária de corte.

“O tamanho dessa dívida nos assusta muito. A nossa principal preocupação é saber quando e como os produtores vão receber esse dinheiro”, afirmou a senadora. As dívidas hoje totalizam mais de R$ 700 milhões apenas de empresas em recuperação judicial.

Kátia Abreu defendeu a união de toda a cadeia produtiva de carne bovina para ajudar os frigoríficos a se recuperarem do cenário de crise, que decorreu principalmente da restrição ao crédito, para investir em mais unidades de abate de matrizes. Ela pediu maior participação dos produtores nas discussões e cobrou mais transparência sobre a real situação financeira das indústrias. “Queremos o mapa real. Em uma cadeia saudável, não pode haver espaço para espertalhões, mas para aqueles que trabalham honestamente para garantir a renda de toda a cadeia, do início ao final dela”, enfatizou a presidente da CNA, que cobrou dados das dívidas dos grandes frigoríficos do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Bovina (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca.

A presidente da CNA questionou os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para socorrer o Frigorífico Independência, um dos maiores do País, que pediu concordata este ano. Segundo ela, o frigorífico recebeu R$ 250 milhões do banco em novembro do ano passado e neste mês captou mais R$ 100 milhões de bancos privados em eurobônus. “Como pode uma empresa receber essas quantias e os produtores não receberem o pagamento?”, indagou. Kátia Abreu também defendeu que, caso haja ajuda do Governo para socorrer os frigoríficos, os pequenos e médios produtores sejam beneficiados. “O tratamento deve ser igualitário e justo, para que não haja mais produtores e menos frigoríficos”, frisou.

Para o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, a solução encontrada pelos pecuaristas para receber o pagamento das indústrias foi a venda de bois à vista. “Se o frigorífico paga sua dívida em 20 anos, o produtor não pode receber em 20 anos, pois precisa de capital de giro”, ressaltou. “Se houver socorro aos frigoríficos, a garantia de que os produtores vão receber dos frigoríficos deve estar na ajuda”, completou. Ele também criticou a falta de “pé no chão” das empresas, que investiram desenfreadamente há dois anos, em uma época de crédito farto, e agora sentem os reflexos da falta de dinheiro pelos bancos para investir. Nogueira também voltou a defender a isenção de PIS e de Cofins sobre a ração usada na nutrição do rebanho bovino e o fim da taxa de exportação sobre o couro wet blue, que é o produto em fase inicial de acabamento.

Questionado sobre uma possível ajuda ao setor dos frigoríficos, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, que participou da audiência pública, negou que este “socorro” esteja em discussão. Ele informou que o ministério está à disposição para discutir e avaliar as principais dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva da pecuária de corte. “Precisamos de debates mais amplos, porque há muitas dúvidas”, disse.

Fonte: Agência CNA -

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