Stephanes representa presidente Lula na Expodireto
Uma possível ajuda do Governo aos frigoríficos afetados pela crise deve contemplar também os produtores, para garantir que as dívidas das indústrias junto aos pecuaristas, pelo fornecimento de bois para o abate, sejam pagas. A manifestação é da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, que participou (17/3) de audiência pública realizada na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado para discutir a crise nos frigoríficos e os possíveis impactos na pecuária de corte.
“O tamanho dessa dívida nos assusta muito. A nossa principal preocupação é saber quando e como os produtores vão receber esse dinheiro”, afirmou a senadora. As dívidas hoje totalizam mais de R$ 700 milhões apenas de empresas em recuperação judicial.
Kátia Abreu defendeu a união de toda a cadeia produtiva de carne bovina para ajudar os frigoríficos a se recuperarem do cenário de crise, que decorreu principalmente da restrição ao crédito, para investir em mais unidades de abate de matrizes. Ela pediu maior participação dos produtores nas discussões e cobrou mais transparência sobre a real situação financeira das indústrias. “Queremos o mapa real. Em uma cadeia saudável, não pode haver espaço para espertalhões, mas para aqueles que trabalham honestamente para garantir a renda de toda a cadeia, do início ao final dela”, enfatizou a presidente da CNA, que cobrou dados das dívidas dos grandes frigoríficos do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Carne Bovina (Abiec), Roberto Giannetti da Fonseca.
A presidente da CNA questionou os empréstimos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para socorrer o Frigorífico Independência, um dos maiores do País, que pediu concordata este ano. Segundo ela, o frigorífico recebeu R$ 250 milhões do banco em novembro do ano passado e neste mês captou mais R$ 100 milhões de bancos privados em eurobônus. “Como pode uma empresa receber essas quantias e os produtores não receberem o pagamento?”, indagou. Kátia Abreu também defendeu que, caso haja ajuda do Governo para socorrer os frigoríficos, os pequenos e médios produtores sejam beneficiados. “O tratamento deve ser igualitário e justo, para que não haja mais produtores e menos frigoríficos”, frisou.
Para o presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da CNA, Antenor Nogueira, a solução encontrada pelos pecuaristas para receber o pagamento das indústrias foi a venda de bois à vista. “Se o frigorífico paga sua dívida em 20 anos, o produtor não pode receber em 20 anos, pois precisa de capital de giro”, ressaltou. “Se houver socorro aos frigoríficos, a garantia de que os produtores vão receber dos frigoríficos deve estar na ajuda”, completou. Ele também criticou a falta de “pé no chão” das empresas, que investiram desenfreadamente há dois anos, em uma época de crédito farto, e agora sentem os reflexos da falta de dinheiro pelos bancos para investir. Nogueira também voltou a defender a isenção de PIS e de Cofins sobre a ração usada na nutrição do rebanho bovino e o fim da taxa de exportação sobre o couro wet blue, que é o produto em fase inicial de acabamento.
Questionado sobre uma possível ajuda ao setor dos frigoríficos, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, que participou da audiência pública, negou que este “socorro” esteja em discussão. Ele informou que o ministério está à disposição para discutir e avaliar as principais dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva da pecuária de corte. “Precisamos de debates mais amplos, porque há muitas dúvidas”, disse.
Fonte: Agência CNA -
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