Secretário da Agricultura defende sustentabilidade do cacau cabruca

25.01.2013 | 21:59 (UTC -3)
Josalto Alves

A conquista de melhores preços para as amêndoas de cacau produzidas no sistema cabruca, e o manejo sustentável do cacau cabruca, através da utilização de árvores e replantio, são duas das propostas de ações defendidas pelo secretário estadual da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles. “O cacau cabruca foi e é o grande responsável pela conservação do que resta da Mata Atlântica na Bahia, mas precisamos de ações para alcançar a sustentabilidade econômica das fazendas que utilizam esse sistema”, disse Salles, ao participar na manhã desta quinta-feira (24), em Ilhéus, na sede da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira Ceplac, do lançamento de sete cartilhas técnicas voltadas para a agricultura familiar.

Fazendo parte da mesa oficial, ao lado do diretor geral da Ceplac, Helinton José Rocha; José Guilherme Leal, diretor do Sistema de Produção e Sustentabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário do Ministério da Agricultura; Daniel Carrara, superintendente nacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), e Guilherme Moura, primeiro vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), representando o presidente João Martins, também presidente em exercício da CNA, Salles explicou que os produtores querem o direito de retirar algumas árvores por ano, repondo-as em número muitas vezes maior. “A exploração florestal sustentável, além do cacau, representa sustentabilidade para os cacauicultores”, avalia o secretário da Agricultura.

O presidente da Câmara Setorial Nacional do Cacau, Durval Libânio, professor universitário e ambientalista, concordou com o secretário e afirmou que a retirada do excesso de sobra, removendo árvores exóticas, vai dobrar a produção do cacau cabruca, cuja manutenção é fundamental para a preservação da Mata Atlântica. “Já tratamos do assunto com o secretário do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, e agora que o Código Florestal já foi aprovado vamos marcar uma reunião urgente para discutir as possibilidades de executar o projeto apresentado pelos cacauicultores, Ceplac e Seagri, permitindo o manejo sustentável do cacau cabruca”, disse Salles.

O titular da Seagri destacou também a importância da defesa fitossanitária, com ações preventivas com relação à Monilíase do Cacaueiro, praga existente no Peru, a aproximadamente 200 quilômetros do Acre. A Bahia saiu na frente dos demais estados produtores, elaborou um plano de contingência, e já formalizou parceira com a Ceplac para aprofundar as pesquisas sobre a praga. Uma especialista da Seagri/Adab já esteve em países produtores que fazem fronteira com o Brasil para ver como os técnicos estão enfrentando o problema.

Outra medida visando a sustentabilidade do cacau cabruca defendida por Salles é a realização de campanha de esclarecimento e de convencimento junto aos compradores nacionais e internacionais de cacau, com o objetivo de obter preços diferenciados para amêndoa de cacau cabruca. “Temos que mostrar a importância ambiental desse produto, por preservar a Mata Atlântica. Podemos comparar aos prêmios pagos aos produtos orgânicos e ao “Fair Trade”, produtos que beneficiam a agricultura familiar”, afirmou.

O secretário Eduardo Salles destacou a importância e a experiência dos técnicos aposentados da Ceplac e dos que estão por se aposentar, solicitando ao diretor geral da entidade e ao superintendente nacional do Senar que analisem a possibilidade de contratá-los para capacitar os novos técnicos de assistência técnica que estão sendo contratados pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), própria Ceplac e através das chamadas públicas estaduais e federais. “Estes técnicos são muito experientes, conhecem a história e a realidade da cacauicultura na região e podem ser de grande valia, repassando seus conhecimentos e livrando os novos técnicos de erros”.

Salles destacou em sua fala pontos importantes como o destravamento do crédito, que está sendo realizado pelos Banco do Brasil e Banco do Nordeste do Brasil, que já contabilizam cerca de 1.500 novos contratos; as ações desenvolvidas para equacionar o endividamento dos produtores, a produtividade, diversificação das culturas, sistema agroflorestal, agroindustrialização, e o Salon du Chocolat da Bahia, que este ano trará ao Estado uma delegação de produtores de chocolate da Bélgica.

Contando com as presenças de centenas de produtores, líderes de associações e dos secretários de Agricultura dos municípios do Baixo Sul, a Ceplac lançou sete cartilhas, cuja produção foi coordenada pelo chefe do Centro de Extensão da Ceplac, Sérgio Murilo Menezes, destinadas a oferecer suporte técnico aos agricultores familiares em diversas áreas. Os títulos lançados são Agroecologia; Criação de aves semiconfinadas; Utilização de composto orgânico na adubação de plantas; Criação de peixe; Sistema agroflorestal (SAF) com seringueira, cacaueiro e cultivos alimentares; Apicultura básica; e Produção de alimentos orgânicos em garrafas PET.

De acordo com Sérgio Murilo, “as cartilhas visam instrumentalizar os técnicos e capacitar produtores na prestação dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural, observando a política de atendimento aos agricultores familiares e aos jovens rurais, público-alvo desse projeto”.

O secretário elogiou a iniciativa, classificando-a de importantíssima, e disse que “vamos utilizá-las, nos trabalhos desenvolvidos pela EBDA, Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e Bahia Pesca”, todas vinculadas à Seagri.

Para o diretor geral da Ceplac, Helinton Rocha, que destacou a parceria com a Seagri, as cartilhas foram lançadas num momento importante e num cenário desafiador para o cacau e para outras culturas do sistema agroflorestal. “Estamos numa região de muita complexidade, e é importante esse ambiente de diálogo para pensarmos o que cada um pode fazer pela cadeia produtiva do cacau”.

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