Os Grupos Técnicos do Algodão (GTAs) vêm se firmando como um case de sucesso e uma ferramenta eficaz no manejo da cultura algodoeira em Mato Grosso, principalmente no que diz respeito ao controle do bicudo, principal praga da cotonicultura nacional. Nessa quinta-feira (26 de outubro), o presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Alexandre Schenkel, participou da reunião do GTA de Sapezal, no Núcleo Regional Noroeste, que responde pela maior área de cultivo de algodão – de aproximadamente 162 mil ha - na safra 2016/17.
Schenkel cumprimentou os produtores de Sapezal pela supersafra de algodão (uma produção de cerca de 261 mil toneladas de pluma) e por seu envolvimento com o GTA local, que conta com representantes de grandes grupos agrícolas presentes na região. Um dos principais objetivos da reunião realizada esta semana, 11 dias após o início do vazio sanitário do algodoeiro na região, foi fazer uma "discussão construtiva" sobre a destruição de soqueira.
Robson Almici de Souza, presidente do GTA de Sapezal, enfatizou a importância de todos os participantes do grupo serem "transparentes", visando identificar os locais onde há maior incidência de bicudo e buscar formas de ajudar os produtores e técnicos que, eventualmente, não tiveram o sucesso desejado na destruição dos restos culturais do algodoeiro.
Na avaliação de Marcio de Souza, coordenador de Pesquisas e Difusão Tecnológica do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), o encontro foi bastante positivo e um dos aspectos debatidos foi a situação provocada pela falta de chuvas de forma regular em toda regional Noroeste. "Produtores e técnicos estão aguardando o início das chuvas mais regulares e intensas para iniciar o controle de rebrotes e tigueras de algodão na soja", explicou Souza, destacando que, por enquanto, as plantas de algodoeiro rebrotadas e tigueras ainda não são consideradas de risco fitossanitário. A falta de umidade, segundo ele, acaba dificultando o uso de pós-emergentes nas lavouras de soja, o que deverá ser resolvido nos próximos dias à medida que as chuvas se tornem mais constantes em todas as fazendas da região.
Outra preocupação destacada pelos participantes da reunião do GTA foi o transporte de fardos de algodão, que deve seguir as recomendações do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT). De acordo com a Instrução Normativa Conjunta Sedec/Indea nº 001/2016, a responsabilidade pela carga é do transportador e do estabelecimento de origem, e o produtor só deve autorizar o transporte de algodão e seus subprodutos se estiverem bem envelopados para evitar o derramamento nas vias.
Planejamento – Hoje nove GTAs estão organizados em Mato Grosso, em diferentes regiões produtoras de algodão, e todos eles deverão ter rodadas técnicas durante a entressafra. Um dos destaques nessa etapa é o levantamento da quantidade de bicudos por armadilhas instaladas em vários pontos do estado, que será feito pela empresa Ello. Um representante da Ello participou da reunião do GTA em Sapezal e informou que já estão sendo feitos os cadastros das armadilhas instaladas nas fazendas da região.
Segundo Marcio de Souza, a partir dos resultados dessas leituras e da destruição de soqueira realizada, será possível se criarem estratégias para o melhor manejo possível da safra 2017/18. Esse trabalho será feito pelos GTAs, com apoio de pesquisadores do IMAmt, dos assessores técnicos regionais (ATRs) e de pesquisadores renomados como Walter Jorge dos Santos e Marcos Vilela. Walter Jorge é considerado um dos maiores especialistas no controle do bicudo do algodoeiro e Vilela é especialista em tecnologia de aplicações de defensivos utilizados no combate a essa e outras pragas da cotonicultura.
"Todos esses esforços, que precisam ser compartilhados por todos, visam assegurar a liderança de Mato Grosso como o maior produtor de algodão do Brasil e também a sustentabilidade da cultura no estado, com redução de custos para os produtores e o meio ambiente", afirma Alexandre Schenkel. O presidente e outros produtores presentes à reunião em Sapezal, como Cleto Webler (diretor da Ampa), enfatizaram a importância da participação de representantes do Indea-MT em eventos dos GTAs.