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Passo Fundo, considerada a capital nacional do melhoramento genético de trigo, sediou entre os dias 7 e 9 de julho, dois dos principais eventos técnicos e científicos da triticultura do Brasil, o 10° Seminário Técnico de Trigo e 9ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (RCBPTT). Os eventos, que ocorreram no Maitá Palace Hotel, reuniram de cerca de 300 pesquisadores, produtores rurais, representantes da indústria e empresas de agroquímicos, além de autoridades. As principais doenças que desafiam produtores de trigo, Giberela e a Brusone, envolveram os temas das palestras, painéis e pesquisas científicas.
“Ou profissionalizamos a cultura do trigo ou paramos com ela". Este foi o tom do painel apresentado pelo pesquisador da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, Heraldo Rosa Feksa. Ele expôs uma nova visão de manejo de micotoxinas no trigo aplicada na região de Guarapuava, no Paraná, que associou um sistema de monitoramento e diversos procedimentos associados na lavoura de trigo, envolvendo desde a escolha de cultivares mais resistentes até a segregação final do trigo colhido. O resultado foi a melhora da qualidade do grão e, especialmente, a redução da micotoxina desoxinivalenol (DON) causada pela Giberela. "Sabendo quem é o inimigo é possível encontrar uma solução de manejo integrado, com todas as ferramentas disponíveis, que incluem sementes de qualidade, tecnologia de aplicação, controle efetivo, regulagem das colheitadeiras para eliminar os grãos giberelados, monitoramento de carga a carga e segregação do material bom", aconselhou.
O pesquisador Carlos Augusto Mallmann, responsável pelo Laboratório de Análises Micotoxicológicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) aprofundou os impactos causados pela presença do DON no trigo e a legislação adotada no Brasil que prevê uma redução mais exigente, abrangente e progressiva até 2017. “Essa micotoxina pode reduzir a produtividade da lavoura, causar danos à saúde dos animais e pessoas, como a queda da imunidade. Ainda não existem cultivares plenamente resistentes, mas a alternativa que ainda é mais efetiva para minimizar a perda de rendimento e o acúmulo de micotoxinas nos grãos, além de diminuir a dependência de fungicidas, é investir no manejo adequado e em cultivares mais resistentes”, afirmou.
Acompanhando esta tendência, o melhorista da Biotrigo Genética, Igor Pirez Valério, apresentou de forma inédita no país, o primeiro ranking das cultivares Biotrigo quanto à produção de DON. Segundo Valério, esta pesquisa vai auxiliar os produtores na escolha da cultivar e reduzir os riscos de perda de produtividade e rentabilidade. “O caminho mais curto é investir em genética como componente do manejo para baixar o DON no Brasil. A genética está em constante evolução e as cultivares Biotrigo terão nível de resistência bem superior ao atual para as safras 2018-2020”. Os novos limites de DON estabelecidos pela Anvisa, reduzem o nível máximo tolerado para alimentos a base de farinha de trigo da micotoxina de 1750 ?g/kg para 750 ?g/kg. Complementando o tema, pesquisador da Universidade de Passo Fundo, Walter Boller, palestrou sobre a importância da tecnologia de aplicação como aliado no controle da Giberela.
A Brusone no trigo é outra doença importante que afeta as lavouras de trigo e que tem sido objeto de muitas pesquisas no Brasil. Ela ocorre quando há uma combinação das altas temperaturas com o excesso de umidade na fase de florescimento da cultura. O tema foi objeto da palestra do fitopatologista e pesquisador da Embrapa Trigo de Passo Fundo, José Maurício Fernandes. Para determinar as variáveis ambientais e os distintos parâmetros da epidemia na intensidade final da doença ele gerou mapas de áreas de maior risco da doença a partir de testes com modelos que simulam o risco de ocorrência da Brusone.
“A determinação de parâmetros epidemiológicos da brusone em trigo, como a disponibilidade de inóculo atmosférico e a sua relação com variáveis ambientais é crucial para o desenvolvimento de um modelo de previsão da disponibilidade do inóculo primário e, consequentemente, para identificar períodos de risco de ocorrência de epidemias de brusone”, disse.
Ottoni Rosa Filho, diretor técnico da Biotrigo Genética, complementou o tema, apresentando um ranking de relativo de resistência das cultivares Biotrigo à Brusone. Segundo o melhorista, em 95% das amostras a resistência genética é efetiva na resistência em lavouras. “Acompanhamos muitas linhagens e comprovamos que o controle químico é pouco efetivo e, em grande parte, a resistência genética faz a diferença”, afirmou.
A 9ª Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, realizada nos dias 8 e 9 de julho, contou com a apresentação de novas cultivares, novas extensões e trabalhos técnicos científicos com as mais recentes pesquisas de trigo no Brasil. Pesquisadores discutiram o panorama atual da produção do trigo e apontaram as projeções para o futuro da cultura.
O maior destaque da Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale envolveu o lançamento de quatro novas cultivares de trigo que estarão disponíveis para cultivo a partir da safra 2016, sendo que suas características e descrições estarão contidas na publicação de Informações Técnicas para Trigo e Trititicale – Safra 2016. As novas cultivares são: TBIO Sossego, classe pão, desenvolvido pela Biotrigo Genética; ORS 1401, classe pão, da OR Sementes; FPS Virtude, classe melhorador, desenvolvido pela Pró-Sementes e BRS 404, da Embrapa Trigo, também classe pão.
Ainda quanto às novidades apresentadas na Reunião, se destacam nove cultivares que tiveram suas áreas de abrangência ampliadas. Pela Biotrigo, o cultivo do TBIO Noble foi autorizado para os estados do RS, PR, SP e MS e o TBIO Toruk para os estados de SC, SP e MS. Três cultivares da Coodetec (CD 1104, CD 1252 e CD 151) também ampliaram a área de atuação em diversas regiões do RS, PR, Irrigado e Sequeiro. A Limagrain apresentou a extensão do cultivo do LG Prisma e LG Oro para as regiões 1 e 2 de Santa Catarina. Já a Embrapa Trigo, ampliou a cobertura do BRS Graúna, classes melhorador e pão para novas regiões de SC, PR, SP e MS e o BRS Marcante, classe pão, para as áreas 1 e 2 de Santa Catarina.
Para André Cunha Rosa, diretor de negócios da Biotrigo Genética e presidente empossado da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo, a apresentação das novas cultivares e extensão das áreas de abrangência refletem que as pesquisas com melhoramento genético têm alcançado avanços, disponibilizando variedades que alcançam maiores rendimentos e resistência às doenças, adaptação a diferentes regiões do país, ampliando a produção por área cultivada e com maior potencial de atender as exigências do mercado. “Estas novas tecnologias, que passam a integrar o portfólio de cultivares certificadas do país, ficam mais acessíveis ao agricultor de forma proporcionar maior economia e segurança na sua lavoura”, ressaltou.
Além dessas novidades, também foram apresentados trabalhos relacionados à qualidade tecnológica. Foram 105 trabalhos apresentados, sendo que os seis melhores foram premiados e 20 foram expostos em forma de banner. Três publicações também foram lançadas. São elas: Trigo, do plantio à colheita, de Aluízio Borém e Pedro Luiz Scheeren; Cultivares de Trigo indicadas para cultivo no Brasil e instituições criadoras 1922 a 2014, de Cantídio de Souza e Eduardo Caierão e, Manejo Integrado dos Percevejos Barriga-verde, Dichelops ssp. em Trigo, de Antônio Panizzi.
Durante o jantar promovido na nova sede da Biotrigo Genética e com promoção da Bayer, o economista e assessor institucional da Abitrigo, Reino Pécala Rae, recebeu uma homenagem pela sua contribuição e relevância do seu trabalho em busca da qualificação do trigo.
O Seminário Técnico de Trigo e a RCBPTT são eventos promovidos anualmente pela Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale para estabelecer estratégias de cultivo para o trigo e triticale em todo o Brasil. A entidade é formada por instituições de pesquisa e de apoio comprometidas com a produção de ações de pesquisa, difusão de tecnologia e desenvolvimento da cadeia de trigo e triticale. Nesta edição, a organização dos eventos ficou a cargo da Biotrigo Genética, com apoio da Embrapa Trigo, ambas de Passo Fundo (RS). A próxima edição será realizada em Londrina (PR) pela Embrapa Soja.
Foto: Diogo Zanatta
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