Relatório do IPCC reacende importância sobre uso de sementes geneticamente modificadas na agricultura

04.04.2014 | 20:59 (UTC -3)

A divulgação da segunda parte do quinto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta semana, retomou a discussão sobre a necessidade de encontrar alternativas para produção de alimentos em escala global, sobretudo na aplicação de tecnologias. Trechos do relatório apresentado no Japão são taxativos com relação ao aumento da estiagem para o futuro e de que o aquecimento global poderá ser perigoso para culturas como batata, milho e trigo. O reflexo deste cenário poderá levar a uma desaceleração do crescimento econômico, comprometimento da segurança alimentar e até causar fome em várias regiões.

No tocante aos problemas causados pelo aquecimento global e aos impactos para produção de alimentos, pesquisadores responsáveis pelo relatório e produtores agrícolas concordam que as pesquisas para o desenvolvimento de tecnologia dentro e fora da porteira se mostram como a melhor alternativa para este futuro próximo. “Não há dúvida de que a tecnologia deve ser aliada do agricultor para produzir mais e melhor, com menos custos”, diz Alysson Paolinelli, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Milho (Abramilho).

De acordo com o relatório, com adaptações, a agricultura poderá ter ganhos de produtividade se trabalhar com espécies mais resistentes à seca ou escassez hídrica. Neste sentido, as pesquisas e estudos sobre o uso de variedades geneticamente modificadas tendem a conquistar ainda mais espaço, tanto nas lavouras como fora delas. Para especialistas, um clima mais extremo pode significar, também, que os preços dos alimentos serão altos. Sabe-se que isso não é apenas em relação aos pequenos produtores, mas os preços também afetarão milhões de pessoas nas áreas rurais e urbanas.

“O agricultor já entendeu que o uso de variedades transgênicas representa menos custos e mais produtividade em menos área”, enfatiza Paolinelli. E não é para menos. Entre as safras de 1996/97 e 2012/13, dos U$ 24,8 milhões acumulados pelos benefícios do uso de biotecnologias nas lavouras, a cultura do milho ultrapassou U$ 13,6 milhões (ou 55%) deste total, de acordo com levantamento da consultoria Céleres e Céleres Ambiental para a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem).

Narciso Barison Neto, presidente da Abrasem, enfatiza que “temos tecnologia e condições de produzir de maneira correta. O uso da biotecnologia deve ser encarado como uma alternativa positiva quando o assunto é aquecimento global e riscos com a economia e segurança alimentar mundial”. Ele acredita que todo debate envolvendo a questão é bem-vindo porque há necessidade de esclarecer melhor à população. “A discussão é mundial, mas uma das soluções para produzir mais e com responsabilidade está em nossas mãos. E quero crer que seja hora de agir”, finaliza.

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