Refúgio no milho Bt pode ser menos eficiente para Spodoptera exigua

Comportamento das fêmeas adultas pode contrariar as estratégias atuais de manejo

04.11.2025 | 10:32 (UTC -3)
Revista Cultivar
Foto: John Capinera, University of Florida
Foto: John Capinera, University of Florida

Estudo conduzido por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências Agrícolas mostrou que as larvas de Spodoptera exigua preferem alimentar-se de plantas de milho convencional, evitando o milho transgênico Bt que expressa as proteínas Cry1Ab e Vip3Aa19.

No entanto, o comportamento das fêmeas adultas pode contrariar as estratégias atuais de manejo de resistência.

Mesmo sem demonstrar preferência reprodutiva entre plantas Bt e não-Bt em condições normais, as fêmeas passaram a ovipositar com maior frequência no milho Bt quando as plantas convencionais estavam danificadas. Nessas situações, 73,5% dos ovos foram depositados nas plantas transgênicas.

Refúgios mistos

Os testes de campo simularam diferentes proporções de refúgio misto -- 5%, 10% e 20% de milho convencional intercalado com milho Bt. A dispersão das larvas aumentou proporcionalmente com a presença de milho não-Bt. No refúgio de 20%, a distância média de deslocamento das larvas foi de 19,9 cm, com máxima de 64,7 cm. Já nos refúgios de 5% e 10%, o deslocamento foi praticamente nulo.

Apesar da maior movimentação das larvas entre as plantas no cenário de 20% de refúgio, o milho Bt apresentou danos mínimos. Apenas uma planta transgênica sofreu algum tipo de lesão.

Evitar dano é prioridade

No laboratório, quando expostas simultaneamente a plantas saudáveis e danificadas, as fêmeas de S. exigua optaram por ovipositar nas plantas menos danificadas, independentemente do tipo (Bt ou não-Bt). Essa preferência por hospedeiros intactos manifesta-se mesmo em condições onde os danos são causados por larvas da mesma espécie.

Foto: Todd Gilligan, USDA APHIS PPQ
Foto: Todd Gilligan, USDA APHIS PPQ

Esse comportamento pode comprometer a eficácia do manejo de resistência baseado em refúgios.

A teoria do refúgio pressupõe oviposição aleatória entre plantas Bt e não-Bt, garantindo que indivíduos suscetíveis continuem presentes na população. Se as fêmeas evitarem as plantas danificadas (frequentemente as convencionais), haverá maior concentração de ovos no milho Bt, acelerando a seleção de indivíduos resistentes.

Refúgio sob pressão

Atualmente, a principal estratégia de manejo de resistência em milho Bt é o modelo de “alta dose / refúgio”. Esse sistema prevê o plantio de áreas com milho convencional ao lado de cultivos Bt para manter populações suscetíveis à toxina. No entanto, o refúgio misto -- quando sementes Bt e não-Bt são plantadas juntas -- apresenta vulnerabilidades.

O estudo mostra que, nesse modelo, as larvas tendem a se deslocar entre plantas, o que pode resultar em exposições subletais às proteínas Bt.

Essa exposição intermediária favorece a sobrevivência de indivíduos heterozigotos (portadores de resistência parcial) e acelera a evolução de resistência. A movimentação aumentada em áreas com maior proporção de milho convencional também amplia esse risco.

Outras informações em doi.org/10.3390/insects16101059

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