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Aconteceu, na sexta-feira (13), o I Encontro em Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) da Embrapa Agroenergia, em Brasília (DF), com o objetivo de apresentar e discutir a importância que a ACV terá, em futuro próximo, para a comercialização de produtos nos mercados interno e externo. O evento também procurou rever, de forma estratégica a situação brasileira no tratamento desse tema nas instâncias governamentais e privadas.
A ACV é uma metodologia para avaliar os impactos ambientais associados a um produto, processo ou atividade, por meio da identificação e quantificação dos fluxos de energia e materiais ao longo do ciclo de vida. Pode ser calculada para uma operação unitária ou para todo o processo de produção, transporte, utilização e descarte. Nessa última situação, a ACV é chamada “do berço ao túmulo”.
Na abertura do Encontro, o Diretor-Executivo da Embrapa, Maurício Lopes, afirmou que “a agricultura brasileira e mundial caminham cada vez mais no sentido da sustentabilidade”. Lopes lembrou que no passado, desenvolvimento e sustentabilidade eram considerados antagônicos. “Hoje, a sociedade avançou no sentido de integrar os dois conceitos”, observou. Para ele, a ACV contribui para identificar gargalos nas formas de acessar de maneira mais limpa e segura os recursos naturais. “As discussões deste Encontro vão permear os debates na Rio+20”, comentou o diretor, referindo-se à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será realizada de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro.
O Chefe-Geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Souza, afirmou que “o tema ACV é de extrema importância e a entidade, juntamente com a Embrapa Meio Ambiente, tem se empenhado em promover capacitações e construir uma rede para trabalhar nessa área”. Em dezembro do ano passado, a Embrapa Agroenergia promoveu um curso com uma semana de duração sobre a metodologia. Antes disso, já havia organizado palestras e discussões internas.
Durante o Encontro, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Armando Caldeira-Pires explicou que ACV é uma metodologia científica, que utiliza multicritérios. Envolve análises ambientais, econômicas e sociais. Ressaltou também que as análises são quantitativas. “Nós medimos com a máxima precisão possível o quanto está sendo gasto de matérias-primas e de energia”, complementou.
Caldeira-Pires declarou que para aplicar a ACV no setor de biocombustíveis, é preciso pensar além dos processos unitários industriais. “Se vamos analisar bioprodutos, temos que pensar em toda a questão do uso da terra e nos fatores sociais envolvidos”, afirmou.
O Encontro contou também com uma apresentação do pesquisador Anthony Benoist do Cirad, centro de pesquisa francês voltado para a agricultura e o desenvolvimento. Benoist falou sobre uma lei recentemente aprovada na França que exige ACV de diversos produtos comercializados naquele país. Um deles é a manga produzida no Vale do São Francisco. Um grupo de pesquisa foi composto por várias instituições francesas para fazer essa avaliação. Uma equipe está no Brasil, trabalhando com o tema.
Ainda no evento realizado pela Embrapa Agroenergia, a coordenadora de sustentabilidade da Fundação Espaço Eco, ligada à Basf, Sueli Oliveira apresentou os trabalhos que vem desenvolvendo em ecoeficiência. Ela lembrou que “qualidade total já foi um diferencial nas empresas; hoje, é condição sine qua non”. Em sua opinião, o mesmo deve acontecer com as avaliações de ecoeficiência e sustentabilidade. Já que não é possível zerar o impacto ambiental das atividades humanas, é preciso trabalhar para reduzi-lo. “Temos que conviver com o meio ambiente da maneira mais otimizada possível”, concluiu.
Para a Sueli, o Brasil ainda está “engatinhando” nas avaliações de sustentabilidade, mas já conta com bons pesquisadores na área. Para que a metodologia ganhe espaço nas empresas, é preciso capacitação, opina a coordenadora da Fundação Espaço Eco. “O Encontro promovido pela Embrapa é o tipo de trabalho fundamental para que as metodologias avancem e precisa ser replicado”.
A Embrapa Agroenergia está agendando para o dia 23 de maio um novo encontro sobre ACV, dessa vez sobre softwares utilizados para aplicação da técnica.
Mais informações serão divulgadas em breve no site da instituição:
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