Como e quando aplicar fungicidas na cana
Como e quando fazer uso de fungicidas e da melhor tecnologia na cana-de-açúcar podem resultar em ganhos de produtividade e retorno econômico
Com a proposta de aliar ganho de produtividade e sustentabilidade, pesquisadores têm se dedicado ao desenvolvimento de novos produtos, principalmente de origem orgânica ou biológica, que aliem a alta eficiência à sustentabilidade necessária para a agricultura. Um dos exemplos reside na proteína Harpin, resultado de mais de 20 anos de desenvolvimento e pesquisa, iniciados na Universidade de Cornell (EUA), pelo cientista e atual vice-presidente de Tecnologias da Plant Health Care, Zhongmin Wei, que criou um produto a partir de proteína hidrolisada secretada por bactérias fitopatogênicas de ocorrência natural no meio ambiente.
Os estudos sobre a proteína Harpin ganharam destaque na capa da Revista Science, em 1992 e, alguns anos mais tarde, em 2001, o produto ganhou o “Presidential Green Chemistry Challenge Award”, prêmio anual promovido pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos. Atualmente, os benefícios da proteína Harpin podem ser vistos em lavouras ao redor do mundo - das maçãs Gala de Lerida, na Espanha, aos morangos californianos, das laranjas da Flórida às plantações europeias de oliveiras ou às de macadâmia da África do Sul, onde seu uso também ganha destaque em cana-de-açúcar.
A proteína Harpin foi trazida ao Brasil em 2016, pelo engenheiro agrônomo Rodrigo Egéa de Miranda, sob a marca comercial H2COPLA, através de uma parceria da Plant Health Care Brasil com a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), a primeira cooperativa de plantadores de cana a ser fundada no estado em 1948. Miranda explica que a tecnologia promove a ativação fisiológica das plantas, o que permite que a planta expresse todo o seu potencial produtivo. “Basicamente, ela desenvolve raízes melhores e mais profundas, absorvendo nutrientes de uma maneira mais efetiva. Cresce mais forte, com maior amplitude e resistência”, revela o engenheiro agrônomo e diretor da Plant Health Care Brasil, Rodrigo de Miranda. “A planta apresenta maior vigor e resistência aos fatores redutores de produção tanto bióticos quanto abióticos, resultando em aumento significativo de produtividade.” O H2COPLA pode ser utilizado em todas as culturas cultivadas no Brasil, destacando a cana-de-açúcar, o café, a soja, o milho e a batata.
O uso de H2COPLA em cana-de-açúcar no Brasil foi priorizado em consequência da parceria com a Coplacana que, com a colaboração da Associação de Fornecedores de Cana de Piracicaba (Afocapi) e de seus cooperados, desenvolveu vários ensaios de campo para validar o uso da tecnologia para a cultura, durante três safras. Entre 2016 e 2019, dezenas de ensaios, de campo, em diferentes condições de solo, clima, variedade e manejo foram realizados com o objetivo de auferir o aumento de produtividade propiciado pelo uso do H2COPLA, em basicamente dois usos – plantio de cana e soqueira de cana.
Em todos os ensaios, manteve-se o programa de manejo do produtor, comparando esse manejo com e sem a aplicação de H2COPLA, em parcelas lado a lado para evitar variações de solo. Um pouco antes da colheita foi realizada uma biometria nas parcelas, colhendo duas linhas de três metros lineares por parcela e avaliando o peso total da cana, número de colmos, diâmetro médio e altura dos colmos. A cana colhida foi enviada ao laboratório para avaliação de Açúcar Total Recuperável (ATR) no mesmo dia. Os resultados de todos os ensaios foram agrupados para análise, sendo aplicado o Teste de Hartley, para saber se as amostras eram homogêneas para posterior avaliação estatística e, assim, submetidos ao Teste de Tuckey, (Anova) a 5% de probabilidade, transformados em raiz de (x+1) para adequar o Coeficiente de Variação e finalmente colocados em um gráfico de dispersão para melhor avaliação visual.
Os resultados da análise de 24 ensaios em cana-planta, realizados no período de 2016 a 2019, mostraram um incremento médio de tonelada de cana por hectare (TCH) de 34t/ha, ou 28%, a mais que os tratamentos padrão do produtor. Já a avaliação de tonelada de açúcar por hectare (TAH) foi um pouco superior, apresentando incremento médio de 4,7t/ha, ou 28,6%, em relação ao padrão do produtor.
Já para cana-soca foram avaliados 57 ensaios, que mostraram um incremento médio de TCH de 22t/ha, ou 23%, a mais que os tratamentos padrão do produtor. A avaliação de TAH mostrou incremento médio de 3,4t/ha, ou 23,5%, em relação ao padrão do produtor.
Os valores de produtividade (TCH e TAH) e respectivos parâmetros estatísticos são apresentados nos Gráficos 1 e 2, que apontam que os aumentos de produtividade propiciados pelo H2COPLA foram estatisticamente significativos. Uma análise dos componentes da produção mencionados anteriormente mostrou que todos apresentavam benefícios da aplicação de H2COPLA, sendo que apenas a altura do colmo apresentou diferença estatisticamente significativa para cana-soca, e o aumento do número de perfilhos, para cana-planta.
Além dos resultados apresentados em cana-de-açúcar, a proteína Harpin vem sendo usada com sucesso em outros cultivos como o café, onde os benefícios da aplicação foram observados no melhor desenvolvimento vegetativo dos ramos das plantas e no pegamento da florada, resultando em um incremento médio de produtividade de 7,7% (média de 12 ensaios realizados nos últimos dois anos), além de uma maior porcentagem de grãos cereja por ocasião da colheita. Em 2019, a Plant Health Care iniciou um projeto de pesquisa com o Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, em Muzambinho, para ratificar os resultados encontrados em seus ensaios com produtores.
Já para a soja, os ensaios realizados no Brasil mostraram um incremento de produtividade de 15 sacos por hectare com o uso da proteína Harpin (média de quatro ensaios). Sendo esses resultados consistentes com os alcançados em aplicações comerciais, reportados pelos produtores e acompanhados pela Plant Health Care. Novos estudos estão sendo conduzidos em parceria com a Fundação Mato Grosso, para avaliar o uso da proteína Harpin em soja em condições de estresse hídrico, problema que está se tornando acentuado naquele estado, devido à antecipação do plantio, para escapar do período crítico de ocorrência de ferrugem-asiática.
• Orgânico, altamente ativo, estimula a fisiologia da planta;
• Não penetra na planta e, por isso, não deixa resíduo na produção;
• Em contato com o ambiente, degrada-se em minutos;
• Combinado a outras soluções existentes no mercado, entrega ainda melhores resultados;
• Propicia maior expressão do potencial produtivo da planta.
A Plant Health Care investe também em pesquisas de controle de ferrugem-asiática da soja, tendo submetido para registro seu mais novo produto PREtec (PHC 279), um peptídeo derivado das proteínas Harpin para o manejo dessa doença. Estudos realizados no Brasil, em tratamento de sementes, mostraram aumento da eficácia do programa de fungicida foliar em até 45% e um crescimento de rendimento de soja em até 16%, quando comparado com o programa de fungicida foliar isoladamente.
A Plant Health Care tem por objetivo oferecer novas ferramentas ao produtor rural que reflitam tecnologias patenteadas de base orgânica e ecológica para seus cultivos e que resultem em maiores produtividades e melhor proteção contra doenças e estresses ambientais.
Sergio Luiz de Almeida, Rodrigo Egéa de Miranda, Leonardo Scaramucci, Carlos Eduardo Nogueira, José Mauro Atanázio, Plant Health Care Brasil
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