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A publicação “Caatinga: concentração espacial e dinâmica de produtos agrícolas” apresenta resultados de caracterização quantitativa e espacial da produção agropecuária no bioma Caatinga. A partir da identificação de 74 produtos agropecuários representativos e persistentes na Caatinga, foram feitas análises de cada uma das cadeias produtivas nessa região e suas respectivas evoluções espaciais, no período de 1990 a 2017.
O estudo foi realizado em parceria entre a Embrapa Territorial (SP) e a Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Embrapa, sendo um dos resultados do projeto Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (SITE) para o Desenvolvimento Sustentável da Agropecuária no Bioma Caatinga, financiado pelo Banco do Nordeste (BNB). Os autores são o pesquisador Fernando Garagorry (Sire) e o analista André Farias (Embrapa Territorial).
O documento reúne dois tipos principais de análise dos produtos agropecuários da Caatinga. O primeiro refere-se aos estudos de concentração espacial que demonstram como a produção de cada item no bioma se concentra em algumas regiões do bioma. Essa análise é produzida de acordo com os volumes de cada produto, identificados nos dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O segundo tipo de análise avalia se as regiões com maior destaque de produção em período anterior permanecem as mesmas nos dias atuais ou se existem alterações importantes em termos dos locais que reúnem os maiores volumes de produção de determinado item. Essa análise de dinâmica espacial é apresentada por meio de indicadores e mapas que mostram as mudanças ocorridas ao longo de alguns anos entre grupos de concentração e entre regiões.
Os resultados deste trabalho, de acordo com o especialista da Embrapa Territorial, reforçam a ideia de que ter conhecimento geral sobre a evolução quantitativa e espacial da produção nas últimas décadas é importante para o planejamento e o monitoramento de programas de desenvolvimento regional e outras iniciativas orientadas para ganhos de produtividade e de produção agrícola.
“Conhecer as regiões que concentram a produção de uma determinada cultura agrícola ou de um rebanho e saber se essa condição mudou recentemente são subsídios importantes para as cadeias produtivas da região”, destaca André Farias.
Na análise individual de cada um dos 74 produtos persistentes na Caatinga, os autores da publicação observaram que poucas microrregiões são responsáveis pela maior parte da produção, ou seja, os produtos agropecuários da Caatinga apresentam significativa concentração espacial, salvo algumas exceções.
Uma forma de representar essa concentração é por meio da análise do indicador G75 que identifica as microrregiões que reúnem, no mínimo, 75% do total produzido de um determinado produto em um ano específico. “O que se observa na Caatinga é que, para a grande maioria dos produtos, as microrregiões que somam 75% do total produzido representam menos de 25% do número de regiões onde esse item é produzido”, explica André Farias.
Como exemplo, ele cita as 107 microrregiões da Caatinga que registraram alguma produção de manga em 2017. Apenas três destas 107 microrregiões reuniram mais que 75% do total da produção de manga identificado no bioma. O mesmo ocorre com o tomate: 70 microrregiões produziram tomate na Caatinga em 2017, mas apenas seis microrregiões foram suficientes para representar mais do que 75% do volume produzido.
A análise da concentração espacial indica, portanto, em termos espaciais e estatísticos, quais são aquelas microrregiões que mais se destacam na produção de determinada cadeia produtiva, e é um indicador consistente para o planejamento de políticas voltadas ao desenvolvimento agropecuário de uma cadeia específica ou de um conjunto de produtos.
O segundo tipo de análise efetuado neste estudo, referente à dinâmica, é complementar à análise de concentração espacial, na medida em que identifica de que forma essa concentração se altera ou não ao longo do tempo. A publicação destaca que, para maioria dos produtos da Caatinga, as microrregiões que concentram a produção mudam ao longo do tempo, ou seja, as microrregiões que concentravam grande parte da produção em 1997 não são as mesmas microrregiões que concentram grande parte da produção em 2017.
Como exemplo, Farias cita a análise da produção de manga. Em 1997, as microrregiões de Itaberaba (BA), Juazeiro (BA) e Ibiapaba (CE) produziram 55% do total de manga registrado na Caatinga. Já no ano de 2017, são as microrregiões do Litoral de Aracati (CE), Chapada do Apodi (RN), Ipu (CE), Mossoró (RN) e Baixo Jaguaribe (CE) que reúnem 56,9% do total produzido de manga na Caatinga.
“Houve um importante deslocamento espacial da produção na comparação entre esses dois anos (1997-2017), seja porque as principais áreas de produção em 1997 tiveram um declínio dos volumes produzidos, seja porque novas áreas aumentaram de maneira expressiva sua produção, ganhando importância relativa frente às primeiras”, pontuou Farias.
Para mais informações sobre o estudo, acesse aqui a publicação.
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