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Está em desenvolvimento, na região Central de Minas Gerais, um projeto de transferência de tecnologia de utilização de dejetos animais para produção agrícola.
O objetivo principal é proporcionar a adoção por parte dos produtores, de forma consciente, do uso desse tipo de dejeto como fertilizante. Para isso, está sendo feita capacitação de técnicos e de produtores rurais, quando são disponibilizados conhecimentos tecnicamente corretos sobre práticas de tratamento e de utilização adequada dos dejetos.
Hoje, são geradas anualmente no país, sobretudo nos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, cerca de 315 milhões de toneladas de dejetos em sistemas de confinamento de suínos, aves e bovinos. Segundo dados trabalhados no projeto, “a conversão efetiva dos alimentos ingeridos pelos animais em crescimento e em aumento de peso vivo varia de 30% a 60%, sendo o restante eliminado pelas dejeções. Independentemente da maneira como considerados, os dejetos animais apresentam alto risco de poluição ao meio ambiente, especialmente para os recursos hídricos”.
É exatamente aí que entra a possibilidade de se usar dejetos animais como fertilizantes. Utilizando-os de forma adequada em lavouras, em substituição aos fertilizantes químicos hoje mais disseminados, vários ganhos podem ser conseguidos: redução ou até eliminação do potencial de poluição; diminuição dos custos da produção agrícola; gradativa melhoria das propriedades dos solos; e aumento da produtividade.
“É necessária a conscientização dos produtores para as vantagens da utilização dos dejetos de animais como fertilizantes, para a necessidade do tratamento destes resíduos antes de sua utilização e para a importância da distribuição racional e adequada no ambiente”, explica Marco Aurélio Noce, engenheiro agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo e coordenador do projeto. Segundo ele, hoje ainda é baixo o índice de adoção dessa tecnologia e, quando ela é usada, isso é feito geralmente de forma inadequada.
Experimentos conduzidos pela Embrapa e por outras instituições de pesquisa mostraram que não há diferenças na produtividade média nem em culturas como o milho e a soja, nem no volume de forragem em pastagens. Desde, é claro, que sejam supridas as necessidades nutricionais das culturas com a quantidade correta do produto. Ao contrário, houve casos em que a produção verificada em locais onde foram usados dejetos animais acabou sendo maior do que em lugares onde foi feita adubação química.
Em termos financeiros, também há vantagem. Hoje, o custo médio de adubação de culturas de grãos com fertilizantes químicos ultrapassa R$700,00 por hectare. “Aproveitando os dejetos devidamente tratados produzidos na propriedade, seja de suínos, aves ou bovinos, o produtor pode reduzir em até 50% este custo, melhorando significativamente a rentabilidade de sua atividade”, conta Marco Aurélio.
Com o tempo, o solo vai sendo gradativamente melhorado, já que passa a receber matéria orgânica sistematicamente. Outra possível consequência é a certificação do produtor como orgânico (que requer outras providências além do uso de fertilizantes não-químicos), o que agrega valor à produção, elevando seu preço final de mercado.
Seminário – Uma das ações do projeto aconteceu em Pará de Minas-MG no dia 13 de novembro, quando foi realizado o seminário “Manejo racional da cama de aviário / produção de fertilizante e energia”. A realização foi conjunta entre a Embrapa Milho e Sorgo e a Emater-MG e contou com o apoio da Prefeitura Municipal, da Câmara Municipal e do Sindicato Rural da cidade.
Clenio Araujo
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
/ (31) 3027-1272
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