VI Encontro de Iniciação Científica e Pós-Gradução da Embrapa Clima Temperado
O evento apresenta um espaço para a divulgação, a promoção, o acompanhamento e a discussão dos trabalhos de iniciação científica e de pós-graduação
Atualmente, o principal desafio da agricultura é alimentar o mundo e mantê-lo econômico e socialmente sustentável. A variabilidade meteorológica sazonal é conhecida como uma fonte primária de riscos na produção agrícola. As principais causas de quebras na produção estão associadas tanto à falta de umidade quanto ao excesso de chuvas. Outras fontes de risco de produção, tais como incidência de pragas e doenças, também são altamente relacionadas à variabilidade climática. Além disso, os desafios colocados pelas alterações climáticas são cada vez mais expressivos.
Muitos esforços têm sido feitos para desenvolver soluções, com base na simulação de culturas e modelos de pragas/doenças, para ajudar os produtores na tomada de decisões, compreender os fenômenos agrícolas e reduzir os custos produção com a redução do uso desnecessário de pesticidas, aumentando a sustentabilidade de suas operações e minimizando os riscos. Na Universidade de Passo Fundo (UPF), essas ferramentas de informações climáticas são desenvolvidas pelo grupo de pesquisa Mosaico, o qual tem alcançado bons resultados.
Evento internacional
Para relatar os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa, o professor dos cursos da área de Informática e do Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada, Willingthon Pavan, foi convidado a palestrar em evento internacional, o Apec Climate Symposium 2016. Esse evento reúne, anualmente, cerca de 100 cientistas, tomadores de decisões e políticos de todo o mundo para discutir questões emergentes na previsão do clima e suas aplicações. Este ano, o APEC Climate Symposium teve como foco principal a questão da segurança alimentar. O evento vem sendo organizado desde 2005 pela cooperação econômica Ásia-Pacífico, a qual é composta por 21 países-membros do círculo do Pacífico.
As discussões acerca do tema iniciaram ainda no dia 16 de setembro, com participação de pesquisadores que evidenciaram temas relacionados à segurança alimentar, agricultura, mudanças climáticas, pesca, relações público-privadas e cooperação internacional. Após debate técnico-científico, os Ministros de Estado dos 21 países seguiram com discussões e projetos políticos e, por fim, os presidentes de cada um dos países esteve presente no evento, que encerrou nessa terça-feira, dia 27 de setembro.
O professor da UPF participou do Apec 2016 entre 16 e 18 de setembro e foi o único brasileiro a estar presente e a palestrar no encontro. Na oportunidade, Pavan explanou sobre as pesquisas desenvolvidas na UPF que produziram ferramentas de auxílio na tomada de decisões em relação às variáveis envolvidas na produção de alimentos e na agricultura, baseada em informações climáticas. “Os estudos de possíveis mudanças climáticas é um dos principais pontos de preparação. Nosso trabalho auxilia o produtor, o técnico e o pesquisador a tomar decisões relacionadas à produção, a curto, médio e longo prazo”, constata.
Pesquisa
O grupo de pesquisa Mosaico da UPF realiza estudos nessa temática desde 1999 e tem desenvolvido softwares e estruturas para a simulação de modelos de insetos/pragas e doenças. “O grupo busca desenvolver, de forma genérica e de modo acoplado, modelos de culturas com o objetivo de melhorar a estimativa do rendimento das culturas sob diferentes cenários”, explica Pavan, ressaltando que a experiência do grupo tem mostrado que a ajuda aos produtores, no uso e no entendimento das previsões climáticas, auxilia na redução dos riscos de produção e na adaptação de práticas de gestão para o clima esperado, aumentando a sua capacidade para enfrentar os potenciais impactos climáticos sobre a produção agrícola.
Os modelos de simulação de culturas, de acordo com o professor, operam com base em processos fisiológicos que descrevem a resposta da cultura ao solo, condições de gestão e ambiente. “Resultados de modelos de simulação podem ser usados para prever as mudanças e detectar tendências em indicadores biofísicos tais como o rendimento da cultura, a adsorção de nutrientes, lixiviação de nitrato, e os níveis de carbono do solo”, comenta ele, evidenciando que esses modelos de culturas podem facilitar a análise eficiente das questões relacionadas com a produção agrícola.
A aplicação de modelos de culturas na avaliação de risco está sendo considerada para otimizar a gestão para áreas espacialmente variáveis. “Essas aplicações requerem modelos de culturas precisos, capazes de simular concorrentemente a cultura, os insetos e as doenças. Modelos baseados em funções simples de crescimento podem ser usados para descrever surtos, mas não para explicar os processos biológicos. Modelos personalizados podem ser construídos a partir desse ponto de partida para incluir processos biológicos, como a compartimentalização dos indivíduos afetados em diferentes compartimentos”, conclui.
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