IICA fortalece esforços para garantir a segurança alimentar
O foco do trabalho foi dirigido às ações de cooperação técnica que podem limitar as consequências da pandemia no setor agroalimentar e rural da América Latina e do Caribe
Máscaras, luvas, viseiras, óculos de proteção, aventais e macacões são Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) que fazem parte do cotidiano de produtores e trabalhadores rurais. Também são de uso comum aos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos) e de limpeza nos hospitais. Mas nesse cenário de pandemia do novo coronavírus (Covid-19) são crescentes os relatos de falta ou racionamento desses equipamentos – justamente quando sua utilização se faz mais necessária devido à facilidade de transmissão dessa doença.
Por isso, produtores rurais de Goiás têm oferecido EPIs para suprir as necessidades das unidades de saúde de seus municípios. As doações são feitas a partir dos equipamentos disponíveis nos estoques das fazendas, por meio da compra de EPIs nas lojas agropecuárias ou mesmo em dinheiro.
“Geralmente o produtor sofre muitos percalços no seu dia-a-dia e, por isso, se sensibiliza mais em situações como essa”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), Adriano Barzotto. “Sabemos que os governos gastam mal o dinheiro público, muitas vezes de forma incoerente e inconsequente. Mas não é por isso que a gente vai deixar de ajudar a comunidade, principalmente com produtos que estamos acostumados a comprar e a sempre ter em estoque”, completa.
Por isso, a Aprosoja-GO lançou a campanha “Agricultor Solidário contra o Coronavírus” e contactou a Secretaria de Estado da Saúde para direcionar as doações às unidades hospitalares que mais estão precisando de ajuda.
Na região metropolitana de Goiânia, por exemplo, que concentra mais da metade dos 60 casos confirmados no Estado até esta segunda-feira, 30/03, o novo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) será a unidade prioritária de atendimento de casos da Covid-19. Seus profissionais de saúde estão recebendo qualquer tipo de EPI, que devem ser enviados ou entregues diretamente na Faculdade de Enfermagem da UFG, que fica ao lado do HC (Rua 227, s/n, Qd. 68, Setor Universitário, Goiânia-GO, CEP 74605-080; telefone: 62 3209-6280).
O presidente da Aprosoja-GO lembra que é importante também oferecer auxílio aos hospitais e postos de saúde das pequenas cidades do interior, que muitas vezes acabam esquecidas. E diz que, se necessário, os produtores podem ajudar de outras formas. “Se a pandemia se agravar mais, a gente tem condições de fazer limpeza e desinfecção de ruas, escolas, e equipamentos dos hospitais. O agro está sempre disposto a ajudar”, ressalta Barzotto.
Além de EPIs prontos, são muitos os exemplos de voluntários que estão se mobilizando para criar e produzir equipamentos que serão doados aos hospitais. É o caso do produtor rural Fabiano Ferrari, de Rio Verde-GO, no sudoeste goiano. Após conversar com amigos médicos, ele decidiu fabricar bases (que se acoplam na cabeça) de viseiras destinadas a proteger os rostos dos profissionais de saúde.
Fabiano, que também é modelista e restaurador de carros antigos, desenha os moldes no software e imprime as bases de plástico biodegradável em uma impressora 3D. As placas de acetato que formam as viseiras foram compradas por um grupo de produtores locais. O processo de produção é demorado, leva-se mais de 2 horas para produzir uma única base; depois é preciso encaixar a parte frontal da viseira.
As máscaras podem ser higienizadas com álcool e são laváveis. Uma remessa inicial de 30 viseiras completas está sendo encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Verde. A cidade foi a primeira do interior goiano a identificar casos de coronavírus e possui a maior quantidade de confirmados fora da capital (7 pacientes até o fechamento desta matéria). Já apresenta transmissão comunitária da doença, quando não é mais possível identificar qual pessoa transmitiu o vírus para a outra.
“Está difícil encontrar o material das viseiras, mas à medida que forem pedindo, eu vou fazendo”, afirma Fabiano. “A vida inteira a gente sempre ajudou os outros. Agora vi uma maneira diferente de contribuir: em vez de doar dinheiro, estou ajudando com equipamentos.”
Segundo ele, pessoas de todo o País que têm impressoras 3D estão desenvolvendo EPIs para os profissionais de saúde e hospitais, inclusive, respiradores. “Vamos fazer a nossa parte. Cada um tem que ter consciência e se cuidar”, destaca o produtor.
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