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A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, recomendou cautela na produção agropecuária para a safra 2009/2010, em razão do atual cenário de crise financeira internacional.
A recomendação ocorreu durante o lançamento do CNA em Campo, sábado (25/04), em Tangará da Serra/MT.
Diante da retração do consumo mundial, ela disse que os produtores rurais devem evitar o aumento de área plantada. "Se eu fabrico mil pães e os consumidores compram oitocentos, então eu tenho de reduzir minha fabricação. Na atividade rural, eu não posso aumentar minha área se minha produção não for totalmente adquirida. Esta próxima safra ainda é uma incógnita. Então, o que se deve fazer, no máximo, é manter a mesma área da safra passada", orientou a presidente da CNA.
Segundo ela, em um momento de queda de Produto Interno Bruto (PIB) e do nível de empregos, os alimentos mais produzidos são os que passam a ser menos consumidos, sendo a carne o primeiro produto a ser cortado da lista das famílias. Ela falou ainda sobre a necessidade de mais crédito oficial, diante da redução de financiamentos das tradings. "O Governo garante apenas um terço dos recursos que o produtor precisa para bancar sua lavoura. O resto é das tradings ou recursos do próprio produtor", afirmou. Para o período 2009/2010, Kátia Abreu estimou em R$ 150 bilhões o volume de recursos necessários para custear a produção, dos quais R$ 76 bilhões apenas para o setor de grãos.
Outro agravante para a falta de recursos, lembrado por Kátia Abreu, foi o elevado risco de inadimplência junto aos bancos, que elevou o endividamento do setor nas safras 2003/2004, 2004/2005 e 2005/2006, quando os produtores enfrentaram problemas como a oscilação cambial, plantando com dólar alto e colhendo com a moeda norte-americana baixa, os problemas climáticos na região Sul em Mato Grosso do Sul, a ferrugem asiática, que atacou a produção de soja no Centro-Oeste, entre outros fatores. Ela disse que CNA, Governo e Banco do Brasil discutem a elaboração de um novo modelo de crédito rural para formatar um sistema que permita ao produtor financiamentos mais acessíveis. "Hoje o produtor com elevado risco de inadimplência não consegue tomar novos financiamentos", explicou.
No encontro, a presidente da CNA também abordou a demarcação de terras indígenas. Na sua avaliação, este tema deve ser regido de acordo com o que determina a Constituição. Apesar de o Supremo Tribunal Federal votar a favor do modelo contínuo de demarcação sobre a reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, a senadora disse que as ressalvas feitas pela Corte Suprema deixaram claro o que está definido em lei. "As terras indígenas são aquelas ocupadas na época da promulgação da Constituição. Depois, não se pode aumentar as áreas da reserva nem demarcar áreas sem índios na época", argumentou.
Kátia Abreu informou que na próxima semana haverá ampla discussão sobre a legislação ambiental brasileira, com deputados estaduais, secretários estaduais de Agricultura e Meio Ambiente, deputados federais e senadores. A idéia é conhecer um estudo preparado por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mostrando as áreas do território brasileiro comprometidas com atividades econômicas, cobertura florestal e terras indígenas. "A ciência é quem deve definir o que deve se reservado para a produção, o que deve ser Área de Preservação Permanente (APP), reserva legal, com base em argumentos técnicos, não em empirismo", disse.
A senadora defendeu que os produtores sejam capacitados para ter uma melhor gestão de suas propriedades. "A eficiência para produzir grãos e carnes deve ser passada para os livros contábeis, para que ele racionalize seus custos de produção e tenha mais noção dos seus gastos", enfatizou. Ela mencionou ainda ações de responsabilidade social que estão sendo feitas pelo Sistema CNA/SENAR. Entre os projetos, o programa de Inclusão Digital Rural, para possibilitar o acesso à informatização no campo, e o Útero é Vida, que consiste na orientação sobre o câncer de colo de útero.
No primeiro compromisso em Tangará da Serra, Kátia Abreu se encontrou com o prefeito interino do município, José Pereira Filho, e o promotor do Ministério Público, Reinaldo Rodrigues. Na pauta, os problemas enfrentados pelos produtores com a legislação ambiental. Em seguida, ela foi recebida pelo Frei Valdir Schneider, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Ela também fez palestra para 600 produtores rurais sobre a agropecuária e o desenvolvimento socioeconômico do País e se reuniu com presidentes de Sindicatos Rurais.
Participaram do evento o 1 Vice-Presidente da CNA, Ágide Meneguette, o Vice-Presidente executivo da entidade, Fábio de Salles Meirelles Filho, o deputado Homero Pereira, Vice-Presidente Diretor da CNA, e o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO), Rui Prado. Também marcaram presença o presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Normando Corral, e o deputado estadual Wagner Ramos.
Fonte: Agência CNA -
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