Possíveis impactos causados pelo El Niño preocupam especialistas europeus

Relatório divulgado em Bruxelas prevê consequências do fenômeno climático sobre a produtividade agrícola

21.07.2023 | 15:12 (UTC -3)
Cultivar

O segundo semestre de 2023 será marcado pelo ressurgimento do fenômeno El Niño. Dadas as suas consequências no clima, os especialistas da União Europeia insistem que contribuirá, sem dúvida, para o agravamento do aquecimento atmosférico. Espera-se que a região do Indo-Pacífico experimente um quarto trimestre muito quente, com períodos de seca acentuados.

Como o período coincide com a chegada do verão no hemisfério sul, as consequências sobre a produtividade agrícola parecem inevitáveis, segundo prevê um relatório divulgado em Bruxelas, esperando-se uma queda acentuada em certos rendimentos

Os climatologistas estimam que este episódio de El Niño será forte. E ele está voltando para a frente do palco mais rápido do que o esperado. Ainda é cedo para anunciar previsões confiáveis, mas já há incerteza em relação a várias matérias-primas agrícolas, que podem sofrer quedas de rendimento de até 40% a partir do primeiro semestre de 2024. Certos cereais, açúcar, óleo de palma ou mesmo o setor cítrico seriam os mais ameaçados.

Já é esperado um impacto forte nas principais regiões agrícolas. As perturbações meteorológicas trazidas pela instalação do fenômeno oceano-atmosférico poupam certas regiões do mundo, em particular o Magreb ou o Oriente Médio. Assim como a Europa, onde seus efeitos serão sentidos muito pouco.

Infelizmente, são as regiões da Ásia-Pacífico e do continente americano, tanto ao norte quanto ao sul, as mais afetadas; as áreas agrícolas mais importantes para o planeta.

Como lembrete, China, Índia e Indonésia são os 3 maiores produtores de arroz. Este último é também o principal exportador de óleo de palma. O Brasil é o principal produtor de soja, a Austrália é um player muito importante no cultivo de cevada ou colza.

A União Europeia prevê consequências potenciais na segurança alimentar. A ocorrência de um episódio intenso de El Niño e, sobretudo, o seu aparecimento com maior frequência pode representar, a médio prazo, um risco significativo para a segurança alimentar de determinadas regiões. A África Austral, já sob grande pressão sobre as importações, seria uma das primeiras zonas a sofrer as consequências de uma quebra generalizada dos rendimentos agrícolas.

Essas quedas no rendimento e na produção representam um problema quando se estabelecem ao longo do tempo. Nesse caso, aparecem as dificuldades de abastecimento. Eles então levam a preços mais altos para os setores de matérias-primas e alimentos.

Uma situação que deve ser temida, sendo o Sudeste Asiático, em particular, a zona mais vulnerável, segundo os economistas. Nesta parte do mundo, o setor de alimentos responde por 40% do índice de preços ao consumidor. Por outro lado, a Europa seria poupada e poderia até se beneficiar do aumento dos preços dos produtos agrícolas para suas exportações.

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