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Pesquisadores chineses desenvolveram plataforma de fenotipagem em alta resolução que permitiu mapear com precisão 54 características morfológicas das espigas de trigo em 1.359 acessos. Seu estudo indica como a seleção e combinação de variantes genéticas (haplótipos) ao longo do século XX pode haver contribuído para o aumento do volume da espiga.
A equipe analisou dados de 306 variedades tradicionais de diversas regiões do mundo e 1.053 acessos lançados entre 1900 e 2020 na China. A análise genética envolveu mais de 40 milhões de marcadores SNP, permitindo traçar a origem, seleção e impacto de alelos ligados à espiga.
As combinações haplotípicas foram identificadas como principais determinantes das variações na forma e no volume da espiga, componentes críticos para o rendimento do grão.
A espiga do trigo é formada por estruturas chamadas espiguetas, que produzem flores com anteras, carpelos e glumas. Os cientistas avaliaram cinco partes iguais da espiga, mensurando largura, espessura, área e volume em vista frontal e lateral. A espessura da espiga (largura lateral) e a largura frontal mostraram forte correlação positiva com o peso da espiga e o peso de grãos por espiga.
Enquanto o comprimento da espiga se manteve estável ao longo do tempo, a largura e a espessura aumentaram de forma significativa. A estratégia de seleção genética rompeu uma limitação natural: a correlação negativa entre espigas longas e espigas largas/espessas, comum em linhagens tradicionais. Esse rompimento permitiu obter espigas maiores, com maior número de grãos.
A análise filogenética dividiu os acessos globais em dois grupos principais: asiáticos e europeus. Na China, os acessos foram agrupados em quatro fases de lançamento: pré-1960, 1961–1980, 1981–2000 e 2001–2020. A diversidade genética (π) e a diferenciação populacional (Fst) confirmaram que a introdução de variedades estrangeiras foi crucial para enriquecer a base genética do trigo chinês moderno.
Durante o processo de melhoramento, haplótipos desfavoráveis (ligados a espigas menores) foram gradualmente substituídos por combinações genéticas superiores. A frequência de haplótipos favoráveis para o volume da espiga aumentou de 12,6% antes de 1960 para 61,1% após 2000.
Mesmo com o avanço do melhoramento genético, muitos haplótipos favoráveis ainda permanecem subutilizados, especialmente em regiões como Oeste Asiático e na África. As combinações haplotípicas eficientes, capazes de ampliar o volume em múltiplas seções da espiga (da base ao topo), continuam presentes em menos de 30% dos acessos analisados.
Além disso, a análise mostrou que a morfologia da espiga pode ser regulada de forma independente em diferentes partes — topo (P1), centro (P2–P4) e base (P5). Essa descoberta abre caminho para manipulações genéticas direcionadas a partes específicas da espiga, com potencial de adaptação a ambientes variados.
O estudo validou funcionalmente dois genes candidatos -- TraesCS6B02G126000 e TraesCS1D02G068300 -- responsáveis pelo aumento do volume nas partes apical e basal da espiga, respectivamente. Linhagens recombinantes e populações haploides duplas confirmaram que a introdução de alelos específicos nesses genes pode aumentar o volume da espiga em até 18%.
Esses genes foram usados em programas de melhoramento assistido por marcadores. Um dos casos mais bem-sucedidos foi a criação de uma linha isogênica (BBC-154), na qual a introdução de um padrão genético específico aumentou o volume da espiga em 53,2% em comparação com a variedade parental.
Outras informações em doi.org/10.1016/j.celrep.2025.116120
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