Pesquisadores descobrem novo tecido vegetal após 160 anos

Identificação inédita abre caminho para aumento da produtividade em culturas agrícolas

10.04.2025 | 15:17 (UTC -3)
Revista Cultivar
A deposição de calose diminui de A para C, mas aumenta de D para E. (A–C) Óvulos de tipo selvagem 1 dia após a polinização (DAP) (A), 2 DAP (B) e 3 DAP (C). (D–F) Óvulos geneticamente modificados 1 DAP (D), 2 DAP (E) e 3 DAP (F) - Imagem: Ryushiro Kasahara
A deposição de calose diminui de A para C, mas aumenta de D para E. (A–C) Óvulos de tipo selvagem 1 dia após a polinização (DAP) (A), 2 DAP (B) e 3 DAP (C). (D–F) Óvulos geneticamente modificados 1 DAP (D), 2 DAP (E) e 3 DAP (F) - Imagem: Ryushiro Kasahara

Pesquisadores da Universidade de Nagoya, no Japão, identificaram tecido vegetal essencial para a formação das sementes. Conforme os cientostas, é o primeiro tecido vegetal descoberto em 160 anos. O estudo foi publicado na revista Current Biology. A descoberta já demonstrou aplicações práticas, permitindo aumentar a produtividade em culturas como o arroz.

O novo tecido, denominado pelos cientistas como "Kasahara Gateway", em homenagem ao pesquisador Ryushiro Kasahara, foi encontrado de forma acidental.

Durante uma investigação sobre a deposição de calose, substância associada à fertilização, Kasahara observou sinais inesperados em áreas opostas ao local habitual de fertilização nas plantas.

"Ninguém estava olhando onde eu estava. Fiquei surpreso, principalmente porque percebemos que o sinal era especialmente forte quando a fertilização falhava", afirmou o pesquisador.

O tecido recém-descoberto funciona como uma espécie de "portão", controlando o fluxo de nutrientes para as sementes em formação. Em estado fechado, a calose bloqueia o transporte de nutrientes, impedindo o desenvolvimento de sementes não fertilizadas.

Após uma fertilização bem-sucedida, este portão abre-se pela degradação da calose, permitindo que nutrientes sejam direcionados exclusivamente às sementes viáveis.

Os cientistas identificaram o gene AtBG_ppap como responsável por essa degradação da calose. Quando manipulado geneticamente para superexpressar este gene, o "portão" permaneceu permanentemente aberto, aumentando o fluxo de nutrientes e, consequentemente, o tamanho das sementes. Experimentos realizados com arroz mostraram sementes 9% maiores; outras espécies alcançaram até 16,5% de aumento.

A descoberta desse mecanismo pode ser significativa para o melhoramento genético vegetal, oferecendo uma nova estratégia para aumentar a produtividade agrícola.

Além disso, os resultados ampliam o entendimento sobre a evolução das plantas com flores (angiospermas), explicando como elas otimizam recursos ao evitar o desperdício de nutrientes com sementes inviáveis.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1016/j.cub.2025.03.033

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