Pesquisadores africanos visitam a Paraíba

24.09.2009 | 20:59 (UTC -3)

Nesta sexta-feira (25/09), os produtores de algodão agroecológico da região polarizada pelo município paraibano de Remígio recebem uma visita inusitada: 12 pesquisadores africanos oriundos do Mali, Burkina Faso, Chade e Benin.

São os quatro países maiores produtores de algodão do continente, e estão na Paraíba para uma visita de intercâmbio técnico-científico, sob patrocínio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).

“Há um interesse específico dos pesquisadores em conhecer o modo de organização dos nossos agricultores familiares e as alternativas que o Brasil encontrou para inserir esse segmento no agronegócio da cotonicultura, especialmente através de modelos de cultivos agroecológicos”, diz José Ednilson Miranda, um dos pesquisadores da Embrapa Algodão que coordena a visita técnica à Paraíba.

Na terça-feira (22), os pesquisadores africanos foram recebidos pelo prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rêgo. “É uma honra recebê-los em nossa cidade e espero que aproveitem ao máximo o conhecimento que os competentes pesquisadores da Embrapa têm para oferecer”, disse o gestor municipal. “Queremos consolidar uma parceria e aprofundar a troca de informações técnicas”, disse Amadou Atarra.

Na quarta-feira (23), a comitiva africana visitou o projeto “Algodão no sistema familiar”, realizado pela Embrapa em parceria com o Comitê de Entidades do Combate à Fome e pela Vida (COEP), no município de Juarez Távora (PB). “A organização dos nossos agricultores ainda é muito frágil”, reconhece Amadou Ali Attara, pesquisador do Mali que lidera a comitiva internacional.

Durante toda a semana os pesquisadores africanos conhecem as principais linhas de pesquisa desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento de Algodão da Embrapa em Campina Grande (PB). Eles assistiram palestras dos pesquisadores brasileiros nas áreas de Fitopatologia, Entomologia, Biotecnologia, além de aspectos de Transferência de Tecnologia e uso maquinas e implementos agrícolas.

O grupo estrangeiro também conheceu a rotina dos principais laboratórios da Embrapa Algodão localizados em Campina Grande. O consultor francês, Marc Gibrand, que atuou como tradutor, também falou aos especialistas da África sobre o programa de cooperação entre esta unidade de pesquisa da Embrapa e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica pelo Desenvolvimento (Cirad).

Hoje eles visitam as instalações da EMBRATEX na cidade, e a partir das 16 horas conhecem o trabalho da COOPNATURAL com produção de confecções à base de algodões coloridos.

Segundo José Miranda, que esteve recentemente no continente africano, o programa de cooperação com a Embrapa prevê intercâmbio nas áreas de melhoramento genético e biotecnologia, controle de pragas e doenças do algodão e manejo e conservação de solos.

“Interessa-nos especialmente a grande biodiversidade do algodão africano, de onde poderemos desenvolver novas variedades”, comenta Miranda. O pesquisador brasileiro diz ainda que uma das primeiras grandes ações do intercâmbio será a instalação na cidade de Bamako, no Mali, de um laboratório para a produção em larga escala de Trichogramma sp, para o controle biológico de lagartas no algodoeiro, um grave problema para a cotonicultura africana.

Os pesquisadores da África têm pela frente outro desafio importante: obter variedades de algodão menos amareladas do que as que são cultivadas nos quatro países que compõem o grupo de maiores produtores da região, chamado Cotton Four. “Aqui no Brasil nós temos um dos algodões mais brancos do mundo”, diz Miranda.

Dalmo Oliveira da Silva

Embrapa

(83) 3182. 4300 /

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