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O modelo de produção agrícola que não leva em consideração as condições ambientais e sociais devem ser substituídos, segundo o pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, Afonso Peche Filho. Em 26 de maio, em Louveira, ele apresenta o estudo de caso sobre o município, no III Fórum de Viticultura de Louveira. Para Peche, o atual modelo é inviável e direciona os produtores para áreas urbanas.
De acordo com Peche, a sociedade necessita de alimentos saudáveis, água limpa, ecossistemas preservados e beleza cênica não só para o bem estar dos moradores, mas de forma a estimular o turismo rural. “O desequilíbrio ambiental na agricultura causa diminuição de infiltração das águas da chuva, erosão, assoreamento de lagos e rios, doenças e desaparecimento de flora e fauna”, diz o pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
A cidade de Louveira produziu, em 2013, 7600 toneladas de uva de mesa, o que representa 10% da produção de uva Niágara do Circuito das Frutas, no interior paulista. Peche afirma que o associativismo é uma das formas de fortalecimento dos produtores municipais de Louveira, além de abastecer a cidade com produtos locais como forma também de reconhecimento da importância do viticultor para a cidade. “É comum encontrarmos vinagres balsâmicos de Modena nos mercados brasileiros, pois a cidade italiana possui um forte associativismo e uma padronização do produto. Essa é uma diretriz que devemos seguir”, afirma o pesquisador do IAC.
A cidade de Louveira está situada entre dois ecossistemas: da Mata Atlântica e o do Cerrado, que possuem características diferentes. “Por isso, os passos para o redirecionamento e mudanças no perfil de produção agrícola da cidade deve ser baseado em um diagnóstico agroambiental, esse tipo de estudo permite o desenvolvimento de critérios para elaboração do projeto individual por propriedade (PIP). A participação do poder legislativo municipal, a fiscalização e o associativismo dos produtores são fundamentais”, diz o pesquisador do IAC. O projeto individual por propriedade deve levar em consideração a adequação para prestar serviços ambientais como é o caso do sequestro de carbono, segundo Peche.
Para o pesquisador, todas as demandas de Louveira são iguais às de outras cidades. Entre os ganhos com as mudanças está o aumento na captação de águas de chuvas e obtenção de água pura por meio de infiltração, preservação da biodiversidade, recuperação de áreas degradadas e beleza cênica para o agroturismo. “Cabe às lideranças empreender ações e provocar a tomada de consciência sobre os conceitos implícitos numa nova forma de produzir um velho produto”, diz o pesquisador do IAC.
Peche explica que o município está localizado em uma área tropical de relevo acidentado, sendo necessário manter uma boa cobertura do solo para não sofrer erosão e esterilização, por conta do forte calor. No passado, as técnicas de produção preconizavam a limpeza total do solo e esse erro causou danos aparentemente irreparáveis, que hoje podem ser corrigidos com a adequação para produção de água por infiltração, manejo para cobertura do solo, prática adequada com bons produtos e tecnologia de cultivares, além de uma adequada estratégia para proteção da biodiversidade dos ambientes produtivos. “A cobertura do solo permite a proteção durante as fortes chuvas e também melhor conforto térmico do terreno”, comenta o pesquisador do IAC.
Atualmente, o município de Louveira regulamentou o Pagamento por serviço ambientais e fortaleceu e colaborou para estruturação de associações de bairros e dos produtores locais.
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