Pesquisa e indústria discutem utilização de microrganismos na agricultura

20.08.2012 | 20:59 (UTC -3)
Carina Rufino

A Embrapa Soja realiza nos dias 21 e 22 de agosto, em Londrina, PR, a XVI RELARE (Reunião da Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola). São esperados cerca de 100 representantes de instituições de pesquisa brasileiras e de outros países do Mercosul, técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além de representantes de indústrias. O objetivo é discutir resultados e normas legais, avaliar metodologias e validar recomendações de utilização de inoculantes para a agricultura.

“Hoje, só no Brasil, são comercializadas, anualmente, cerca de 25 milhões de doses de inoculantes, a maioria para a cultura da soja”, afirma o presidente da XVI RELARE, Ricardo Araujo, empresário do ramo de inoculantes e associado da ANPII (Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes). “E esse é, justamente, o diferencial da soja brasileira, pois o uso de inoculantes contendo bactérias fixadoras de nitrogênio dispensa totalmente os fertilizantes nitrogenados, o que resulta em uma economia estimada em 14 bilhões de reais anuais para o Brasil”, completa a pesquisadora da Embrapa Soja Mariangela Hungria, atual vice-presidente da RELARE.

Anualmente, diversas Instituições de pesquisa no Brasil e no exterior dedicam-se a estudos visando identificar microrganismos que possam contribuir para a diminuição da necessidade de adição de fertilizantes químicos às plantas, com vantagens econômicas e ambientais, resultando em menores custos para o agricultor e menor poluição de lagos, rios, reservatórios de águas e da atmosfera.

Os resultados dessas pesquisas são apresentados todos os anos na reunião da Relare. A iniciativa de reunir pesquisadores e indústrias de inoculantes partiu do professor João Ruy Jardim Freire, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que, em 1985, já vislumbrava a importância das parcerias público-privadas. O professor, que será homenageado nesta RELARE, propôs que pesquisadores e representantes das indústrias se reunissem para discutir recomendações que viabilizassem o uso crescente deinoculantesna agricultura brasileira, o que vem acontecendo desde então. A legislação brasileira de inoculantes, provavelmente a mais avançada do mundo, foi apenas um dos frutos resultantes de discussões e do trabalho da RELARE.

“É importante salientar que a utilização de inoculantes microbianos representa uma abordagem biotecnológica coerente com os programas atuais do governo brasileiro de redução de emissão de gases de efeito estufa, compondo o programa de Agricultura de Baixo (Consumo de) Carbono (ABC)”, explica a pesquisadora Mariangela Hungria. Mais informações sobre o evento estão disponíveis no site

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Pela legislação brasileira, inoculantes são produtos que contêm microrganismos com atuação favorável ao crescimento de plantas. Incluem, principalmente, microrganismos capazes de substituir adubos químicos, como as bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico e bactérias capazes de promover o crescimento das plantas, tornando-as mais aptas a absorver água e nutrientes do solo e de resistir a estresses como deficiências hídricas e ataques de patógenos.

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