Pesquisa da ESALQ analisou arborização urbana em estância turística

30.03.2009 | 20:59 (UTC -3)
ptenesfrde

O município que leva consigo o título de “estância turística”, carrega também a responsabilidade de oferecer aos seus moradores e visitantes condições de lazer e recreação, proporcionando melhor qualidade de vida e uma cena ambiental adequada. Esta condição pode ainda facilitar o aporte finenceiro às ações de incentivo ao turismo.

Distante cerca de 186 km de São Paulo (região de Campinas), a cidade de Águas de São Pedro tem como forte apelo turístico a presença de fontes de águas medicinais, além de outros atributos ecológicos. Fundada em 1941, o município foi objeto de pesquisa da engenheira agrônoma Silvana Bortoleto. Desenvolvido no programa de pós-graduação em Fitotecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), o estudo foi orientado pela professora Ana Maria Liner Pereira Lima, do departamento de Produção vegetal (LPV), e realizado em três etapas. De início, foram entrevistados 330 moradores afim de obter o perfil comportamental, revelando qual a visão da população local com relação à arborização urbana e meio ambiente na cidade. Segundo Silvana, a população que reside na estância é recente e boa parte chegou à procura de aspectos urbanos desejáveis e melhor qualidade de vida. “Desta primeira etapa, destaca-se o fato da maior parte dos entrevistados terem apontado os problemas ambientais como fatores preocupante, principalmente relacionados à bacia d'água do rio Piracicaba e a necessidade de melhorias nos parques, nas praças e na arborização da estância”, ressalta a agrônoma.

Em seguida, a pesquisadora desenvolveu uma contextualização histórica da formação da estância, da definição do plano urbanístico e da situação atual de parques, praças, áreas de proteção permanente (APPs) e outros espaços livres. A pesquisadora afirma que há uma lacuna entre o que se projetou inicialmente para a cidade e o que é verificado atualmente. “A cidade não está utilizando os espaços livres, mesmo após 68 anos da fundação da cidade, acarretando perdas ambientais e de qualidade de vida. O município está perdendo suas características originais”, reforça. Os principais resultados da análise do quadro atual mostraram que a cidade possui duas praças, mas apenas uma é utilizada pela população. “Recentemente uma outra praça foi reinaugurada, com equipamentos novos e vem sendo muito utilizada pela população local”, comenta Silvana.

Com relação aos parques, um deles é privado e outros três são de domínio público. Destes, um atrai alto número de freqüentadores e os outros dois são subutilizados. No que se refere aos espaços livres, encontram-se na cidade duas áreas para atrações públicas, mas que são pouco ocupados. Além dessas áreas, o município possui mais cinco espaços livres, configurando um projeto de urbanização de uma cidade jardim, mas que ainda não receberam tratamento paisagístico e a maioria se encontra em estado de abandono. “Um desses espaços é propício para a implantação de um parque destinado à recreação infantil, tão desejado pela população”, salienta a pesquisadora. Por fim, com relação às áreas de preservação permanente, estas se encontram em estado precário e abandonadas, necessitando de intervenções urgentes tanto no uso e ocupação do solo, como em ações de reflorestamento e de tratamento de esgoto.

A agrônoma sugere, a partir do quadro nada animador, várias intervenções que possibilitariam um aumento das atrações turísticas. “Ações devem ser direcionadas no sentido de construção de parques, reformulações nos espaços livres, plantios de árvores nas áreas indicadas, reflorestamento das áreas de preservação permanente, tratamento de esgoto, projetos de reciclagem do lixo, projetos visando a eliminação de poluição sonora, do ar, das águas e visual, entre outras”.

Na terceira etapa, fez-se o uso de videografia aérea multiespectral de alta resolução, técnica que permitiu obter a área dos espaços livres e de cobertura das copas. A pesquisa conclui que a subutilização dos espaços livres vem acarretando em perdas ambientais, de qualidade de vida e potencial turístico. “O estudo evidenciou a necessidade da criação de um plano de gestão, baseado na opinião pública e principalmente em fatores técnicos, de modo urgente. Não há secretaria do meio ambiente e de pessoal responsável, o que reforça a necessidade de um planejamento contínuo, que englobe concepção, implantação, manutenção e gestão de todo o meio urbano, uma vez que somente a concepção de um bom projeto urbanístico não garante qualidade ambiental e qualidade de vida aos habitantes de uma cidade” conclui Silvana.

Caio Albuquerque

Esalq

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025