Parceria trilateral contribui para o incremento da produtividade de grãos de arroz no Suriname

O projeto iniciou-se em abril com a instalação de experimentos para avaliação de cultivares

06.09.2016 | 20:59 (UTC -3)
Rodrigo Peixoto

Proporcionar incrementos significativos na produtividade de grãos da comunidade quilombola de Suriname, esse é o principal objetivo do projeto trilateral que envolve a Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ministério da Agricultura de Suriname e a embaixada de Nova Zelândia no Brasil. O projeto iniciou-se em abril com a instalação de experimentos para avaliação de cultivares (quatro do Brasil e três variedades locais de Suriname), além de experimentos para avaliar níveis de fertilização com nitrogênio, fósforo e potássio.

No Suriname, país da América do Sul, que faz divisa com o Brasil pelo Pará e Amapá, o arroz de terras altas é cultivado de forma tradicional pelo povo quilombola (descendentes de negros africanos) e possuem produtividade menor do que 1.000 kg/hectare. No país, a área utilizada por esses agricultores familiares para o cultivo do arroz de terras altas varia entre 1 e 10 m². Nessas áreas, o arroz é cultivado com outras culturas como mandioca, banana, hortaliças ou feijão caupi. Por meio do projeto, pretende-se realizar pesquisas locais e demonstrar para os agricultores técnicas adequadas de cultivo, como adubação, espaçamento e população de plantas e controle de plantas daninhas para promover o aumento significativo da produtividade de grãos de arroz no país.

Entre os dias 18 e 27 de agosto, uma missão da Embrapa Arroz e Feijão se deslocou para Suriname, a fim de colher as parcelas experimentais e verificar se a produtividade alcançada foi superior à obtida pelos quilombolas. Nessa missão, foi possível constatar que as cultivares brasileiras tiveram ciclo menor (em torno de 100 dias), em relação às variedades locais de Suriname (em torno de 120 dias). As variedades brasileiras foram avaliadas e obtiveram produtividade de: BRS Esmeralda, 2.903 kg/ha, BRS Sertaneja, 2.802 kg/ha, BRSMG Curinga 2.255 kg/ha e BRS Pepita, 1.153 kg/ha. Ou seja, todos os materiais tiveram produtividade superior à média dos produtores em Suriname, com destaques para a BRS Esmeralda e BRS Sertaneja. Os dados dos materiais de Suriname ainda não foram tabulados.

Durante a missão, os técnicos da Embrapa Arroz e Feijão, pesquisador Dr. Adriano Stephan Nascente (coordenador do projeto pela Embrapa) e Antônio da Conceição Teixeira visitaram os experimentos, amostraram as parcelas, avaliaram a produtividade, orientaram os técnicos do Ministério da Agricultura de Suriname sobre a avaliação dos componentes de produção do arroz e participaram de reuniões técnicas com o embaixador do Brasil em Suriname e com o ministro da Agricultura do país. Para o embaixador do Brasil, Sr. Marcelo Baumbach, ações como esta ajudam a estreitar o relacionamento entre os dois países e abrem portas para novas parcerias. O Ministro da Agricultura, Sr. Soeresh Algoe, ressaltou a importância do projeto e destacou que com o auxílio do governo brasileiro, por meio da Embrapa, será possível garantir a segurança alimentar do país e ajudar pequenos produtores a produzirem o seu próprio alimento.

Próximos passos

Com base nos resultados obtidos, serão selecionados os melhores teores de nitrogênio, fósforo e potássio para se adubar as parcelas demonstrativas na próxima estação chuvosa, que se inicia em final de novembro. De acordo com Adriano Nascente, a ideia será instalar unidades demonstrativas em três locais (Adjonie, Klarkrec e Brokopondo), onde se encontra concentrada grande população de quilombolas para que eles tenham acesso às inovações tecnológicas e possam utilizar em suas lavouras. Segundo a técnica do Ministério da Agricultura de Suriname Sra. Ruby Kromokardi, coordenadora do projeto pelo governo do Suriname, a execução dessas ações irá contribuir para que a população que cultiva esse grão tenha condição de aumentar sua produtividade e produzir alimento suficiente para o ano inteiro, sem necessidade de compra de arroz de outras regiões. Além disso, está prevista a execução de um curso em março de 2017, época da colheita das unidades demonstrativas, visando à capacitação de profissionais no uso de técnicas de cultivo do arroz para a posterior assistência aos produtores quilombolas.



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