Baixa oferta de laranja sustenta preços
Baixa oferta de precoces permitiu leve recuperação nos valores da laranja pera, após quatro semanas consecutivas de queda
As commodities agrícolas nunca estiveram tão valorizadas como nas últimas safras, e segundo as projeções de especialistas, este bom cenário para a agricultura brasileira, deve se estender para as próximas temporadas. Empolgados com o mercado, muitos produtores e tradings fecham contratos de vendas principalmente de grãos (soja e milho) focando apenas nas altas cifras e se descuidam de detalhes cruciais na transação, como o pagamento. Assim, tornam-se alvos fáceis para armadilhas colocando em risco toda a sua produção.
De acordo com Claudine Saldanha Cesar Pinheiro Machado, economista, doutora em agronegócios e CEO da boutique financeira Pinheiro Machado, o erro mais comum é não conhecer o comprador ou ter poucas informações sobre o histórico do mesmo. “Sem buscar uma assessoria internacional experiente, que possa estruturar de forma mais segura a operação, o vendedor pode aumentar seus riscos significativamente”, diz.
O vendedor pode ficar exposto a uma série de detalhes que passam despercebidos, como a instituição financeira que emitirá a Letter of Credit (LC) por exemplo. Este documento é um título de crédito de um banco garantindo que o pagamento do comprador para o vendedor ocorrerá na data e no valor acordado. Caso o comprador não tenha condições de fazer o pagamento o banco será requisitado a efetuá-lo, no todo ou em parte. Exatamente, por essa razão, a instituição financeira só vai emitir uma LC se o comprador já adiantou o pagamento da mesma, ou permitiu o congelamento desses recursos ou ainda, se ele tem a linha de crédito aprovada para honrar esse compromisso.
Segundo a economista, a LC protege tanto o vendedor quanto o comprador, pois um busca segurança para receber o pagamento vindo de outro país e o outro almeja receber o produto no prazo, na qualidade e quantidade acordadas. Para isso, o comprador pode usar uma Standby Letter of Credit (Carta de crédito em espera), ou seja, o pagamento fica retido até que a entrega se confirme nos termos contratados. “Essas Letters of Credit são complicadas e é fácil cometer um erro simples que custe muito caro. Elas não eliminam os riscos, mas com atenção aos detalhes e aos prazos, podem reduzi-los significativamente”, destaca.
O vendedor pode também assegurar os contratos verificando o score do comprador. Para isso existem associações internacionais que mantêm registros dos vendedores e compradores que não cumprem com as suas obrigações e informam seus membros sobre cada uma dessas situações. Outras associações internacionais de commodities informam com quem não se deve comercializar, direta ou indiretamente.
Vale lembrar que o acesso a estas informações é somente para os membros associados, esses dados não ficam disponíveis livremente na internet. “Também é possível avaliar o comprador internacional mediante uma diligência local. Na Pinheiro Machado empregamos parceiros locais para conduzir uma análise do comprador em seu mercado de origem. É importante que o comprador internacional trabalhe com um agente financeiro de reputação lá fora, que possa garantir que a compra será efetivamente paga, ou que um banco reconhecido internacionalmente garanta a operação”, afirma a CEO da boutique financeira.
Formas de pagamento
A LC pode compreender pagamentos à vista ou a prazo. A primeira opção é efetuada assim que os documentos acordados em contrato e na própria carta de crédito forem apresentados corretamente pelo vendedor ao banco emissor. A verificação dos documentos normalmente leva em torno de cinco dias úteis e o envio para o banco do vendedor em torno de dois dias. Já no modelo a prazo, especifica-se uma data futura para pagamento, sempre negociada entre as partes, podendo ser 30, 90 ou 180 dias.
Outra forma bastante utilizada para pagamento é a escrow account (conta caucionada), onde a quantia fica depositada em controle de uma terceira parte, normalmente um agente financeiro, até a conclusão do negócio entre vendedor e comprador. “Ou seja, até que os requisitos estabelecidos pelas partes tenham sido atendidos. O agente financeiro funciona como um intermediador do pagamento que reduz o risco para ambos os lados da transação”, diz a doutora.
Experiência é fundamental
Para quem não quer correr riscos, a dica é contar com a ajuda de profissionais que conhecem todos os detalhes das negociações internacionais das commodities. A boutique Pinheiro Machado faz toda a estruturação financeira, ou seja, desenvolve, como é que o financiamento e o pagamento do negócio serão feitos e acompanha junto com sua equipe jurídica, o cumprimento dessa estruturação realizada.
Além disso, se o cliente quiser serviços adicionais para operacionalizar o pagamento, os profissionais também podem ajudar. “Caso o vendedor, por exemplo, não tenha conta bancária no exterior, toda a transação pode ser feita diretamente na conta da Pinheiro Machado e após a confirmação do recebimento repassaremos o montante a ele”, destaca a CEO.
Em contratos de longo prazo, outro serviço que a boutique financeira oferece é a estruturação de um escritório de representação do cliente em um centro financeiro internacional. “Isso vai envolver uma pessoa, um desk, e uma conta bancária, assim os pagamentos podem ser facilitados porque poderão ser feitos pela filial. Claro, isso vai depender do volume e da extensão do contrato”, finaliza a especialista.
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