Oeste da Bahia deverá colher 7,3 milhões de toneladas de grãos

04.05.2012 | 20:59 (UTC -3)
Catarina Guedes

As áreas de exploração agrícola mais recentes, localizadas na região de transição entre a caatinga e o cerrado da Bahia, são as que estão sofrendo mais severamente os efeitos da maior estiagem dos últimos 30 anos no estado, naquela região. Baianópolis, Cocos, Correntina e Jaborandi são alguns dos municípios mais atingidos. A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) consolidou, os dados do 3º Relatório da Safra 2011/12, após reunião do Conselho Técnico da entidade e instituições diversas. Nas áreas novas, as médias das perdas chegam até 80% na produção da soja. A oleaginosa é geralmente a primeira cultura introduzida nas áreasrecém abertas de cerrado, e, por isso, reflete em maior grau o problema.

O algodão também sofre as consequências da seca, mas as perdas estimadas, até então, são de 10%. Já o milho, dentre as três principais commodities produzidas na região, foi a que menos sentiu os efeitos da estiagem, pois a maior parte das lavouras de milho conseguiu fechar o ciclo produtivo antes do agravamento da situação, observado especialmente em algumas microrregiões. A produtividade média para o milho está estimada em 155 sacas por hectare, 3% acima da expectativa dos 1º e 2º Levantamentos da Safra 2011/12, porém 5% abaixo do que foi registrado no período 2010/11.

“Com todo o problema climático, algo que não se via desde a safra 2001/ 2002, ainda teremos um bom resultado geral na região, com soja perdendo em produtividade 14%, o milho, 5% e o algodão 10%. E é preciso que se diga que estes números são comparados à safra anterior, que foi recorde de produtividade nas três culturas. Isso é uma demonstração de que a aplicação de alta tecnologia na agricultura é um grande mitigador de risco climático”, diz o presidente da Aiba, Walter Horita.

Para o diretor do Conselho Técnico da Aiba, Antônio Grespan, pode-se concluir que, nesta safra, o produtor que fez rotação de cultura foi recompensado. “Em que pese o maior risco climático que a cultura do milho apresenta, quando a estiagem iniciou, as lavouras estavam com seu potencial de produção consolidado. A diversificação na matriz produtiva deu mais uma prova de sua eficácia. O produtor precisa ter opções para estabilizar suas receitas, tanto diante de frustrações climáticas, como das flutuações do preços das commodities. A rotação contribui tanto para a sustentabilidade ambiental, como para a econômica”, analisa Grespan.

Participaram da reunião de validação dos dados do Conselho Técnico da Aiba, a Associação dos Produtores de Algodão da Bahia (Abapa),Associação dos Cafeicultores do Oeste da Bahia (Abacafé), Associação dos Engenheiros Agrônomos de Barreiras (AEAB), Associação dos Produtores de Soja da Bahia (Aprosoja-BA), Associação dos Produtores de Sementes da Bahia (Aprosem-BA), Banco do Brasil, HSBC, Bunge, Cargill, Desenbahia, Fundação BA, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Sindicato dos Produtores Rurais de Barreiras, Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães.

No Oeste da Bahia,as lavouras irrigadas representam apenas 8% do total da região. A Aiba defende uma proposta de “outorga sazonal” para aproveitar os períodos de maior vazão e introduzir uma irrigação complementar.

De acordo com o vice presidente da Aiba, Sérgio Pitt, esta medida poderia amenizar um pouco o problema em pontos isolados, com a irrigação complementar no período de fevereiro a março. Essa água poderia ser usada na lavoura neste período em que deveria ter chovido. “Nesses casos específicos, estamos deixandoa água dos rios simplesmente passar, sem aproveitar esse potencial hídrico nas lavouras, para garantir uma oferta maior de alimentos, e o investimento dos produtores”, disse Pitt.

No total, o Oeste da Bahia deverá colher 7,3 milhões de toneladas de grãos, 7% a mais que em 2010/11. A área plantada foi de 2 milhões de hectares (+10%), com Valor Bruto de Produção (VBP) de R$6 bilhões.

O cereal teve um expressivo aumento de área, saindo de 143 mil hectares na safra 2010/11, para 243 mil hectares em 2011/12, 60% de aumento. A produtividade, contudo, deve cair apenas 5%, passando de 163 sacas por hectare, para 155 sacas por hectare, da safra passada para a em curso. A explicação para o aumento de área, segundo a Aiba, foram os preços altos da commodity que estimularam o plantio, o que contribuiu para a autossuficiência do Nordeste na produção do cereal. Nesta safra, a produção está estimada em 2.3 milhões de toneladas do grão.

A cultura da soja foi a mais afetada pelo déficit hídrico. Os veranicos ocorreram no período crítico do ciclo produtivo, ocasionando redução sensível do potencial das lavouras. “Porém, há regiões em que o volume das precipitações foi favorável, e registraram-seboas médias de produtividade”, diz o assessor de Agronegócios da Aiba, Jonatas Brito. Os principais problemas se deram em municípios como Baianópolis, Cocos, Correntina e Jaborandi.

A produtividade média da soja foi de 48 sacas por hectare. A soja ocupa uma área de 1,15 milhão de hectares e deve concluir a safra com uma produção de 3,2 milhão de toneladas, com VBP de R$2,5 bilhões.

A cotonicultura também está sofrendo com a estiagem. Os veranicos, que chegaram adurar mais de 30 dias em algumas localidades como a região de Jaborandi e Cocos, ocorreram principalmente nos meses de fevereiro e março, ocasionando redução sensível do potencial produtivo das lavouras, devido ao intenso abortamento das estruturas reprodutivas, como flores e maçãs.

“Nas regiões em que as precipitações foram de acordo com o esperado em anos normais, a expectativa é de boas médias de produtividade. É o caso das microrregiões de Placas e Coaceral”, explica o assessor de Agronegócios da Aiba, Jonatas Brito.

De acordo com levantamentos realizados pelo Conselho Técnico da Aiba nas propriedades, a perda estimada da cultura de algodão é de 10% , equivalentes a 27 arrobas por hectare. Em 2011/12, o algodão ocupou uma área de 386 mil hectares (+4%). A produtividade média deverá ficar em 243 arrobas de algodão em capulho por hectare, e a produção total estimada é de 1,4 milhão de toneladas de algodão em capulho, equivalente 562 mil toneladas de pluma.

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