Novo software é capaz de avaliar a fertilidade do solo e recomendar adubação para soja

Plataforma AFERE monitora o uso de nutrientes, aliando aumento de produtividade e redução de custos de produção

16.05.2022 | 14:18 (UTC -3)
Embrapa
Plataforma AFERE monitora o uso de nutrientes, aliando aumento de produtividade e redução de custos de produção. - Foto: Divulgação Embrapa
Plataforma AFERE monitora o uso de nutrientes, aliando aumento de produtividade e redução de custos de produção. - Foto: Divulgação Embrapa

Um software desenvolvido pela Embrapa Soja (PR) é capaz de racionalizar o uso de nutrientes nos sistemas de produção de soja, como os fertilizantes, por exemplo, garantindo aumento de produtividade aliado à redução de custos. A nova plataforma on-line, denominada AFERE – Avaliação da Fertilidade do Solo e Recomendação da Adubação, possibilita que o manejo de adubação das áreas agrícolas seja ajustado a partir da necessidade de reposição de nutrientes, considerando o histórico de produção da área avaliada. O lançamento será durante o IX Congresso Brasileiro de Soja e o Mercosoja 2022, que acontecem paralelamente no período de 16 a 19 de maio.

De acordo com o pesquisador Adilson de Oliveira Jr., da Embrapa Soja, à medida que a produtividade das culturas aumenta, torna-se necessário ajustar a adubação de reposição, evitando balanços nutricionais negativos, por meio de exportação de nutrientes sem a devida reposição. O software foi desenvolvido com foco em produtores rurais, empresas do mercado de consultoria, planejamento e assistência técnica.

Esse primeiro módulo da plataforma AFERE irá realizar o cálculo do balanço da adubação e gerar relatórios de reposição dos nutrientes em sistemas de produção de soja. “Estamos disponibilizando um sistema gratuito com funcionalidades que possibilitam armazenar os dados do usuário, gerar históricos de adubação, de produtividade e dos balanços nutricionais ao longo do tempo”, destaca. “Nossa proposta com essa ferramenta é incrementar os processos de recomendação de adubação, mapeando constantemente as áreas produtivas para evitar balanços nutricionais negativos que reduzem a produtividade, além de maximizar o uso dos nutrientes disponíveis para minimizar os custos de produção”, acrescenta Oliveira Jr.

Um dos impactos esperados com o lançamento da tecnologia é reduzir o uso de fertilizantes, que estão entre os insumos mais caros no custo variável de produção de soja. No último ano, o valor da tonelada desses produtos teve um incremento de 162%, saltando de R$ 2.133,00, em fevereiro de 2021, para R$ 5.600,00, em fevereiro de 2022, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná.  O Brasil importa grande parte dos fertilizantes usados na agropecuária nacional. O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), lançado pelo governo federal em março de 2022, tem como meta diminuir a dependência de importações, em 2050, de 85% para 45%. 

Dados obtidos a partir de parcerias técnicas incluem outras culturas

Para a construção dos padrões de exportação de nutrientes do AFERE, os pesquisadores da Embrapa Soja utilizaram bases de dados geradas em experimentos representativos de diferentes áreas agrícolas brasileiras e obtidos por meio das parcerias técnicas da Embrapa e outras instituições de pesquisa. “Queremos agora fortalecer as parcerias para continuar incrementando as bases de dados com padrões atualizados de exportação para as cultivares mais representativas das principais regiões produtoras de soja, assim como, para as culturas que integram o sistema de produção”, afirma o pesquisador César de Castro, da Embrapa Soja.

De acordo com Oliveira Jr., o AFERE possibilitará que os cálculos sejam realizados automaticamente, a partir do armazenamento prévio das informações sobre a adubação e a produtividade inseridas pelos usuários. Os dados introduzidos ficarão armazenados em um banco, permitindo a estruturação dos históricos de adubação das áreas de produção cadastradas, de produtividade das culturas agrícolas e dos balanços nutricionais. “Os usuários terão acesso a parâmetros de interpretação atualizados com dados da pesquisa e poderão ainda gerar suas próprias bases de dados de diagnose nutricional e exportação de nutrientes”, ressalta o pesquisador.

Além de focar na cultura da soja, o sistema ainda permite que os cálculos de exportação de nutrientes sejam realizados para outras culturas do sistema de produção, como milho, feijão e trigo, que já contam com parâmetros implantados e disponíveis.  “Quando se faz a rotação ou sucessão de culturas, não se planeja a adubação pensando apenas na soja, mas sim considerando as culturas que compõem o sistema de produção. Enquanto a soja exporta grande quantidade de potássio, por exemplo, o trigo e o milho necessitam de quantidades bem menores desse nutriente”, explica. “A adubação do sistema deve buscar um balanço equilibrado entre as diferentes culturas”, complementa.

Adicionalmente, os parâmetros de exportação de cada cultura podem ser definidos, também, por cultivar/híbrido e por safra, possibilitando que as bases de dados de exportação sejam frequentemente atualizadas.

Próximos Módulos

O segundo módulo da plataforma AFERE possibilitará a interpretação da análise foliar da soja a partir de novos padrões nutricionais, condizentes com os patamares de produtividade, utilizando ferramentas de avaliação do estado nutricional como o Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação (DRIS) e a Diagnose da Composição Nutricional (CND). Segundo o pesquisador Fábio Álvares de Oliveira, novos padrões para interpretação nutricional da cultura da soja são necessários para otimizar a recomendação de adubação e, com isso, incrementar a produtividade. 

O módulo 3 irá indicar a correção da acidez e a recomendação de doses de nutrientes/fertilizantes (adubação), por meio do cadastro dos resultados das análises de solo, integrando as informações de balanço, diagnose nutricional e sistemas de produção nas recomendações. Nesse módulo também será disponibilizado uma calculadora que possibilitará a escolha de produtos em função dos custos visando o maior retorno econômico. 

Arena de inovação é uma das novidades do Congresso 

Para discutir o tema central do IX Congresso Brasileiro de Soja e do Mercosoja 2022 - Desafios para produção sustentável no Mercosul  - estão programadas seis conferências, 18 paneis em que serão realizadas 50 palestras. Além disso, o evento contará com 288 trabalhos técnicos que serão apresentados em formato de pôster e oralmente.

A programação técnica irá abordar desde assuntos ligados aos atuais desafios tecnológicos dos sistemas de produção, às novas oportunidades que estão surgindo para a cadeia produtiva, tendo a sustentabilidade como conceito transversal em todo evento. A expectativa é compartilhar conhecimentos que impactem na abertura de novos mercados, inserção da cadeia na era da bioeconomia, avanços na área de edição genômica, entre e outras tecnologias emergentes.

Uma das novidades desta edição será a Arena da Inovação, ambiente que pretende integrar os participantes do ecossistema brasileiro de inovação, reunido desde startups a empresas de agricultura 5.0, além de apresentar as mais recentes aplicações disruptivas para a cadeia produtiva da soja. 

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