Nove projetos de pesquisa da Embrapa recebem R$ 5,9 milhões

20.01.2011 | 21:59 (UTC -3)

Nove projetos de pesquisa da Embrapa, todos voltados para a agricultura nacional, serão beneficiados com recursos, na ordem de R$ 5,9 milhões, destinados pela Monsanto ao Fundo de Pesquisa Embrapa-Monsanto. Os valores são oriundos do compartilhamento dos direitos de propriedade intelectual, a título de royalties, sobre a comercialização de variedades de soja da Embrapa com a tecnologia Roundup Ready na safra 2009/2010.

 

Entre as iniciativas apoiadas estão estudos ligados a culturas populares no Brasil, como feijão (obtenção de resistência ao Mofo Branco via engenharia genética), arroz (transformação por genes relacionados à tolerância à seca e aumento do potencial produtivo) e cana-de-açúcar (prospecção de genes para melhoramento genético visando tolerância à seca). Os valores serão aplicados em projetos da Embrapa, escolhidos por meio do comitê gestor do Fundo de Pesquisa que a Monsanto mantém em parceria com a entidade.

 

A Monsanto já repassou ao Fundo de Pesquisa, de 2006 até 2010, mais de R$ 25 milhões que beneficiaram dezenas de projetos, em sua maioria em biotecnologia, de diversas unidades da Embrapa. “Por conta das demandas agrícolas crescentes, é preciso um esforço conjunto para que possamos produzir mais, conservar mais e melhorar a vida de quem trabalha na agricultura e de toda a população que consome os produtos gerados no campo. Em alinhamento a esse foco, sentimos um imenso orgulho em termos como parceiro a Embrapa, referência mundial no desenvolvimento de pesquisas agrícolas”, afirma André Dias, presidente da Monsanto do Brasil.

 

Para a Embrapa, a parceria com a Monsanto é estratégica. “Acordos como este, com foco na pesquisa agrícola e na inovação, são fundamentais, e estão alinhados com as prioridades do governo, no sentido de reunir os setores público e privado no enfrentamento do desafio global de aumentar a produtividade agrícola de maneira sustentável”, completa o diretor-executivo da Embrapa, José Geraldo Eugênio de França, que prestigiou o evento de repasse do Fundo, realizado em Santo Antônio de Goiás (GO), ao lado do chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão, Pedro Machado, e alguns dos pesquisadores que receberão os recursos.

 

Pioneirismo científico

Um dos projetos contemplados pelo Fundo de Pesquisa Embrapa-Monsanto trata da transformação do arroz com genes relacionados à tolerância à seca e ao aumento do potencial produtivo. O trabalho busca identificar genes publicados em bancos de dados de redes de pesquisa, os quais, mesmo sendo de espécies diferentes, são responsáveis pela produção de proteínas com funções equivalentes nas espécies vegetais, tendo como pressuposto a existência de um ancestral comum. O líder do projeto, pesquisador Cláudio Brondani, explicou que esses genes são chamados de genes ortólogos e, a princípio, fazem parte de uma rota metabólica funcional nas diferentes espécies, com grandes chances de serem expressos pelas plantas e gerar características de interesse agronômico. A pesquisa pretende encontrar formas alternativas desses genes, cloná-las, superexpressá-las e inseri-las via transgenia no genoma do arroz.

 

“No caso dessa pesquisa, serão identificados genes ortólogos com foco no melhoramento do arroz, relacionados à produtividade e tolerância à falta de água, face aos cenários de crescimento populacional, redução da área plantada, restrições quanto ao uso da água e possíveis mudanças climáticas”, disse Cláudio Brondani. Ainda de acordo com Brondani, a pesquisa também irá procurar na Coleção Nuclear de Arroz da Embrapa formas alternativas de genes ortólogos a fim de munir o programa de melhoramento do arroz de variabilidade para os cruzamentos convencionais de plantas. “A Coleção Nuclear de Arroz é um conjunto de amostras de sementes selecionadas por meio de avaliação agronômica e da análise molecular, e que representam de maneira mais significativa a variabilidade genética da cultura. São 550 amostras possuidoras de maior potencial para geração de cultivares mais adaptadas”, explica Brondani. Esse projeto terá duração de três anos e seus resultados irão subsidiar futuros trabalhos em melhoramento do arroz, quando, em uma fase posterior, poderão ser elaborados novos projetos para testar as plantas geneticamente modificadas para fins de cultivo.

 

Biotecnologia no feijão

No que diz respeito ao feijão, a pesquisa apoiada pelo Fundo Embrapa-Monsanto em 2010 tentará conferir à leguminosa resistência à doença conhecida como mofo branco por meio da expressão do gene oxalato descarboxilase. Conforme explica o pesquisador e líder do projeto, Josias Correa de Faria, o oxalato descarboxilase está ligado à desativação ou decomposição do ácido oxálico, essencial na penetração e colonização do fungo causador do mofo branco nas plantas hospedeiras, como o feijão. Segundo Josias Correa, há boas perspectivas de que o projeto alcance êxito, pois é comprovada a resposta fisiológica de plantas expressando oxalato descarboxilase na resistência ao mofo branco em testes in vitro. Além disso, há conhecimento gerado em relação à construção gênica, que já foi desenvolvida e avaliada em alface e na soja.

 

A pesquisa lançará mão da transgenia, utilizando o gene que expressa o oxalato descarboxilase vindo de uma espécie de cogumelo comestível mantido pelo Banco de Germoplasma da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O projeto também terá a duração de três anos. “Essa pesquisa tenta propor uma alternativa de controle ao mofo branco, uma vez que não existem variedades comerciais com grau satisfatório de resistência. O combate à doença é feito com a rotação de culturas e a aplicação de fungicidas, mas os produtos químicos nem sempre são eficientes e seguros ambientalmente”, diz Correa. O projeto tentará confirmar o êxito do oxalato descarboxilase em plantas de feijão modificadas geneticamente para o controle do mofo branco, o que demandará, por sua vez, a elaboração de novos projetos para avaliação do comportamento desse tipo de transgenia em experimentos de biossegurança.

 

Projetos contemplados

Confira a lista dos oito projetos beneficiados pelo Fundo Embrapa Monsanto no final de 2010:

1. Feijão resistente ao mofo branco via engenharia genética;

2. Melhoramento de algodão convencional resistente a nematóide das galhas;

3. Desenvolvimento de plataforma de dados sobre os biomas brasileiros;

4. Estudo do impacto ambiental de milho transgênico Bt sobre a entomofauna, microbiota do solo e produção de grãos;

5. Programa de contenção e rastreamento para desenvolvimento de genótipos de algodão tolerantes a glifosato e resistentes a insetos;

6. Identificação de plantas daninhas resistentes ao herbicida glifosato;

7. Formulação de biopesticidas a base de vírus, fungos e bactérias para o controle da lagarta do cartucho;

8. Transformação de arroz com genes relacionados à tolerância à seca e aumento do potencial produtivo;

 

Geraldo Magella

CDI Comunicação Corporativa

maria.g.ferreira@monsanto.com

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025