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Duas novas cultivares de cana-de-açúcar do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, estão sendo disponibilizadas ao setor e serão lançadas no próximo dia 19 de novembro de 2013, às 11h30, no Centro de Cana do IAC, em Ribeirão Preto. São a IACSP97-4039 e a IACSP96-7569. “As duas cultivares são precoces, portanto, de grande interesse para a indústria sucroenergética, que tem no início e no final da safra seus momentos mais críticos em função da qualidade de matéria-prima e da produtividade, respectivamente”, diz Marcos Guimarães de Andrade Landell, pesquisador e líder do Programa Cana IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A explicação para o problema de qualidade, principalmente no início da safra, está associada à condição climática, que não favorece a maturação da cana.
A cultivar IACSP97-4039 tem perfil para mudar a história da canavicultura no início da safra em razão da precocidade, da qualidade e do longo período útil de industrialização. Essa nova cultivar deverá despertar grande interesse do setor por poder ser colhida — com grande qualidade — do início ao final da safra, de abril a agosto, podendo a colheita ser estendida até outubro. “Estas cultivares irão contribuir para que a partir do final de março e início de abril, tenhamos melhor qualidade nos nossos canaviais”, diz o pesquisador do Instituto.
O setor sucroenergético tem, no início da safra, problema de qualidade de matéria-prima e, no final do período, queda de produtividade agrícola. A IACSP97-4039 tem um perfil raro que se caracteriza por ter no início da safra alto potencial de acúmulo de sacarose e por apresentar estabilidade na produtividade agrícola ao longo da safra, segundo o pesquisador do IAC, Mauro Alexandre Xavier.
Esse alto teor de sacarose do início ao final da safra associado à alta produtividade atribui um perfil que normalmente não acontece com essa intensidade, segundo Landell. O diferenciado teor de açúcar se mantém em qualquer período da safra, inclusive no final (primavera) — são 6% a mais de sacarose — com elevada produtividade. “São dez quilos a mais de açúcar por tonelada de cana em relação à cultivar mais cultivada no Brasil”, diz Landell.
De acordo com o pesquisador, a IACSP97-4039 tem ampla adaptação em diversas regiões do Brasil. “Destaca-se por ir muito bem em todo o Centro-Sul do Brasil, com performance excelente para início de safra também nas regiões Centro-Oeste do País e Norte de São Paulo, em solos restritivos”, diz.
A IACSP96-7569 tem colheita de maio a agosto, com alta produtividade e o mesmo elevado teor de sacarose da IACSP97-4039. Com teor de fibra médio, tem ótima adaptação à região Oeste de São Paulo, nos municípios de Andradina, Araçatuba, Presidente Prudente e Adamantina, onde ocorreu a última grande expansão da canavicultura paulista.
As novas cultivares deverão ganhar mercado efetivo em 2014. No momento, o IAC está preparando os viveiros e programando multiplicações no núcleo de produção de mudas. Por enquanto, têm acesso aos novos materiais as associações, usinas e empresas parceiras participantes da rede experimental do IAC.
Com esse lançamento, o Programa Cana IAC chega a sua 21ª cultivar para o setor sucroenergético, desde sua reorganização, em 1994. Há também uma cultivar exclusiva para alimentação animal. Esses materiais foram desenvolvidos dentro do conceito de seleção regional. Essa estratégia é aplicada pelo IAC no desenvolvimento de novas cultivares e traz como vantagem a sua melhor caracterização, considerando o seu desempenho em diversos ambientes de produção. Dessa forma, os novos materiais de cana têm sido recomendados com especificidade quanto aos diferentes ambientes, com associação ao tipo de manejo agrícola e à época de corte no decorrer da safra. “Essa especificidade permite explorar e otimizar a expressão de produção das novas cultivares”, diz Landell.
“Os novos materiais de cana vêm se somar ao grupo da Cultivar Mil, marca alcançada este ano pelo Instituto Agronômico. A diversidade agrícola brasileira passa pelo IAC, que também contribui decisivamente na qualidade dos produtos e na produtividade e estabilidade das lavouras a cada nova cultivar disponibilizada aos setores”, afirma o diretor-geral do IAC, Sérgio Augusto Morais Carbonell.
Segundo Landell, o estudo da estabilidade fenotípica permite sintetizar o enorme volume de informações obtido em uma rede com cerca de 600 experimentos em 11 Estados, caracterizando a capacidade produtiva, a adaptação às variações ambientais e a estabilidade de novas cultivares.
Programa Cana IAC
O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, é referência em pesquisas agronômicas com cana-de-açúcar no Brasil e responsável por 23,4% das variedades de cana lançadas no País na última década. Com um dos cinco programas de melhoramento genético de cana-de-açúcar, em junho deste ano, o IAC foi a instituição escolhida no Brasil para acolher uma coleção mundial de cana, a terceira no mundo com a chancela da International Society of Sugar Cane Technologists (ISSCT), a sociedade de maior representatividade mundial no setor sucroenergético, que reúne mais de 67 países produtores de cana. As outras duas estão na Índia e nos Estados Unidos. A instalação será aberta a todos os programas de melhoramento a partir de um modelo de consórcio de cooperação entre os mesmos.
O Programa Cana IAC realiza trabalho multidisciplinar envolvendo melhoramento genético, ciências do solo, caracterização de ambientes de produção, fitotecnia, manejo de pragas e doenças e estimativa de produção. O Programa conta com cerca de 150 empresas parceiras e experimentos e introduções também no exterior, em países como Angola, México e Peru.
O desenvolvimento de variedades de cana para produção de etanol de segunda geração é uma realidade no Programa Cana IAC há quatro anos, atendendo a um estímulo do programa BIOEN FAPESP. Desde então, O Programa Cana IAC passou a obter populações por meio de hibridação. No momento, os estudos estão concentrados na caracterização da fibra e da produtividade de biomassa, atingindo valores excepcionais acima de 400 toneladas por hectare, ou seja, algo em torno de 2,5 vezes o que uma cultivar tradicional, com aptidão para açúcar, tem atingido.
Além das variedades, o IAC gera também eficientes pacotes tecnológicos, que têm levado a competitividade da canavicultura paulista a outros Estados brasileiros e ao exterior. A excelência do Programa Cana IAC é sustentada pela diferenciada equipe multidisciplinar de pesquisadores e técnicos, apoiados em estrutura que inclui Estação de Hibridação na Bahia – referência no Brasil e no mundo. A Estação amplia as possibilidades de cruzamentos e de obtenção de perfis de plantas desejados para a canavicultura moderna. Conta ainda com Câmara de Fotoperíodo para Florescimento da Cana, a primeira do Brasil, estrutura que permite antecipar em 90 dias o florescimento da planta.
A pesquisa IAC tem ainda o Ambicana, responsável pela qualificação de ambientes de produção, possibilitando ao produtor realizar manejo varietal otimizado. Em uma década, o Ambicana alcançou área de influência em torno de 1.200.000 hectares em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. O Previclimacana faz estimativas de produção da cana atualizadas mensalmente e gerando indicadores para a produção e comercialização dos produtos.
SERVIÇO
IAC lança cultivares de cana com alto teor de sacarose e produtividade alta e estável
Data: 19 de novembro de 2013.
Horário: 11h30.
Local: Centro de Cana - IAC, em Ribeirão Preto, Rod.Prefeito Antonio Duarte Nogueira, km 321.Anel Viário Contorno Sul
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