Nanotecnologia aplicada ao agronegócio é tema de palestra

17.04.2009 | 20:59 (UTC -3)

O auditório do Instituto de Estudos Avançados (IEA), da USP São Carlos, foi, na terça-feira (14/04), palco da palestra “Nanotecnologia aplicada ao agronegócio”. Quem a ministrou foi o pesquisador e chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Instrumentação Agropecuária, Luiz Henrique Capparelli Mattoso.

Na apresentação, Mattoso discorreu tanto sobre o trabalho feito na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, com apoio das universidades no Brasil, como também apresentou mais detalhes sobre a Rede de Pesquisa de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio.

A rede Agronano existe há dois anos e meio. No começo, ela contava com uma equipe de 80 pesquisadores. Hoje tem 90 e é composta por 17 centros de pesquisa da Embrapa (incluindo o Labex – Laboratório da Embrapa no Exterior –, e 13 Universidades. “Nós tentamos trazer diversos conhecimentos para aplicação na área agrícola”, explica Mattoso.

O pesquisador diz que a rede é norteada por três projetos proponentes. Para a troca de conhecimento são realizados vários workshops. Além disso, esses encontros produziram seis anais, que podem ser disponibilizados aos interessados. Todo esse processo tem uma finalidade. “Queremos fazer uma nanotecnologia responsável. A ideia é oferecer ao consumidor produtos com qualidade”, afirma o pesquisador.

Em um dos itens da apresentação, foram apresentados os bionanocompostos. “A Embrapa tem se preocupado muito com a biorefinaria”, comenta Mattoso. Ele explica que esse processo não é apenas para um melhor aproveitamento da floresta, mas também com os resíduos florestais, industriais e agrícolas. Como exemplo, ele cita a utilização do bagaço de cana não apenas para a produção de energia, mas também para a obtenção de outros produtos.

Alguns dos resultados apresentados na palestra apontam uma melhoria mecânica de produto através da utilização do propopropileno. Um exemplo é o sisal. “Com o resíduo de fibra em escala nanométrica, pode-se agregar valor a ele e também a outras fontes renováveis, que é uma tendência de mercado”, comenta.

Além dessa área, Mattoso acrescenta que a Embrapa tem desenvolvido, em seus centro de pesquisa, novas cultivares e variedades de biopolímeros. Uma delas é a seleção de genótipos de milho para cultivo adequado a cada solo. “No Nordeste, a Embrapa Trabalha com coco, para fazer um plástico biodegradável”. Esse trabalho está dentro de uma linha de produção de filmes comestíveis. Mattoso explica que ao agregar fibra vegetal é possível criar um produto com desenmpenho mecânio melhor.

Outra aplicação da nanotecnologia ao agronegócio é a liberação controlada de pesticidas. Em pesquisas, houve uma modificação com metilcelulose. Normalmente, há a liberação instantânea do produto. Ao agregar uma nanopartícula, essa distribuição é mais controlada. “Com a metilcelulose o produto consegue absorver 1000% a mais de água. E quanto maior sua quantidade, mais controlada a liberação fica”, diz.

Para a conservação de alimentos, há a aplicação de nanoparticulas, feitas com filmes comestíveis, nas frutas. As pesquisas feitas em laboratórios indicam que frutas que passam por esse processo tem uma redução de permeabilidade, o que aumenta sua conservação e durabilidade. “Isso é muito significativo com frutas in natura ou minimamente processadas”, afirma.

Também foram desenvolvidos sensores eletrônicos para aferir a qualidade dos produtos. Dois biosensores construídos são o nariz e a língua eletrônica. Segundo Mattoso, o nariz é um produto descartável e de baixo custo (um valor apresentado na palestra foi o de aproximadamente US$ 2 por unidade, nos Estados Unidos). “Ele serve para monitorar o amadurecimento das frutas”, explica. “No Brasil, as universidades têm contribuído bastante nesse projeto”, finaliza.

Michel Lacombe

Portal RIPA

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