Na média, maio será seco em grande parte do Brasil e pode interferir em diversas culturas

Produtores contam com a previsão do tempo para evitar prejuízos nas plantações

09.05.2016 | 20:59 (UTC -3)
Lucas Majuski

A falta de chuva e o calor excessivo durante o mês de abril causaram prejuízos em plantações de várias culturas, preocupando produtores de grande parte do país. A adversidade climática, causada pelo fenômeno El Niño, trouxe um cenário inesperado, com tempo mais seco que o normal e recordes de calor em algumas cidades.

Depois de um início de outono muito quente, o final de abril surpreendeu, com a chegada de uma forte frente fria acompanhada do ar polar que atingiu diversas regiões brasileiros. Essa mudança no tempo trouxe alívio para alguns produtores e prejuízo para outros, porém aquele calor de abril não volta mais, segundo a Climatempo.

Na região Centro-Oeste, a tendência é que o mês de maio tenha chuvas com volume normal ou abaixo da média na maior parte das áreas, com temperatura ligeiramente acima da média. Segundo Cristiano Palavro, Consultor Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás - FAEG, o estado passou quase 30 dias de seca, e a esperança agora é que essa mudança no clima traga umidade. “Se as chuvas se confirmarem, será muito bom para o milho. Por mais que a temperatura caia, não temos riscos de geada e o clima mais fresco durante a noite é benéfico para a cultura”, afirma.

O consultor conta que atualmente o milho safrinha está em período crítico devido à falta de chuvas. “A gente fez uma estimativa e o resultado foi de perda muito significativa, com prejuízo de cerca de 40% nesta safra”. Ele explica também que, mesmo estando na metade do desenvolvimento da planta, o resultado esperado era 8,2 milhões de toneladas, mas deve ser de apenas cinco caso a expectativa seja confirmada.

A região Sudeste, os produtores esperam por um pouco de chuva, ainda neste mês de maio. No Espírito Santo, as produções de café, pimenta, pastagem e leite foram muito afetadas pela falta de pluviosidade e os agricultores esperam que a chegada da umidade traga alívio para o estado.

De acordo com Fabrício Gobbo Ferreira, engenheiro agrônomo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR e Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo - FAES, a preocupação é a seca. “Ano passado teve pouca água e nesse ano não tivemos nenhuma chuva expressiva nesses últimos meses. Estamos aguardando que a frente fria traga um alívio. O estado está sendo castigado pela onda de calor”, afirma.

A situação é bem diferente no Sul, que registrou chuvas no mês de abril e sofreu com temperaturas abaixo de 0°C, geadas e neve em alguns pontos. No Paraná, a preocupação é que ocorram muitas geadas na região central do estado, afetando o milho safrinha, a cultura que mais sofre nesta época.

Pablo Nitschi, engenheiro agrícola do Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR, explica que a frente fria afeta diretamente o desenvolvimento do milho. “A cultura está em fase de enchimento do grão, então a interrupção desse processo gera grãos murchos e produção insuficiente”, conta.

Como não há nenhuma prática agrícola para proteger a cultura do frio, Pablo explica que é essencial respeitar o zoneamento agrícola, ou seja, um estudo elaborado para minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos. Plantando na época e no local corretos, o risco na produção diminui consideravelmente.

Segundo Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo, a região Sudeste pode ter um mês de maio com chuvas de volume normal ou abaixo da média, na maior parte das áreas. São Paulo também é o único estado que deve ter precipitações, entre os dias 12 e 17. A temperatura deve ficar ligeiramente acima da média para o mês.

No Sul, as chuvas devem ficar abaixo da média, com exceção do leste catarinense. As temperaturas devem ficar perto da média normal.

Como não é possível proteger totalmente as plantações contra as ações do clima, os produtores devem ficar atentos às previsões para o resto do mês. Junto com o enfraquecimento do El Niño, o outono deve causar a redução da chuva em grande parte país, já que essa é a principal característica da estação.

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