MS enfrenta uma das piores secas dos últimos 40 anos e impacta lavouras de milho safrinha

Quebra do potencial de produtividade varia entre 20% e 30% nas lavouras de um modo geral

25.06.2021 | 20:59 (UTC -3)
Renata Baldo

Há quatro décadas não se tem registro de uma estiagem como a vivenciada nesta safra de inverno no Mato Grosso do Sul (MS). Além de índices pluviométricos abaixo da média histórica a situação das lavouras de milho safrinha se agravou mediante da impossibilidade em realizar a semeadura dentro do zoneamento agrícola.

O pesquisador da Fundação MS na área de Fitotecnia Milho e Sorgo, André Luis Faleiros Lourenção, comenta que desde que está em Maracaju, há 18 anos, não viu uma situação tão complicada. “Já se fala em perdas em torno de 20% em relação a expectativa de produtividade inicial na região mais ao norte do estado”, diz.  

Já, pensando mais entre Maracaju e o Cone Sul Mato-Grossense, abrangendo os municípios de Rio Brilhante, Dourados e Naviraí, se fala em perdas na ordem de 30%. O pesquisador observa que teve algumas poucas chuvas nos meses de maio e junho, mas cujo volume não deve ser suficiente para recuperar algumas áreas.

“Tivemos por aqui algumas áreas de perda total onde só vimos o florescimento masculino, ou seja, a flor feminina teve má formação”, explica o pesquisador da Fundação MS acrescentando também haver algumas áreas mais úmidas, com a realidade um pouco diferente, mas, no geral as perdas giram em torno de 20% a 30%.

 Com dias mais curtos e temperatura mais amena a presença de chuvas regulares passa a ser fator ainda mais determinante para garantir bons resultados na safrinha em todo Estado. “A situação do milho safrinha no Mato Grosso do Sul ficou um pouco mais confortável com as últimas duas ou três chuvas, porém a percentagem de perda ocasionada pelo período de estiagem permanece”, enfatiza.

Neste contexto, o acesso à tecnologia gerada pela pesquisa científica também tem papel preponderante para os significativos resultados obtidos pelo milho safrinha nas últimas décadas. Em 2021 esta modalidade de cultivo será evidenciada durante o XVI Seminário Nacional de Milho Safrinha (SNMS) em Assis-SP.

Segundo o pesquisador da Fundação MS, o fomento à pesquisa científica se reflete no aumento potencial de produtividades. “Mesmo sendo o milho safrinha uma cultura de alto risco e enfrentando anos agrícolas mais difíceis como o atual, de um modo geral, a cada ano as médias de produtividade aumentam”, observa.

Lourenção considera o SNMS como o evento técnico científico mais importante do Brasil. “O SNMS traz a discussão os maiores gargalos do milho safrinha e apresenta inovações e soluções, contribuindo significativamente para a evolução desta modalidade de cultivo”, conclui o pesquisador. 

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