Missão internacional destaca qualidade do algodão da Bahia

Executivos da indústria têxtil conheceram lavouras e estrutura técnica em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães

07.08.2025 | 15:24 (UTC -3)
Catarina Guedes

O oeste da Bahia recebeu, no último dia 5 de agosto, a 9ª edição da Missão Compradores — iniciativa promovida pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) para apresentar o modelo de produção nacional a representantes da indústria têxtil global. A agenda no estado, organizada pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), incluiu visitas técnicas à fazenda Sete Povos Agro, no município de Barreiras, e ao Centro de Análise de Fibras da Abapa, em Luís Eduardo Magalhães. A delegação foi composta por 19 executivos de empresas da China, Índia, Paquistão, Bangladesh, Vietnã e Turquia — países que, juntos, concentram 84,9% das exportações brasileiras da fibra.

A Missão é uma ação do Cotton Brazil, programa de promoção internacional do algodão brasileiro coordenado pela Abrapa, com apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). A edição deste ano segue até o dia 9 de agosto, com visitas aos estados de Mato Grosso e Goiás, líderes em volume de produção ao lado da Bahia, segundo maior polo algodoeiro do país.

“Esta é uma das mais importantes iniciativas de promoção do algodão brasileiro. Ela tem muito a ver com a palavra conexão, entre quem cultiva com responsabilidade e quem transforma com excelência. Um esforço articulado, entre produtores, técnicos, entidades e exportadores, para que o algodão brasileiro continue ganhando espaço”, destacou Alessandra Zanotto Costa, presidente da Abapa.

A Missão Compradores faz parte de uma estratégia contínua de posicionamento do algodão brasileiro no mercado internacional cada vez mais exigente. Com 84% da safra nacional certificada por critérios socioambientais pela Better Cotton, safra 2023/2024, o Brasil consolidou-se como maior exportador global da fibra e terceiro maior produtor mundial, atrás apenas da China e da Índia.

“A iniciativa é essencial para mostrar ao mundo que o país não é apenas o maior exportador de algodão, mas também um produtor comprometido com a responsabilidade social, ambiental e a excelência técnica. A Bahia é um espelho desse compromisso, e foi isso que os compradores puderam ver de perto”, afirmou Gustavo Piccoli, presidente da Abrapa.

Além de apresentar lavouras tecnificadas e estruturas de beneficiamento, a visita proporcionou à comitiva uma leitura direta do sistema produtivo baiano, que alia rastreabilidade, qualidade e gestão ambiental. “Poder mostrar o algodão em tempo real, da lavoura à classificação, dá aos compradores uma perspectiva concreta do que entregamos. Isso vai além da negociação: é reconhecimento por décadas de trabalho e investimento”, afirmou Liliana Flores, produtora e anfitriã da visita na fazenda.

Na sequência, a delegação conheceu o laboratório da Abapa, onde foram apresentados os processos que asseguram a padronização e a rastreabilidade da fibra baiana. A unidade atende todos os produtores da Bahia e processa amostras dos demais estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). “Encerramos a agenda baiana no ponto que mais evidencia nossa seriedade: um laboratório com capacidade industrial, comprometido com a entrega de dados confiáveis. Isso tranquiliza quem compra e reforça nossa credibilidade”, destacou Piccoli.

Repercussão

Para Sophie Su, industrial na China e participante da Missão pela segunda vez, cada edição traz novas perspectivas: “Nesta semana, tivemos a oportunidade de conhecer fazendas, regiões produtoras e centros de análise. É impressionante ver como a produção de algodão brasileiro envolve tanto esforço, conhecimento e dedicação. Não é um trabalho fácil e, por isso mesmo, merece respeito. Como vendedora, meu objetivo é conectar esse algodão a compradores que valorizam sua origem e qualidade”, explicou. 

Tahrin Aman, industrial em Bangladesh, ressaltou que a qualidade do algodão brasileiro melhorou nos últimos anos. “Comecei a comprar algodão brasileiro há cerca de cinco anos, mas naquela época percebi que a resistência da fibra ainda precisava melhorar. No ano passado, voltei a comprar exclusivamente do Brasil e a qualidade superou minhas expectativas”, explicou. Segundo ele, a força, a aparência e a cor estão excelentes. “Para Bangladesh, que é o segundo maior consumidor mundial de algodão, o Brasil se tornou uma fonte estratégica. O controle de qualidade aqui é impressionante, o que é fundamental para a fiação, onde qualquer falha pode ser amplificada. Estou confiante de que essa parceria vai crescer”, disse.

O industrial do setor de fiação indiano Shailesh Patil visitou a fazenda baiana pela primeira vez e ficou surpreso com o que viu. “A dimensão das áreas cultivadas parece não ter fim, e ver de perto as plantas, o tamanho e a abertura das cápsulas de algodão foi algo marcante, muito diferente do que vemos na Índia. Estar aqui e ver a estrutura, as lavouras, os equipamentos de beneficiamento e os dados técnicos, os resultados dos testes de HVI, mudou completamente minha percepção. Posso dizer com confiança que a qualidade é ainda melhor do que a que recebemos. Essa experiência me dá mais segurança para voltar à Índia e compartilhar com nossos clientes o que vi aqui. Acredito que isso vai fortalecer ainda mais a imagem do algodão brasileiro no nosso mercado”, concluiu. 

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