Mercado Agrícola - 5.set.2025

Safra dos EUA avança e pressiona cotações da soja em Chicago

05.09.2025 | 10:55 (UTC -3)
Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting

A soja segue pressionada em Chicago. O mercado global aguarda a retomada das compras chinesas nos Estados Unidos. Há mais de quatro meses, a China concentra aquisições no Brasil. A ausência do maior importador global no mercado americano limita reações nas cotações.

Em Chicago, os contratos para setembro já testam valores abaixo de US$ 10,80 por bushel. A posição de setembro expira no dia 15. Os vencimentos longos tentam se sustentar acima de US$ 10,50, mas seguem frágeis.

A safra americana avança dentro da normalidade. Cerca de 96% das lavouras estão em enchimento de grãos. A maturação atinge 14%, contra 12% da média histórica. Nos estados do sul, como Mississippi e Arkansas, a colheita começa na próxima semana. No cinturão do Meio-Oeste, como Illinois e Iowa, a colheita ocorre em outubro. Cerca de 65% das lavouras são avaliadas como boas ou excelentes.

O USDA estima produção de 116,8 milhões de toneladas. Algumas análises sugerem revisão para 117 milhões. Em 2024, os EUA colheram 118,8 milhões, com área plantada maior.

No Brasil, a comercialização desacelera. Até o momento, 123,4 milhões de toneladas foram negociadas. Nesta semana, apenas 400 mil toneladas trocaram de mãos. Em julho e início de agosto, o volume diário superava 500 mil toneladas. A queda nas cotações em balcão e porto explica o ritmo menor.

A nova safra também caminha lentamente. Apenas 18,5% estão vendidos, abaixo da média de 25%. Em Mato Grosso, o percentual está em 22%. A média histórica do estado é 35%. Produtores esperam preços melhores antes de avançar.

O câmbio tentou favorecer os negócios. O dólar operou próximo de R$ 5,46, mas não impulsionou as vendas.

O plantio da soja começou no Oeste do Paraná. Produtores buscam semear cedo para garantir janela favorável ao milho safrinha. Em São Paulo, o plantio também avança. No Mato Grosso, há cautela. Pancadas isoladas de chuva ainda não garantem umidade suficiente. Alguns produtores plantam no pó, principalmente os que cultivam algodão na sequência. O plantio nacional não chega a 1%.

Situação do milho

No milho, 92% das lavouras dos EUA estão na fase de espigamento. Cerca de 60% preenchem grãos. A maturação alcança 18%, dentro da média. As lavouras têm 69% de avaliação boa ou excelente. Em Chicago, contratos de setembro operam abaixo de US$ 4 por bushel. Os vencimentos mais distantes tentam se manter entre US$ 4,20 e US$ 4,50.

No Brasil, 99% do milho safrinha já foi colhido. A produção deve fechar em 110 milhões de toneladas. O plantio da safra de verão avança. O Rio Grande do Sul já semeou 38%. A média nacional é de 32%. A área deve recuar, mas a extensão da queda ainda é incerta.

Situação do algodão

No algodão, 92% das lavouras americanas formaram maçãs. Apenas 51% têm avaliação boa ou excelente. A média histórica varia entre 60% e 65%. No Brasil, a colheita está praticamente encerrada. A comercialização anda de lado. Embarques seguem programados. O país mantém a liderança mundial nas exportações.

Situação do sorgo

O sorgo dos EUA também avança. Cerca de 96% das lavouras formaram cachos. A maturação atinge 31%. A colheita chegou a 20%. O USDA projeta safra de 10,6 milhões de toneladas, maior que a do ano anterior. No Brasil, o sorgo ganha espaço como alternativa ao milho em áreas de maior risco climático e na produção de etanol.

Situação do trigo

O trigo enfrenta pressão negativa. A Rússia intensificou as vendas temendo valorização do rublo com um eventual cessar-fogo. A colheita avança na Rússia, Ucrânia, Canadá e EUA. Em Chicago, o contrato de setembro caiu abaixo de US$ 5 por bushel. A produção global é maior que a demanda, mas a pressão cambial e o excesso de oferta derrubam os preços.

Situação do arroz

O arroz sofre com mercado fraco, apesar das boas condições climáticas no Rio Grande do Sul. Os preços recuaram para R$ 61 por saca. Mais da metade da safra gaúcha ainda precisa ser vendida. No varejo, pacotes de cinco quilos são ofertados entre R$ 14 e R$ 25, dependendo da marca.

Situação do feijão

No feijão, há sinais de reação. O carioca nobre chega a R$ 250 por saca em alguns negócios. Cerca de 80% da terceira safra já foi colhida. Grãos de melhor qualidade são armazenados para venda no fim do ano. O feijão preto também registra leve alta. Saca varia entre R$ 115 e R$ 130, com expectativas de reposição por empacotadores na próxima semana.

Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting

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