SC Safra 2024/25: trigo registra queda de preços
Projeções da Epagri indicam uma produção menor do cereal no ciclo 2025/26
A China intensificou as compras de soja brasileira após sofrer com chuvas torrenciais e inundações desde julho. O governo chinês ainda não reconheceu oficialmente os prejuízos, mas já movimenta o mercado com compras aceleradas. A expectativa é que, nos próximos meses, os chineses ampliem as aquisições, incluindo milho, arroz, trigo e sorgo.
Nos Estados Unidos, a guerra comercial com a China se estende até outubro. A safra de soja americana está em florescimento em 95% das lavouras. O mesmo índice do ano passado e da média histórica. Cerca de 82% das lavouras já formam vagens. A qualidade permanece estável: 68% das áreas estão classificadas como boas ou excelentes. A produção estimada é de 116,8 milhões de toneladas, inferior às 118,8 milhões do ano passado.
No Brasil, 121 milhões de toneladas de soja já foram negociadas. Cerca de 49 milhões ainda estão nas mãos dos produtores. O volume é recorde. Porém, a nova safra segue com comercialização atrasada. Apenas 18% foram negociados, abaixo da média de 25%. O produtor espera preços melhores. O complexo soja (grão, farelo e óleo) alcançou embarques recordes, com 99,1 milhões de toneladas até agosto. A soja sozinha gerou US$ 2,62 bilhões em divisas nos primeiros 11 dias úteis do mês.
No milho, os Estados Unidos apresentam lavouras com 97% em florescimento, 72% com espigas formadas e 27% em formação de grãos. A qualidade é considerada excelente em 71% das áreas. A produção pode ultrapassar 420 milhões de toneladas.
No Brasil, 92% do milho da segunda safra foi colhido. O Mato Grosso concluiu a colheita. Cerca de 54% da produção foi comercializada. Ainda há 50,6 milhões de toneladas nas mãos dos produtores. A exportação já soma 12 milhões de toneladas no ano.
A primeira safra deve ter redução entre 5% e 20% na área plantada, com destaque para o Rio Grande do Sul.
O trigo americano avança na colheita. O trigo de inverno já foi colhido em 94% da área, e o de primavera em 36%. A qualidade do trigo de primavera caiu para 50% das lavouras entre boas e excelentes. No ano passado, esse índice era de 73%. O mercado global permanece pressionado pela oferta da Rússia.
No Brasil, os moinhos aguardam a retomada da demanda após o período de férias. Os preços giram em torno de R$ 1.300 a tonelada no Rio Grande do Sul e R$ 1.400 no Paraná.
A safra americana de algodão apresenta atraso no desenvolvimento. Apenas 73% das lavouras formaram maçãs. A qualidade melhorou levemente: 55% das áreas estão boas ou excelentes, frente a 42% no ano passado. A colheita avança no Brasil, com relatos de boa qualidade. Os preços variam entre R$ 125 e R$ 135 por arroba entre Mato Grosso e Bahia.
O sorgo brasileiro pode ter alcançado 6 milhões de toneladas, embora dados oficiais indiquem 4,9 milhões. A produção americana está regular, com 63% das lavouras em boas condições. O sorgo ganha espaço como alternativa para ração e etanol no Brasil.
O arroz segue com mercado estável. A indústria negocia com o varejo, que continua resistente aos preços. Promoções vão de R$ 15 a R$ 22 por pacote. No Rio Grande do Sul, o arroz em casca varia entre R$ 65 e R$ 76. Nos estados centrais, atinge R$ 80.
As exportações crescem. O arroz em casca já soma 363,9 mil toneladas embarcadas no ano. O beneficiado acumula 662 mil toneladas importadas. O dólar em alta pode favorecer novos negócios.
O feijão tenta reagir. Os preços do carioca giram entre R$ 210 e R$ 230 para grãos nota 9. O empacotador começa a voltar às compras. A colheita da terceira safra registra perdas por causa da mosca branca. A oferta deve cair até o fim do ano. O plantio da primeira safra caiu. O feijão preto continua fraco, com preços entre R$ 120 e R$ 130 no Paraná. Mesmo com demanda alta no varejo, o feijão ainda não conseguiu firme valorização.
Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting
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