Mercado Agrícola - 1.ago.2025

Mercado brasileiro segue forte e prevê novo recorde de área plantada

01.08.2025 | 08:51 (UTC -3)
Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting

O Brasil pode ter registrado embarques históricos de soja em julho. Estimativas apontam até 12 milhões de toneladas exportadas no mês. O volume, se confirmado pela Secex na próxima semana, consolidará um novo recorde mensal. No acumulado do ano, as exportações já ultrapassam 77 milhões de toneladas.

A soja continua como principal item da pauta brasileira de exportações. Em julho, o faturamento com grãos, farelo e óleo ultrapassou US$ 6 bilhões. Mesmo com o recuo de US$ 5 bilhões nas vendas de grãos in natura, o complexo soja sustenta a balança.

O mercado interno também mostra dinamismo. Cerca de 117 milhões de toneladas já foram negociadas. O volume representa 68,8% da safra. Ainda restam 53 milhões de toneladas nas mãos dos produtores, que aceleram as vendas em busca de capital para insumos. A média histórica de comercialização para o período é de 73%, mas o volume absoluto é recorde.

Os preços no porto variam entre R$ 140 e R$ 144 por saca para entregas entre agosto e outubro. Prêmios positivos e dólar valorizado sustentam as cotações. A valorização cambial reflete temores sobre tarifas norte-americanas.

A próxima safra de soja brasileira deve crescer em área. Estima-se avanço para mais de 50 milhões de hectares. A cultura avança sobre arroz, milho, feijão e pastagens degradadas. Produtores também utilizam áreas de renovação de canaviais. A expectativa é de novo recorde de área plantada.

Nos Estados Unidos, a soja encontra estabilidade. Mais de 80% das lavouras florescem e 50% já formam vagens. A safra avança com 70% das lavouras classificadas como excelentes. Apesar da boa condição, a área recuou 1,5 milhão de hectares. A produção deve atingir 118 milhões de toneladas, ante 118,8 milhões na safra anterior.

A China mantém o foco na soja brasileira e pouco atua no mercado americano. A Argentina participa com 5 a 7 milhões de toneladas, mas concentra exportações em farelo, óleo e biodiesel.

Situação do milho

No milho, os Estados Unidos apresentam 73% das lavouras em condições excelentes. A produção estimada passa de 403 milhões de toneladas. Apesar da boa safra, o déficit entre produção e consumo persiste e deve ultrapassar 10 milhões de toneladas em 2026.

O milho brasileiro acelera colheita, com 83% da safrinha já retirados do campo. A comercialização atinge 50%, abaixo dos 57% do ano passado. Mato Grosso lidera com 93% da colheita e 61% da safra negociada. O Brasil pode colher 110 milhões de toneladas, nova marca recorde.

Situação do sorgo

O sorgo também mostra desempenho positivo. A colheita alcança 80% no Brasil, com estimativa de até 6 milhões de toneladas. A qualidade nos Estados Unidos caiu, e a China reduziu compras, afetando o mercado global.

Situação do trigo

O trigo enfrenta pressão de baixa em Chicago. A colheita de inverno nos EUA chega a 85%. A qualidade do trigo de primavera caiu de 52% para 49% em uma semana. No Brasil, preços recuaram entre R$ 50 e R$ 80 por tonelada em julho. No Rio Grande do Sul, a tonelada chegou a R$ 1.270. O Paraná registrou cotações entre R$ 1.450 e R$ 1.500.

A área plantada de trigo no Brasil caiu cerca de 20%. Apesar do frio, não há perdas por geadas. O clima beneficia as lavouras.

Situação do arroz

O arroz brasileiro enfrenta queda de área. A nova safra não deve ultrapassar 11 milhões de toneladas. O consumo interno segue forte, com o pacote de cinco quilos vendido entre R$ 15 e R$ 18. O preço ainda está abaixo do custo de produção.

Nos Estados Unidos, a safra de arroz evolui bem, mas com qualidade inferior à do ano passado. A projeção é de até 9,9 milhões de toneladas.

Situação do feijão

O feijão colhido nos estados centrais do Brasil chega ao mercado com preços entre R$ 210 e R$ 240 a saca no caso do feijão nobre. O feijão comercial gira entre R$ 180 e R$ 205. O mercado espera alta na demanda com a retomada das aulas e temperaturas mais baixas. A exportação do complexo do feijão deve ultrapassar 100 mil toneladas em julho. O feijão preto lidera os embarques.

O consumo de feijão no varejo cresce entre 14% e 16% em relação ao ano passado. Ainda assim, os preços seguem baixos por conta da oferta abundante.

Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting

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