Exportação de algodão deve atingir recorde histórico de 1,2 milhão de toneladas, segundo a Anea
Com desempenho excepcional, País pode se tornar o segundo maior exportador de algodão mundial, atrás somente dos Estados Unidos
O Brasil se prepara para iniciar o plantio de uma safra recorde, estimada em 2,5 milhões de toneladas de pluma (das quais, aproximadamente 65% devem ser exportados), de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Nesse contexto, a preocupação em garantir a qualidade da pluma nacional e o ambiente de confiabilidade em sua comercialização se torna ainda mais importante, e é essa é a proposta principal do programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) que está sendo apresentado em Mato Grosso esta semana.
Desde a noite de segunda-feira, a Abrapa, em parceria com a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), está promovendo uma rodada de mobilização do programa SBRHVI em todas as regiões cotonicultoras do estado que é o maior produtor de fibra do país. O diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarrero, e o gestor do Programa de Qualidade da entidade, Edson Tetsuji Mizoguchi, iniciaram o périplo em Campo Verde, estiveram em Primavera do Leste na terça-feira, e seguem nesta quarta-feira para Rondonópolis. Na quinta-feira, será a vez de produtores e técnicos das regiões de Lucas do Rio Verde e Sorriso assistirem à apresentação, que será feita em Campo Novo do Parecis na sexta-feira atendendo também ao público da região de Sapezal.
O programa SBRHVI tem como objetivo garantir o resultado de origem e, consequentemente, dar credibilidade e transparência aos resultados de análise de HVI (High Volume Instruments) realizada pelos laboratórios de classificação instrumental em operação no Brasil, dos quais seis em Mato Grosso.
Os representantes da Abrapa explicaram que o programa começou a ser idealizado em 2009, a partir do momento em que foi reportado - em salas de negociação da Abrapa, durante evento da International Cotton Association (ICA) - que a qualidade do algodão brasileiro vendido e exportado não correspondia ao que estava sendo entregue por compradores internacionais. Estados Unidos e Austrália, dois dos maiores exportadores mundiais de pluma, já tinham programas com propósitos semelhantes ao do SBRHVI e a Abrapa tomou para si a responsabilidade de tomar essa iniciativa, em parceria com as estaduais.
"Assegurar credibilidade é um trabalho de longo prazo, que precisa ser realizado de forma permanente até sua consolidação", explica Mizoguchi. De acordo com o gestor, o programa SBRHVI se baseia em três pilares: o Centro Brasileiro de Referência em Análise do Algodão (CBRA), construído em Brasília; o Banco de Dados da Qualidade do Algodão Brasileiro e Orientação aos laboratórios.
Formação de lotes - Portocarrero explica que os principais objetivos da rodada de mobilização, que vem sendo realizada nos maiores estados produtores, são comprometer os laboratórios de classificação com o SBRHVI e mostrar aos produtores de algodão as vantagens de aderir a um programa que visa garantir mais confiabilidade nas relações de compra e venda de pluma e, consequentemente, maiores ganhos.
Para que isso aconteça, é preciso o envolvimento também das tradings no programa SBRHVI, que, além de padronizar e verificar os resultados das análises e classificação HVI, permitirá que os produtores formem lotes de algodão em pluma com características similares, utilizando como filtros as características intrínsecas da fibra. Tudo isso com o respaldo da certificação do Centro Global de Testagem e Pesquisa do Algodão (ICA Bremen).
Na opinião de Gustavo Pinheiro Berto, presidente do Núcleo Regional Centro, que assistiu à apresentação sobre o SBRHVI no auditório da Cooperfibra, em Campo Verde, o programa é "uma ferramenta interessante que pode ajudar na comercialização", podendo proporcionar maior segurança aos produtores e, futuramente, assegurar um mercado mais cativo para a pluma brasileira. Antonio Carlos Desordi, produtor na região, concorda que garantir a padronização nos resultados das análises HVI e a confiabilidade num mercado globalizado é um processo irreversível, mas acredita que, no caso de cotonicultores com áreas menores, a adesão a um programa como o SBRHVI deve ser conduzida via cooperativa (Cooperfibra). O produtor Cristiano Botan também acompanhou a apresentação com interesse, porém ainda tem dúvidas sobre como o programa vai funcionar de fato, embora acredite que os entraves poderão ser superados assim como foram em outros países que desenvolvem iniciativas semelhantes.
Renato Marinho, da Kuhlmann, empresa responsável por três laboratórios de classificação HVI em Mato Grosso, é de opinião que o programa SBRHVI é fundamental e tem grande potencial de ganho para os produtores. Segundo ele, a falta de normatização em relação às análises HVI gera resultados diferentes e insegurança na hora da comercialização. " A ideia do programa é normatizar isso para que haja mais confiabilidade em situações de análise e classificação da pluma e, consequentemente, na negociação", comentou.
Primavera do Leste - A apresentação do programa SBRHVI em Primavera do Leste também contou com as presenças de produtores, como Romeu Froelich, presidente do Núcleo Regional Centro Leste; Alessandro Polato, diretor da Ampa e presidente da Unicotton (que tem o Laboratório de Classificação Tecnológica); Eloi Brunetta; Isabela Brunetta Weber, vice-presidente da Unicotton; e João Luiz Ribas Pessa, ex-presidente da Ampa e da Abrapa, além de representantes dos grupos Aguiar, O Telhar e Sinagro, entre outros.
Romeu Froelich disse ter achado "interessante" a proposta do programa de levar "o nosso produto" ao mercado internacional com mais confiabilidade, de modo "a ter menos problemas lá na frente". Segundo Froelich, em geral, quando ocorrem problemas em relação à qualidade da pluma comercializada, o produtor que é penalizado. "Com o SBRHVI, o comprador passa a ter acesso a dados sobre a qualidade original da pluma", comenta.
Na avaliação de Pessa, o programa será uma "excelente ferramenta para o anunciado e-commerce (comércio virtual), que, com certeza, virá também para o algodão".
Os representantes da Abrapa acrescentaram que o futuro do algodão brasileiro depende do compromisso com a qualidade, por meio do programa SBRHVI e do CBRA; com a rastreabilidade, por meio do Sistema Abrapa de Identificação (SAI); e com a sustentabilidade, por meio do programa ABR (Algodão Brasileiro Responsável) e do sistema BCI (Better Cotton Initiative).
Mais informações sobre o programa SBRHVI podem ser obtidas pelo telefone (65) 3925.1800 ou através do e-mail do suporte técnico da Abrapa: suportesbrhvi@abrapa.com.br
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