Pesquisadora recebe prêmio na categoria “Vida e Obra”- em crédito de carbono e agricultura regenerativa - por sua trajetória de pesquisa focada em biodiversidade microbiana, microbiologia do solo e fixação biológica do nitrogênio
09.11.2022 | 15:32 (UTC -3)
Embrapa
Durante a 66ª edição do Prêmio Fundação Bunge, que será realizada no dia 10 de novembro, em São Paulo (SP), a pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, será contemplada com o Prêmio Fundação Bunge, na categoria “Vida e Obra”- em crédito de carbono e agricultura regenerativa - por sua trajetória de pesquisa focada em biodiversidade microbiana, microbiologia do solo e fixação biológica do nitrogênio. “Receber esse prêmio tem, para mim, um valor inestimável, com reconhecimento do firme propósito de dedicar uma vida e uma carreira na busca de tecnologias aplicadas à agricultura que permitam obter altos rendimentos com sustentabilidade”, afirma Mariangela.
Impactos da trajetória de pesquisa
A pesquisadora Mariangela Hungria tem sua carreira dedicada às pesquisas que usam microrganismos em substituição total ou parcial aos fertilizantes químicos. A sua trajetória científica é marcada pelo desenvolvimento de pesquisas sobre biodiversidade microbiana, microbiologia do solo e fixação biológica do nitrogênio. Mariangela vem trazendo grande contribuição para o desenvolvimento de soluções relacionadas à fixação biológica do nitrogênio (FBN) - tecnologia que utiliza bactérias que retiram o nitrogênio da atmosfera e o disponibilizam para a planta - gerou economias de cerca de US$ 38 bilhões em importações de adubos nitrogenados, somente para a cultura da soja na safra passada.
Além dessa contribuição para a cultura da soja, Mariangela também coordenou pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) para a cultura do feijoeiro, Azospirillum para as culturas do milho e do trigo e de pastagens com braquiárias e coinoculação de rizóbios e Azospirillum para as culturas da soja e do feijoeiro e pastagens. “Precisamos produzir cada vez mais com menos, ou seja, aumentando a eficiência no uso da terra, água, energia e insumos. Sem dúvida, o solo, com seus microrganismos fantásticos, é o ponto inicial da jornada rumo à segurança alimentar que todos almejam”, destaca Mariangela.
Reconhecimento profissional
Em 2020, Mariangela Hungria foi classificada entre os 100 mil cientistas mais influentes no mundo, de acordo com estudo da Universidade de Stanford (EUA). Intitulado “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators”, o trabalho foi realizado a partir de um banco de dados mundial com sete milhões de cientistas e publicado no prestigioso periódico PLOS Biology.
Em 2022, a pesquisadora ficou na primeira posição brasileira no recém-lançado ranking dos 100 principais cientistas em Fitotecnia e Agronomia (Plant Science and Agronomy) publicado pelo Research.com, um site que oferece dados sobre contribuições científicas em nível mundial. A pesquisadora também recebeu, em 2022, o Prêmio FPA, outorgado pelo Instituto Pensar Agro e pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), durante a cerimônia de comemoração pelos dez anos do Código Florestal. Ainda em 2022, a pesquisadora recebeu o Prêmio Norman Borlaug – Sustentabilidade, da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag).
Currículo
Mariangela possui graduação em Engenharia Agronômica (Esalq/USP), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas (Esalq/USP), doutorado em Ciência do Solo (UFRRJ) e pós-doutorado em três universidades: Cornell University, University of California-Davis e Universidade de Sevilla. A pesquisadora é comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Integra o quadro da Embrapa desde 1982 e está lotada na Embrapa Soja desde 1991. É professora e orientadora da pós-graduação em Microbiologia e Biotecnologia na Universidade Estadual de Londrina e do curso de Bioinformática na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Mariangela assina mais de 500 artigos científicos, capítulos de livros e publicações técnicas e já treinou mais de 100 estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado.
Mariangela foi representante da área ambiental e do solo da Sociedade Brasileira de Microbiologia por 20 anos, foi a primeira presidente da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e atuou como vice-presidente e presidente da Relare (Reunião da Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola), que reúne representantes da pesquisa, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do setor privado. Também fez parte do comitê coordenador do projeto N2Africa, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates para projetos de fixação biológica do nitrogênio na África, além de projetos com praticamente todos os países da América do Sul e Caribe, além de países da Europa, Austrália, EUA e Canadá.
Confira os outros homenageados do Prêmio Fundação Bunge
Na categoria “Vida e Obra”, o Prêmio contemplará também o professor Carlos Alexandre Costa Crusciol, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp – Botucatu) por sua atuação em Inteligência artificial e o Uso das águas e do solo.
Na categoria “Juventude” (até 35 anos), o Prêmio reconhecerá Maurício Roberto Cherubin, professor da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq-USP), por suas investigações sobre os impactos do uso da terra e de práticas de manejo na qualidade do solo, dinâmica de carbono e na provisão de serviços ecossistêmicos em sistemas agrícolas.
Também na categoria “Juventude”, Bernardo Moreira Cândido, professor do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), será premiado por seu trabalho de pesquisa dos processos de mudança da superfície da Terra, com ênfase em erosão do solo, utilizando inteligência artificial, algoritmos de machine learning e drones para identificar padrões de alterações na superfície do solo.
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