Manejo de plantas daninhas ainda é um dos maiores desafios dos produtores, alerta ABRASEM

13.03.2013 | 20:59 (UTC -3)
Fonte: Assessoria de Imprensa

Um dos principais desafios dos produtores de algodão no Brasil é o manejo das plantas daninhas nas lavouras. Quando o agricultor não adota as práticas recomendadas, essas plantas prejudicam a qualidade das fibras, e reduzem em até 30% a produtividade.

A ABRASEM ouviu os especialistas em manejo de plantas daninhas Prof. Dr. Pedro Jacob Christoffoleti, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), e Prof. Dr. Anderson Luis Cavenaghi, do Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG), do Mato Grosso, e os produtores de algodão Ângelo Massambani, do Mato Grosso, e João Carlos Jacobsen, da Bahia, sobre a importância da adoção de boas práticas agrícolas nesta cultura, que tem características diferentes da soja e do milho.

Além da correta implantação da cultura e utilização de sementes de boa qualidade, o professor Christoffoleti, da ESALQ, explica que a principal recomendação para fazer o controle das plantas daninhas na cultura do algodão é a adoção do manejo integrado. Esse manejo começa com o estabelecimento da cultura ‘no limpo’, ou seja, quando ela emerge em uma área sem a presença simultânea das plantas daninhas. Para isso, é necessário adotar práticas de pré-plantio adequadas, como por exemplo, a formação de palhada na superfície que elimina boa parte da germinação das plantas daninhas.

Christoffoleti ressalta que a ferramenta mais utilizada no manejo de plantas daninhas é o uso de herbicidas, aplicados em diferentes momentos da cultura. “Os herbicidas podem ser úteis tanto no manejo pré-plantio, como após a implantação da cultura com herbicidas residuais e pós-emergentes”, diz.

Para ele, os principais desafios encontrados pelos cotonicultores brasileiros no manejo das plantas daninhas são a baixa competitividade da cultura de algodão no início do ciclo, que requer manejo de alta eficácia; a necessidade de controle das plantas daninhas até o final do ciclo da cultura; a seleção de plantas daninhas resistentes aos principais herbicidas utilizados; o manejo de plantas voluntárias de culturas antecessoras resistente ao glifosato, que germinam junto com a cultura de algodão; o alto custo dos programas de manejo; e a destruição das soqueiras de algodão após a colheita da cultura.

Trapoerada (Commelina benghalensis L.)

Caruru (Amaranthus hybridus L.)

Capim Pé de Galinha (Eleusine indica)

Leitero ou Amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla)

Picão Preto (Bidens pilosa).

Anderson Cavenaghi, da UNIVAG, do Mato Grosso, explica que pelas características da cultura do algodão e a necessidade de colheita no limpo para se obter fibras com menores índices de impureza, é necessária uma maior quantidade de aplicações nesta cultura quando comparada às culturas de soja e milho.

Ângelo H. Massambani, engenheiro agrônomo na região de Sapezal, no Mato Grosso, diz que o problema das plantas invasoras ainda é uma das maiores preocupações dos cotonicultores no Estado. “Além das plantas daninhas mais comuns, como Picão Preto e Leitero, no Mato Grosso os produtores algumas vezes precisam combater o crescimento de soja e milho voluntários, já que o algodão costuma ser plantado na segunda safra no Estado”, explica Massambani. Segundo ele, a batalha contra as plantas invasoras inicia antes do plantio do algodão e só termina após a colheita.

Os produtores da Bahia também sofrem com a invasão das plantas daninhas em suas lavouras, segundo João Carlos Jacobsen, cotonicultor nas regiões de Barreiras e Formosa do Rio Preto, na Bahia. “Adotamos programas de controles adequados baseados no uso dos herbicidas disponíveis no mercado. Mas, em alguns casos, precisamos capinar a lavoura e utilizar jatos dirigidos. Porém, essas são práticas de emergência, que os produtores aderem em último caso”, explica Jacobsen.

Cavenaghi destaca que existem programas de manejo de plantas daninhas muito eficientes, mas que é difícil atingir um controle total da comunidade infestante de plantas daninhas. “O sucesso do controle depende de um conjunto de fatores como o uso de doses recomendadas dos herbicidas, tecnologia de aplicação utilizada, momento correto de aplicação, entre outros. No entanto, um manejo feito de forma inadequada, pode provocar perdas em média de 30%, mas, em alguns casos, pode até inviabilizar a colheita.”

O professor Christoffoleti reforça ainda que as plantas daninhas na cultura do algodão não afetam apenas a produtividade, mas também interferem na qualidade da fibra e no processo de colheita, e alerta que elas podem ser hospedeiras de pragas e doenças.

Para o engenheiro agrônomo e vice-presidente da ABRASEM, Claudio Manuel da Silva, faz parte do papel da associação promover discussões como essa entre os produtores. “É importante para todo o setor que eles conheçam novas técnicas e recebam dicas de especialistas que pesquisam arduamente o tema, viajam o mundo em busca de novas soluções e têm muito a contribuir.” Ele reforça que as boas práticas agrícolas em qualquer cultura começam na instalação da cultura corretamente. “É muito importante que o produtor use sementes certificadas ou fiscalizadas e faça a semeadura na época recomendada”, reforça.

Para os dois pesquisadores, a introdução da biotecnologia na cultura do algodão já trouxe facilidades ao produtor em relação ao manejo, tornando-o mais flexível. Eles acreditam que, com a pesquisa e o desenvolvimento de novos eventos combinados, a tendência é que no futuro os programas de manejo sejam mais simples.

Cavenaghi acredita que a biotecnologia na cultura do algodão é muito bem recebida pelos produtores e que novos eventos proporcionarão um número maior de ferramentas e planos de controle aos cotonicultores. “Esta tecnologia já está sendo adotada pelos produtores e o surgimento de novos eventos possibilitará o uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, podendo dificultar o surgimento de plantas resistentes quando utilizados de forma adequada”.

Para o professor Christoffoleti, há duas tendências futuras na cultura do algodão. A primeira centrada na implantação de sistemas de manejo de plantas daninhas diversificados, inserindo junto com o herbicida recomendado para a cultura biotecnológica, herbicidas com mecanismo de ação alternativo, com ação residual ou pós-emergente. E a segunda com foco no desenvolvimento de culturas biotecnológicas com múltiplas possibilidades de uso de herbicidas de diferentes mecanismos de ação. “A biotecnologia poderá facilitar o manejo de plantas daninhas, simplificando-o, reduzindo custos e aumentando a segurança de aplicação de herbicidas”.

Os produtores do Mato Grosso e da Bahia também acreditam que a adoção da biotecnologia já trouxe muitos benefícios e que novos eventos podem tornar as técnicas de manejo ainda mais simples e eficientes. “Um programa eficiente de controle de plantas invasoras é baseado no uso de variedades com biotecnologia e no manejo adequado de herbicidas pré-emergentes e pós-emergentes. Assim, é possível explorar ao máximo o potencial produtivo da cultura”, explica Ângelo H. Massambani.

“Sem dúvida, a biotecnologia é uma facilitadora para os produtores de algodão, torna o manejo mais simples e flexível. Precisamos de novos eventos que eliminem a necessidade das operações de capina e do uso de jato dirigido, que são complexas, lentas e não trazem benefícios aos produtores”, finaliza João Carlos Jacobsen.

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