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Com a economia movida pela segunda bebida mais consumida no mundo, o café movimenta e integra diversos setores da região da Alta Mogiana, região nordeste do estado de São Paulo e que faz divisa com o sul de Minas Gerais. A qualidade única e superior dos grãos produzidos na região fez com que a Alta Mogiana se tornasse a maior produtora paulista de café e terceira do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais e do Espírito Santo.
A Alta Mogiana produz de 2 a 3 milhões de sacas de café ao ano e envolve mais de 5 mil produtores. “Importante destacar que os grãos produzidos aqui são reconhecidos pela qualidade superior, com aroma marcante, corpo cremoso e sabor prolongado, com uma doçura de caramelo e notas de chocolate amargo, o que fez com a Alta Mogiana se destacasse no pioneirismo da produção de cafés especiais”, explica a empresária da Café Labareda, Flávia Lancha.
Em 2013, a Alta Mogiana foi reconhecida pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) como uma das regiões brasileiras mais tradicionais na produção de café e recebeu o registro de Indicação de Procedência, que atesta a origem e qualidade dos cafés produzidos. Foi a segunda região brasileira a receber o reconhecimento.
Isso foi muito importante para a exportação dos cafés da Alta Mogiana, que avançou a passos largos ao longo dos anos. Em 2020, a commodity representou 52% de toda a exportação do município de Franca (SP), que sempre foi reconhecida pela indústria calçadista, enquanto o setor calçadista representou 29% das exportações naquele ano.
A cidade de Franca também é o berço da Café Labareda. Fundada em 1984, é uma das mais conceituadas empresas exportadoras de cafés especiais do Brasil. Dentre seus produtos estão os cafés Premium e Reserva. E o mercado externo também é essencial para a empresa que hoje exporta para cerca de 13 países, dentre eles, Estados Unidos, Europa, Japão, Austrália, África do Sul e Dubai.
O ano de 2021 foi desafiador para produtores de café de Alta Mogiana. As secas e geadas intensas interferiram diretamente na safra e os reflexos dessas adversidades climáticas estão sendo sentidos especialmente este ano.
“A cultura do café possui safras intercaladas – um ano tem maior produção e o outro ano é menor. Porém, com esse cenário climático, esta safra, que era para ser de maior produção, deve ter uma queda de 20 a 30% e isso reflete diretamente no mercado”, explica Flávia.
Com a tendência de aumento no consumo e menor produção, motivada pelos reflexos das condições climáticas de 2021, aliados ao aumento do preço dos insumos e os combustíveis, o cenário deve ser manter desafiador por um período mais longo.
“O aumento nos custos de produção também provocar também um reflexo sobre o aumento no preço do produto final e até uma redução na oferta do produto, especialmente para o mercado externo”, adianta a empresária.
E os principais gargalos para as exportações brasileiras ainda estão por vir, tendo em vista que os embarques devem começar em meados de agosto. “O estoque está baixo e o frete com valor alto, o que deve encarecer também o produto fora do Brasil”, aponta a empresária.
E a logística está entre os principais desafios para expandir a participação do café brasileiro fora do país. “Nos últimos anos, aumentamos muito a nossa produtividade e qualidade, porém precisamos de melhorias nos transportes destes cafés. A logística é muito mal distribuída, não há um escoamento eficaz, temos apenas o transporte rodoviário para realizar estes fretes no Brasil”, explica
Em relação ao futuro da cultura, Flávia aponta como um dos principais caminhos para garantir a melhoria constante da produtividade, além de potenciar a variedade e a qualidade do produto, o investimento em pesquisa. “Ao longo dos anos, o Brasil deixou de ter incentivo público para pesquisa no setor cafeeiro, e isso é uma perda muito grande para o País. Essa é uma importante fonte econômica para o Brasil e, por isso, a necessidade de promoção de políticas de incentivo à pesquisa e ao produtor”, pontua Flávia.
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