John Deere vê desafios no mercado, mas aposta em tecnologia e sustentabilidade

A John Deere enfrenta um cenário desafiador no Brasil e na América Latina. Segundo Antonio Carrere, vice-presidente de marketing e vendas da empresa para a região, os mercados de grãos e algodão apresentam realidades distintas, refletindo as variações climáticas e econômicas que afetam diretamente a produção e a rentabilidade dos agricultores.

Ele destaca que a safra 2023/24 trouxe grandes impactos para o setor agrícola no Brasil. A produção de soja, por exemplo, sofreu queda significativa devido às condições climáticas adversas, tanto no Sul quanto no Norte do país. Já o algodão, embora tenha mantido uma boa produtividade, enfrenta dificuldades devido à queda nos preços, o que tem afetado a rentabilidade dos produtores.

Esses fatores, combinados com uma retração nas margens de lucro dos agricultores, têm influenciado diretamente as vendas de máquinas da John Deere. O executivo aponta que, após um período de margens atipicamente altas durante a pandemia, o setor agropecuário está retornando a um patamar de normalidade, o que implica em margens mais apertadas. Como resultado, as vendas de máquinas agrícolas da empresa caíram em comparação com o ano anterior.

Apesar desse cenário, Carrere ressalta que os agricultores estão cada vez mais focados em investimentos inteligentes, priorizando a compra de soluções tecnológicas que possam aumentar a eficiência e a produtividade. Ele destaca o papel fundamental da tecnologia nesse processo, citando os avanços da John Deere em inteligência artificial, visão computacional e machine learning, que estão sendo integrados às máquinas da empresa para oferecer maior sustentabilidade e rentabilidade aos produtores.

A comunicação da John Deere com seus clientes e potenciais clientes também tem se adaptado a essa nova realidade. Carrere enfatiza os fortes investimentos da empresa em tecnologia, incluindo o desenvolvimento de motores a etanol, que beneficiam especialmente os produtores brasileiros. Além disso, menciona a parceria da John Deere com a SpaceX, que visa garantir conectividade em qualquer região do Brasil a partir de 2025, permitindo que as máquinas da empresa operem com pleno potencial, mesmo em áreas remotas.

Em relação às perspectivas para a safra 2024/25, Carrere indica que a John Deere enxerga um mercado global impactado por uma menor demanda por commodities agrícolas, o que deve pressionar ainda mais as margens dos produtores. No entanto, destaca a importância de continuar investindo no longo prazo, tanto por parte dos produtores quanto da própria John Deere.