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O uso do baculovírus Spodoptera frugiperda multiple nucleopolyhedrovirus (SfMNPV) no controle da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) ganha novos contornos. Estudo do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) avaliou diferentes isolados do vírus e apontou cepas mais letais e rápidas no combate às duas linhagens do inseto-praga: a do milho e a do arroz. A pesquisa detalha ainda as variações genômicas entre os isolados, abrindo caminho para o desenvolvimento de bioinseticidas mais eficazes e sustentáveis.
Larvas da linhagem do milho mostraram respostas variáveis aos vírus testados. Algumas cepas, como a 459 (Colômbia) e a 1197 (Geórgia, EUA), mataram mais rapidamente — em menos de 56 horas após a infecção. Outras, como a 281 (também da Geórgia), exigiram menor concentração para causar 50% de mortalidade, embora agissem mais lentamente.
Já as larvas da linhagem do arroz responderam com menor variação entre os isolados, demonstrando comportamento mais uniforme.
A diferença no tempo médio de letalidade (LT50) motivou a classificação dos isolados em dois grupos: de ação rápida e lenta. Os mais letais, como 459 e 3AP2 (Missouri), causaram alta mortalidade em menos tempo, atributo valorizado no controle biológico por reduzir danos nas lavouras.
As análises genéticas revelaram alto grau de similaridade entre os genomas dos isolados — acima de 99% —, embora com variações pontuais, como inserções, deleções e transferências horizontais de genes.
O isolado 459, por exemplo, apresenta genes únicos também encontrados em uma cepa colombiana anterior (ColA), possivelmente herdados de outro baculovírus da espécie Spodoptera litura. A presença desses genes foi confirmada em outros isolados, inclusive dos EUA, indicando maior distribuição geográfica que o inicialmente suposto.
Experimentos com misturas de isolados não mostraram ganhos significativos em concentração letal (LC50) ou tempo de morte. A mistura 25% 459 e 75% 3AP2 resultou na menor concentração letal, mas sem impacto expressivo no tempo médio de letalidade. Isso sugere que a combinação de vírus pode não ser vantajosa frente ao uso individual das cepas mais eficazes.
O genoma das cepas 459 e 1197 não apresentou deleções no gene egt, conhecido por acelerar a morte nos baculovírus. Já a cepa 3AP2, mais letal, carrega essa mutação, o que pode explicar sua eficiência. Entre os genes sob pressão evolutiva positiva, o pif-3 se destacou. Ele participa da infecção oral do hospedeiro e exibe variação codificante entre os isolados.
A pesquisa também aponta que o comportamento migratório da lagarta e a reprodutibilidade limitada entre suas linhagens podem ter freado uma diferenciação viral mais acentuada. Mesmo assim, o estudo indica que há potencial para selecionar cepas mais adaptadas às distintas linhagens do inseto.
Com o avanço da resistência da lagarta a inseticidas químicos e transgênicos Bt, os baculovírus reaparecem como alternativa viável. O isolado 3AP2 já integra formulações comerciais nos EUA e no Brasil. Agora, os novos dados reforçam a necessidade de registrar outras cepas promissoras, como 459 e 1197.
Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1016/j.jip.2021.107561
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