AgBiTech abre laboratório em parceria com a UFG
Novo espaço será inaugurado na primeira quinzena de novembro e resulta de uma aliança estratégica entre a empresa e a instituição de ensino
O desenvolvimento de diferentes atividades agropecuárias em uma mesma propriedade rural vem crescendo no país e pode proporcionar benefícios para produtores e para o meio ambiente. A mais comum é a integração lavoura-pecuária (ILP). De acordo com pesquisa encomendada pela Embrapa em 2016, havia no país 11,5 milhões de hectares com sistemas integrados de produção. Agora, o setor estima, segundo levantamentos informais, que já existam cerca de 15 milhões de hectares com algum tipo de estratégia de integração em todo o Brasil.
Além da ILP, também se expande a integração lavoura-pecuária-florestas (ILPF), uma estratégia de agropecuária aliada à produção de florestas. Os diferentes tipos de integração podem ocorrer em cultivo consorciado, em rotações de plantio ou sucessão na mesma área, de forma que haja interação entre os componentes do sistema.
Ciro Magalhães, pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, explica que entre os principais benefícios que esses sistemas podem trazer está a otimização de diversos fatores de produção. “A integração permite que o produtor otimize o uso das máquinas e da mão de obra, que ficariam parados em alguns períodos quando a propriedade só tem agricultura, por exemplo. Além disso, há uma otimização dos nutrientes do solo também, trazendo benefícios econômicos e ambientais”, afirma o pesquisador.
No Estado do Mato Grosso, onde fica a Embrapa Agrossilvipastoril, e em outras regiões de fronteira com vegetação nativa, Magalhães ressalta que a integração ainda alivia a pressão por expandir as áreas de agropecuária, otimizando o solo já ocupado. Segundo o pesquisador, o Mato Grosso tem atualmente cerca de 2 milhões de hectares com sistemas integrados, um crescimento de mais de 30% desde a época do levantamento de 2016, quando tinha 1,5 milhão de hectares.
A Embrapa Agrossilvipastoril realiza um experimento com diferentes tipos de integração há oito anos no Mato Grosso. “Nosso experimento está previsto para durar 12 anos, quando teremos um cenário mais completo sobre a eficiência dos diferentes sistemas, mas já temos muitos dados que mostram benefícios”, adianta.
Uma das conclusões já demonstradas, segundo Magalhães, é que a produtividade da soja não foi reduzida em um experimento em que a lavoura é integrada com a pecuária. Já a pecuária teve um aumento de produtividade de cerca de 30% na mesma área em que o produtor alterna a produção da oleaginosa com pasto.
“Mas é preciso ter um manejo muito bem feito para conseguir os benefícios. Não é uma coisa simples. É preciso um monitoramento adequado”, alerta o pesquisador. Já na integração da lavoura de milho com pecuária, na área do experimento, ocorreu uma ligeira queda na produtividade do grão. Isso não quer dizer, no entanto, que o produtor teve perdas financeiras, porque essa queda pode ser compensada com redução de gastos com fertilizantes e otimização de recursos, ou ainda com ganhos na pecuária, por exemplo.
No caso da integração lavoura-pecuária-floresta, o pesquisador acrescenta que, após quatro anos do experimento, houve uma ligeira queda na produtividade da soja, mas que também pode ser mais do que compensada financeiramente pela venda da madeira plantada em meio à lavoura da oleaginosa. Segundo o pesquisador, cerca de 90% dos sistemas integrados são ILP, e 6%, ILPF. Há ainda uns 3% de integração pecuária-floresta (IPF) e menos de 1% que é de integração lavoura-floresta (ILF).
De acordo com o estudo apresentado em 2016, o estado que mais tinha algum tipo de integração era o Mato Grosso do Sul, com 2 milhões de hectares, seguido pelo Mato Grosso, com 1,5 milhão de hectares, na época, e Rio Grande do Sul, com 1,46 milhão de hectares.
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