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Pesquisadores se reuniram para discutir o avanço do percevejo bronzeado no Brasil, Argentina e Uruguai, em 3 de setembro, na empresa florestal Fibria, em Guaíba/RS.
A reunião contou com a participação de integrantes do Programa de Proteção Florestal (Protef) do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef), da Universidade de São Paulo, Campus de Piracicaba/SP, sob a coordenação de Carlos Frederico Wilcken, da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Também estavam presentes representantes do Uruguai, da Argentina, do Chile, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e da Embrapa Florestas (Colombo, PR) e das empresas do ramo florestal associadas ao Ipef - Duratex, International Paper do Brasil, Grupo Suzano–BahiaSul Celulose, Aracruz Celulose, Klabin, Cenibra, Jari Celulose, Eucatex, Votorantim Celulose e Papel-VCP, Lwarcel, Veracel, CAF Santa Bárbara – Grupo Arcelor, Satipel Florestal, Vallourec & Mannesmann Florestal e Plantar.
Luiz Alexandre Nogueira de Sá, pesquisador e supervisor do Laboratório de Quarentena “Costa Lima” da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) falou sobre a importação de agentes de controle biológico: normas vigentes e a situação da importação de inimigos naturais das pragas exóticas no país.
Conforme o pesquisador, a Embrapa propôs o controle biológico dessa praga por meio da importação de vespinhas e parasitóides provenientes da Austrália ou África do Sul. “Inicialmente, esse é o método de controle mais adequado e menos impactante no ecossistema florestal. Planejamos a importação e criação em laboratório e posterior liberação nos hortos florestais de eucalipto do parasitóide Cleruchoides noackae, conhecido como um mirmáride.
Essa praga, de origem australiana foi encontrada na África em 2004 apresentando grande potencial de dano, como a desfolha e clorose nas árvores. E, desde novembro de 2005, já estava em áreas nos arredores de Buenos Aires, na Argentina e no Uruguai.
Em fevereiro de 2008 foi detectada no Brasil, em Jaguariúna, sem a manifestação de danos esperados para o verão. Foi encaminhado, então, um alerta fitossanitário pelo Protef para várias empresas florestais sobre o possível risco de introdução nas plantações localizadas em regiões fronteiriças.
O pesquisador explica que a praga mede cerca de três milímetros e coloca seus ovos sobre as folhas. Quando eles eclodem, as ninfas passam a sugar a seiva da planta. Inicialmente, as folhas atingidas ficam esbranquiçadas. Com o tempo, a planta passa a tons marrons ou avermelhados. Daí o nome do inseto de percevejo "bronzeado". Quanto à sua biologia, a reprodução é sexuada - presença de machos e fêmeas. Cada fêmea pode ovipositar 60 ovos, em média. Os ovos são pretos e colocados agrupados na folha. A fase ninfal dura aproximadamente 35 dias, podendo ter várias gerações ao longo do ano, quando o clima é favorável ao inseto. O dano se verifica com a queda de folhas, que pode ser total nas plantas mais suscetíveis, como a espécie Eucalyptus camaldulensis. Porém, o percevejo se adaptou muito bem aos clones híbridos como o “urograndis”, muito plantado no Brasil.
A praga também foi detectada em 2008 em dois municípios do estado do Rio Grande do Sul e durante o inverno não provocou danos. A tendência é que se disperse durante o verão. A preocupação aumentou em razão da sua ocorrência também no estado de São Paulo. Em Jaguariúna, depois de dois meses, as árvores apresentaram-se inteiramente desfolhadas. Uma vistoria confirmou a presença do inseto também em Campinas, SP, na região do Aeroporto Internacional de Viracopos e no entorno de São Paulo, principalmente na região de Barueri e em outros municípios do estado - Itú, Sorocaba, Piracicaba, Santa Bárbara do Oeste, Limeira, Anhembi, Botucatu e Avaré.
“Como a disseminação do inseto parece seguir o traçado das rodovias, a tendência é que se espalhe pelo oeste paulista, além de poder atingir os estados do Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul”, acredita Sá.
Também em 2009 foi localizado adultos da praga em árvores de eucalipto na Rodovia BR 277, já no perímetro urbano de Curitiba, PR pelo pesquisador Leonardo Barbosa da Embrapa Florestas.
Já foram realizadas vistorias em alguns municípios mineiros sem que o inseto fosse encontrado até o momento.
Cristina Tordin
Embrapa Meio Ambiente
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