Iniciada a implantação de UDs de arroz de terras altas em MG

Iniciativa da Epamig visa testar a produtividade e adaptabilidade de cultivares nas regiões Sul de Minas, Vale do Jequitinhonha e Campo das Vertentes

20.10.2023 | 13:54 (UTC -3)
Pedro F. Veras
Foto: Janine Guedes/Epamig
Foto: Janine Guedes/Epamig

A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) deu início, nesta semana, à implantação de 38 Unidades Demonstrativas (UDs) de cultivares comerciais e linhagens de arroz de terras altas em propriedades rurais localizadas em 15 municípios do estado. O objetivo das ações é fomentar o cultivo do arroz de terras altas em MG e, assim, gerar novas alternativas de renda para produtores rurais mineiros.

O trabalho é realizado em conjunto com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e com o Programa “Melhor Arroz” da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Pesquisadores e estudantes acompanharão a produtividade, adaptabilidade, desenvolvimento e rentabilidade dos materiais em cidades espalhadas pelo Sul de Minas, Vale do Jequitinhonha e Campo das Vertentes.

No total, dez cultivares comerciais de arroz de terras altas serão avaliadas em 30 propriedades rurais no estado. Em outras oito propriedades, localizadas nas mesmas regiões, serão implantadas UDs para testes de 18 linhagens do Programa de Melhoramento Genético de Arroz de Terras Altas, que poderão, futuramente, ser lançadas no mercado como cultivares. Nessas unidades, serão avaliados também a altura, floração, acamamento e possíveis doenças.

O acompanhamento será realizado entre outubro deste ano e fevereiro de 2024, quando ocorrerá a colheita de amostras a serem levadas para avaliações na UFLA. “Vamos acompanhar, junto aos produtores e à Emater-MG, quais materiais se adaptaram melhor às condições de clima e solo, e também quais tiveram melhores respostas às tecnologias disponíveis em cada propriedade. No fim, o produtor saberá qual cultivar terá o melhor custo benefício para ele”, detalha Janine Guedes, pesquisadora da EPAMIG, e uma das coordenadoras das pesquisas.

Melhoramento Genético Participativo

Janine Guedes destaca que, nas UDs onde serão avaliadas as linhagens do Programa de Melhoramento, as equipes de pesquisadores, extensionistas e estudantes utilizarão o método de Melhoramento Genético Participativo (MGP), que consiste em plantar os materiais utilizando apenas as tecnologias disponíveis nas propriedades.

“Se o produtor tem uma matraca para plantar, nós vamos usar a matraca. Se o produtor tem uma semeadora, vamos usar a semeadora. Se é tudo na mão, nós vamos fazer tudo na mão também. Assim conseguimos simular o plantio nas mesmas condições do produtor, sem nenhuma intervenção de fatores externos”, salienta, que participou da implantação da primeira Unidade Demonstrativa, nesta terça-feira (17), no município de Bom Jesus da Penha (MG).

As Unidades Demonstrativas integram dois projetos de pesquisa financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig): “Desenvolvimento de novas cultivares e tecnologias inovadoras para a produção sustentável de grãos em Minas Gerais”, coordenado pela pesquisadora da EPAMIG, Aurinelza Condé; e “Desenvolvimento e recomendação de cultivares de arroz de terras altas para o estado de Minas Gerais”, coordenado por Janine Guedes.

Resgate da cultura pode alavancar mercado do arroz em MG

Segundo a pesquisadora, o interesse de produtores mineiros no cultivo do arroz de terras altas cresceu consideravelmente nos últimos dois anos, devido à alta dos preços do produto nos mercados e à busca pelo alimento por parte das prefeituras, para abastecer o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

“Minas Gerais já foi o 3º maior estado produtor de arroz do Brasil e, hoje, ocupa a 18ª posição. Perdemos muitas áreas de arroz no estado, que foram substituídas pelo cultivo da soja. Além disso, atualmente, a legislação está cada vez mais rigorosa para se abrir uma área de arroz inundado, devido à emissão de gases de efeito estufa”, explica Janine.

Para ela, o resgate da cultura representa importante passo para a retomada de áreas de cultivo de arroz no estado e pode trazer benefícios para o solo e para a renda de propriedades rurais. “O arroz de terras altas se apresenta como uma ótima opção de renda para pequenos, médios e grandes produtores, pois além de ser um cultivo mais sustentável do que o sistema inundado, ele ainda ajuda a preservar o solo, porque deixa uma palhada muito boa e com alto índice de nitrogênio (N), o que é positivo para sistemas de produção”, conclui.

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