Ingrediente essencial do prato do brasileiro, a batata enfrenta desafios no campo

Para produzir mais é necessário proteger a produção, controlando os seus inimigos naturais

23.02.2021 | 20:59 (UTC -3)
Rafael Iglesias

Frita, assada, cozida, sozinha ou acompanhada, natural ou industrializada: a versatilidade torna a batata um dos alimentos preferidos do brasileiro. Aliás, não apenas dos brasileiros pois é um dos alimentos mais consumidos no mundo. Anualmente, o Brasil produz 3,7 milhões de toneladas, quantidade suficiente para atender à demanda de uma população apaixonada por batatas, que consome 16,6 quilos per capita ao ano. Mas essa deliciosa hortaliça está constantemente ameaçada por ataques de pragas e doenças, o que pode reduzir sensivelmente a produção e a qualidade.

"A batata é a hortaliça mais importante do Brasil. Porém, suas características de cultivo e desenvolvimento representam desafio constante para os agricultores. Sem cuidados especiais, pode-se perder até 100% da produção. Os inimigos são vários e devastadores como doenças, insetos e plantas daninhas", explica Julio Borges, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).

O desafio dos agricultores é grande. Afinal, a redução da oferta de batata causaria não apenas redução dos lucros do campo, mas especialmente aumento expressivo nos preços ao consumidor, tanto da hortaliça in natura quanto industrializada. Como a cadeia de consumo da batata é imensa, a quebra da produção resultaria até mesmo na elevação do preço dos combos de hamburguerias, cujo protagonista tem sempre a batata como principal (e essencial) acompanhamento.

"Alguns inimigos em especial tiram o sono dos batateiros. A requeima, a pinta-preta e a canela-preta são doenças altamente danosas causadas por fungos. Já, a larva-alfinete, ou sua fase adulta conhecida como vaquinha, a traça da batata e a mosca branca são insetos que também prejudicam a produtividade, assim como diversas plantas daninhas, a exemplo do caruru, da corda-de-viola e de algumas espécies de capim. Há, porém, um grande empenho e esforço da indústria de proteção de cultivos e dos agricultores nessa batalha, em benefício da segurança alimentar do nosso país", reforça Julio.

Cerca de 60% do consumo per capita é de batata fresca e 14% de pré-frita nacional, de acordo com a Associação Brasileira da Batata (ABBA). "Hoje, 18% do consumo individual são de batatas pré-fritas importadas. O Brasil tem condições para substituir o produto internacional, mais caro, pelo local, que ajuda a melhorar a economia nacional, gera mais empregos e renda e resulta em preços mais acessíveis à população. Só que para isso é necessário produzir mais", diz o presidente do Sindiveg.

Para produzir mais, entretanto, é necessário proteger a produção, controlando os seus inimigos naturais. "A ciência oferece o que há de mais avançado em defensivos agrícolas eficientes contra pragas, doenças e plantas daninhas. Usadas de forma correta e segura, essas tecnologias protegem a batata mantendo sua qualidade e segurança", complementa Eliane Kay, diretora executiva do Sindiveg.

Eliane explica que, antes de ser lançadas, essas soluções são testadas cientificamente e submetidas a um longo e rigoroso processo de avaliação, que demora vários anos até a autorização de uso e passa por três ministérios: Agricultura, Saúde e Meio Ambiente. "Esse cuidado extremo garante o benefício desses insumos para os agricultores, o comércio e os consumidores. Essa é a contribuição da indústria de saúde vegetal para a produção sustentável de alimentos no território brasileiro", finaliza Eliane.

Produção regional

Dez estados, além do Distrito Federal, são responsáveis pela quase totalidade da produção de batatas no país. Essa cultura movimenta R$ 5,4 bilhões, informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cerca de 83% da colheita da hortaliça está concentrada em quatro estados, liderados por Minas Gerais que produz 1,2 milhão de toneladas (32% do total). Em segundo lugar, aparecem o Paraná, com 748 mil toneladas (20%), São Paulo (18%) e Rio Grande do Sul (12%).

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