Milho safrinha: manejo de plantas daninhas beneficia culturas subsequentes
Como saber se uma propriedade rural é sustentável? Como avaliar se as atividades desenvolvidas são viáveis economicamente, promovem bem-estar social e garantem a conservação do meio ambiente?
Muitas vezes, os produtores têm impressões sobre suas práticas, mas não conseguem fazer uma análise precisa dos diversos fatores envolvidos na agropecuária.
E não são apenas os produtores que precisam entender, com clareza, o que ocorre em sua atividade. Para o governo, é de grande importância avaliar a situação de cada região produtora e, assim, poder definir estratégias e políticas públicas, a fim de fomentar o desenvolvimento.
Por isso, pesquisadores têm trabalhado na formulação dos chamados indicadores de sustentabilidade para atividades agrícolas. A partir do levantamento de literatura, discussões, testes em áreas modelos e consultas a especialistas, busca-se definir um conjunto de indicadores relativos a aspectos econômicos, sociais e ambientais. Assim, são montados formulários de questões para levantamento de dados nas propriedades rurais.
Em Minas Gerais, um projeto de pesquisa reúne, desde 2008, profissionais da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais), Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Emater-MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais), Fundação João Pinheiro e Seapa (Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento). O objetivo do trabalho é a “identificação, definição e construção de um conjunto de indicadores de sustentabilidade aplicáveis ao setor agrícola, visando subsidiar a avaliação de sistemas de produção, projetos, programas, planos e políticas para este setor”.
O pesquisador João Herbert Moreira Viana, da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), explica que está sendo avaliado um conjunto mínimo de indicadores viáveis de serem aplicados nas análises. O projeto prevê a realização de testes em três áreas rurais: na Zona da Mata, em Araponga; no Norte de Minas, próximo a Montes Claros; e no Triângulo Mineiro, em Iraí. “Foram escolhidas regiões bem diferentes. São levadas planilhas para o campo, a fim de coletar dados”, afirma.
Além do levantamento junto aos produtores em cada propriedade, os pesquisadores usam imagens aéreas, informações sobre as culturas, a topografia local, estimativas de renda e produtividade das regiões. Cada fator analisado irá gerar um número. Pela ponderação dos valores, irá se chegar a um índice para avaliar se determinada área é ou não sustentável.
João Herbert ressalta a importância da formulação dos indicadores de sustentabilidade. “A proposta é dar ao governo uma ferramenta que permita avaliar a situação atual e possa ajudar a definir estratégias para os problemas detectados. Por exemplo, pode-se decidir criar uma política de crédito para produtores, estabelecer ações para tornar uma região sustentável, recuperar áreas degradadas, fazer fomento florestal. Portanto, os indicadores servem para monitoramento e intervenção”, conclui o pesquisador.
A Embrapa deve iniciar, em breve, um programa para criação de um modelo conceitual e metodologia para análise da sustentabilidade dos sistemas agrícolas brasileiros. A proposta é focar a avaliação da sustentabilidade agrícola nas dimensões ambiental, social e econômica em diferentes escalas: regional e nacional.
Marina Torres
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)
/ (31) 3027-1223
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