Expedição Cerrado celebra 15 anos de integração no agronegócio
Grupo de Experimentação Agrícola da Esalq/USP organiza a maior e mais antiga expedição estudantil do Brasil
Resíduos de herbicidas do grupo das imidazolinonas impactam negativamente a emergência e o desenvolvimento inicial de forrageiras em áreas cultivadas com arroz no Uruguai. Essa foi a principal conclusão de um estudo realizado entre 2021 e 2023 por pesquisadores da Universidad de la República (Udelar) e do Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria (Inia).
A pesquisa avaliou amostras de solo de três regiões arrozeiras com texturas variadas e classificou os ambientes em três grupos: controle (sem uso anterior), IMI-1 (aplicação 17 meses antes) e IMI-2 (aplicação 5 meses antes). Foram analisados indicadores como emergência, altura das plantas e biomassa seca de parte aérea e radicular.
As espécies estudadas incluíram azevém anual (Lolium multiflorum), azevém perene (L. perenne), festuca (Festuca arundinacea), trevo branco (Trifolium repens), trevo vermelho (T. pratense) e cornichão (Lotus corniculatus).
A festuca foi a gramínea mais sensível. Teve redução média de 30% na emergência em solos com histórico de aplicação dos herbicidas. O azevém apresentou menor sensibilidade, com perdas próximas a 20%.
Entre as leguminosas, o trevo vermelho sofreu as maiores perdas. A emergência caiu até 35% em solos IMI-2. Já o trevo branco e o cornichão mostraram maior tolerância. Esses resultados demonstram que a sensibilidade ao efeito residual varia não apenas entre grupos funcionais, mas entre espécies específicas.
A altura das plantas apresentou redução mais acentuada nos solos IMI-2, indicando efeito residual mais forte quando o intervalo entre aplicação e semeadura é menor.
Aos 70 dias após a semeadura, a recuperação parcial da altura ocorreu nas amostras da camada mais profunda (16–30 cm), sugerindo menor concentração dos herbicidas nessa profundidade.
A biomassa seca confirmou as tendências observadas na emergência e altura. Em IMI-2, a massa de parte aérea foi até 60% menor. Azevém anual e festuca apresentaram as maiores perdas. O cornichão e o trevo branco mantiveram biomassa similar à do controle, reforçando sua maior tolerância.
A análise multivariada indicou que solos mais arenosos e com pH ácido — como os encontrados em Rio Branco e Tacuarembó — favoreceram a disponibilidade dos resíduos, aumentando o risco de fitotoxicidade. Já solos argilosos e com maior teor de matéria orgânica — como em Treinta y Tres — promoveram maior adsorção dos herbicidas, prolongando sua persistência, mas reduzindo sua imediata disponibilidade às plantas.
Essas interações revelam que o tipo de solo pode potencializar ou atenuar os efeitos dos resíduos, e devem ser considerados na escolha das espécies forrageiras.
A pesquisa destacou que a sensibilidade das espécies à presença de resíduos varia mais entre espécies do que entre grupos funcionais (gramíneas versus leguminosas). Por isso, a escolha da forrageira deve considerar a tolerância individual.
As espécies Lotus corniculatus e Trifolium repens mostraram maior tolerância nos bioensaios. Mesmo em solos com aplicação recente dos herbicidas, mantiveram bons índices de emergência, altura e biomassa. Essas leguminosas também têm potencial para acelerar a degradação dos resíduos no solo, devido à sua contribuição de nitrogênio e maior lignificação.
Outras informações em doi.org/10.3390/ijpb16030110
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura